Vitória mostra que população aprova política econômica, diz Mantega
O ministro da Fazenda Guido Mantega disse nesta segunda-feira (27) pós-eleições que o resultado do pleito mostra que a população aprova a política econômica do governo.
Mantega disse que estava rouco por causa da torcida de ontem. "Estou feliz com o resultado das eleições, isso mostra que a população está aprovando a política econômica que estamos fazendo", falou.
No entanto, o ministro afirma que ainda há grandes desafios para que a economia entre em um novo ciclo de crescimento.
"Temos grandes desafios pela frente, para podermos adentrar num novo ciclo de expansão da economia brasileira e mundial. Estamos trabalhando com cenários adversos, porque a economia mundial não melhorou como deveria", afirmou, voltando a citar a crise internacional como um dos entraves para o crescimento da economia brasileira.
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
Ministro Guido Mantega (Fazenda) durante coletiva de imprensa no gabinete do ministério nesta segunda |
Para Mantega, que não permanece na cadeira no segundo mandato da presente Dilma, as prioridades daqui para frente da equipe econômica são: um bom resultado fiscal, controle da inflação, mais empregos e um mercado interno em expansão.
QUESTÃO FISCAL
A atuação fiscal do governo é um dos alvos mais frequentes de críticas, por estar longe da meta e pelo uso frequente de expedientes contábeis pouco transparentes.
Segundo Mantega, o resultado fiscal em 2015 será "mais forte". Em 2014, "vamos nos empenhar para fazer a melhor meta fiscal possível", afirmou.
"Nós vamos continuar nos esforçando para aumentar a transparência da execução fiscal. Aliás, isso tem avançado bastante. Portanto, esse é o rumo que está estabelecido", prosseguiu.
A meta fiscal para o ano, colocada pelo próprio governo, é de um superavit primário de R$ 99 bilhões, ou seja, 1,9% do PIB. Essa poupança é usada para pagamento dos juros da dívida pública.
COMPROMISSOS
"Queria confirmar os compromissos do governo brasileiro, compromissos com os fundamentos da economia. (...) É prioritário na nossa economia fortalecer os fundamentos fiscais. Manter um bom resultado fiscal, para que a dívida pública continue sob controle. Permanece a prioridade de manter a inflação sob controle para os próximos quatro anos. Compromisso de continuar gerando emprego, e manter o mercado interno em expansão", afirmou.
O ministro disse ainda que é preciso manter estímulos ao investimento, fortalecer a indústria brasileira e estimular o mercado de capitais. Mas não deu detalhes de que medidas virão.
"Hoje, dia seguinte da eleição, não é momento de anunciar medidas. As medidas têm sido tomadas ao longo do tempo. Novas medidas devem ser tomadas, porém elas ainda não estão finalizadas."
Mantega seguiu o tom da presidente Dilma, de que é preciso diálogo e mobilização de todos para um novo ciclo de crescimento.
"Nós temos muitas coisas para fazer até o fim do ano. Uma série de estímulos já foi dada e outros estão em curso, poderão vir. Não cabe hoje mencionar esses estímulos. Temos dois meses pela frente para terminar o ano para que possamos fortalecer os fundamentos e criar condições para que todos se mobilizem no sentido de crescimento maior da economia e novo ciclo de expansão."
Mais cedo nesta segunda-feira (27), o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Caffarelli, afirmou que haverá "várias" medidas de estímulo à indústria.
O secretário não deu detalhes de que ações podem ser anunciadas e entrou apressado no prédio do ministério. "Podemos esperar que a economia vai ficar cada vez melhor", disse.
CONFLITO ELEITORAL
Mantega convocou jornalistas para um pronunciamento pós-eleições. Começou sua fala afirmando que período eleitoral é época de "conflito e confronto".
"Terminada a eleição, isso passa. Você tem o fim da paixão e a volta da racionalidade."
Sobre a queda das ações nesta segunda e a disparada do dólar, Mantega afirmou ser natural esse movimento.
"Claro que eleição provoca alguma volatilidade nos mercados, mas essa volatilidade também se deve a fatores externos. Todas as bolsas estão caindo, vocês não vão dizer que é só por causa das eleições no Brasil. Não temos essa força toda."
Às 12h52 desta segunda, as ações da Petrobras desabavam perto de 12% no primeiro dia de negócios após a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). O desempenho dos papéis da estatal comanda o pessimismo na Bolsa brasileira, que tinha baixa de 4,48% no Ibovespa, o principal termômetro dos negócios.
O índice marcava 49.614 pontos e voltava a operar abaixo de 50 mil pontos. Era a menor pontuação desde 27 de março.
Naquele horário, o dólar à vista (referência do mercado financeiro) era negociado a R$ 2,5211, com alta de 2%. É a maior cotação desde 4 de dezembro de 2008, quando a moeda americana fechou em R$ 2,536.
Ele mencionou a queda na cotação das commodities como influência maior para o comportamento das bolsas no mundo, mas que com o fim das eleições, esse cenário volátil "tende a amainar".
"A própria discussão econômica fica mais exacerbada nas eleições, com opiniões apaixonadas, distorções sobre os rumos da economia. Os pessimistas mais pessimistas, os otimistas mais otimistas. Terminada a eleição, esse cenário tende a acalmar."
NOMES
Questionado sobre possíveis nomes para sucedê-lo na missão, ele disse que não cabe a ele citar nomes, mas políticas e orientações do que é prioridade agora.
"Essa pergunta não tem que ser feita a mim, tem de ser feita à presidenta."
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