Seção da Netflix com aluguel de DVDs tem 5 milhões de clientes e gera lucro
Dmitry Kostyukov - 9.abr.2015/The New York Times | ||
Seção de DVDs da Netflix em Fremont, na Califórnia |
O dia acabava de nascer, no começo do segundo trimestre, e as operações de DVDs da Netflix em Fremont corriam normalmente, com braços metálicos montados em uma grande caixa de vidro e carrinhos contendo milhões de DVDs ocupando todo o espaço do pavilhão. Os conhecidos envelopes vermelhos da empresa rodavam em ritmo acelerado por uma linha de montagem na ponta oposta do armazém.
A máquina suga um envelope devolvido por correio à Netflix e, em seguida, o abre, identifica e limpa o DVD que o envelope continha, verifica que ele continuava funcionando e o reinsere em sua capa original. O disco então é devolvido aos carrinhos de armazenagem, ou enviado pelo correio a outro cliente que tenha solicitado o título.
Cerca de 3,4 mil discos passam pela máquina de locação de vídeo a cada hora, cinco vezes mais do que o volume que a companhia conseguia manter quando os pedidos eram atendidos manualmente. A máquina, que os engenheiros da empresa chamam de "Amazing Arm" [braço maravilhoso], simboliza a maneira pela qual a Netflix conseguiu manter operações lucrativas de locação de DVDs físicos enquanto se transformava em uma potência no mercado mundial de vídeo on-line.
A Netflix hoje conta com 65 milhões de assinantes de seu serviço de vídeo em formato stream, em mais de 50 países, e planeja se expandir em todo o mundo nos próximos 18 meses. Mas esse crescimento acelerado tem seu custo: a companhia antecipa que seus negócios de vídeo on-line consigam mal e mal sair do vermelho daqui até 2016, enquanto ela investe bilhões de dólares em conteúdo e em uma agressiva campanha de expansão.
Dmitry Kostyukov - 9.abr.2015/The New York Times | ||
Aluguel de DVDs ainda mantém lucro de milhões de dólares à Netflix |
O que ajuda a alimentar essa expansão são suas operações de locação de DVDs pelo correio, com envelopes que muitas vezes vão parar debaixo das almofadas do sofá, e vistas por muitos como um anacronismo na era do vídeo on-line de download rápido.
A Netflix tem 5,3 milhões de assinantes em seu serviço de locação física, uma queda significativa ante o pico de cerca de 20 milhões atingido em 2010. Mas a divisão continua a gerar lucros de centenas de milhões de dólares ao ano. E nos bastidores, os engenheiros continuam a tentar melhorar o atendimento ao cliente, e a enxugar o trabalhoso processo de devolução, separação, e envio de milhões de DVDs a cada semana.
A Netflix não tem uma previsão sobre a durabilidade de sua divisão de DVDs. Apesar da queda no número de assinantes, ela manteve um núcleo de clientes firmes, especialmente em zonas rurais com serviços de internet deficientes, ou entre pessoas que apreciam a amplitude de suas ofertas, e os executivos esperam manter esses clientes. Para isso —e para reter os lucros que eles propiciam— a Netflix continua a adotar tecnologias avançadas a fim de ajudar a reduzir custos e a melhorar o serviço ao consumidor.
"Se você reduzir o nível de serviço, perderá sua base de assinantes", disse Hank Breeggemann, diretor geral da divisão de DVDs da Netflix e funcionário da empresa há 13 anos. "Podem esperar que continuemos a enviar DVDs pelo correio no futuro previsível".
Em Fremont, um de seus polos de operação, a Netflix empregava cerca de 100 pessoas para cuidar das devoluções, separação e envio de CDs. Hoje restam cerca de 25 funcionários, que trabalham principalmente de noite, em geral auxiliando as máquinas. Os turnos começam por volta das 2h. Às 8h, os DVDs já saíram para entrega, e o ruído constante das máquinas começa a se aquietar.
ORIGEM E FUTURO
Os executivos de software Reed Hastings e Marc Randolph fundaram a Netflix em 1997 a fim de oferecer locação de filmes selecionados on-line e entregues pelo correio. A Netflix começou a operar um serviço de vídeo em formato stream em 2007 e planeja estar presente em todo o mundo a partir de 2017.
Nos bastidores, a companhia discretamente se dividiu em duas. O lado do vídeo on-line tem como foco atrair assinantes em todo o mundo, e a produção de séries originais como o drama político "House of Cards", enquanto a divisão de DVDs se concentra em administrar o declínio na base de assinantes postais por meio da oferta de serviços mais eficientes. Os dois grupos têm equipes de gestão separadas, sedes que ficam a 40 quilômetros de distância e incentivos diferentes para o pessoal.
"O que é interessante é que, embora o negócio esteja em lento declínio, continua a existir imensa demanda", disse Breeggemann sobre as operações de DVDs, apontando que a Netflix conta com cerca de 93 mil títulos em DVD e oferece entrega em um dia para 92% de seus assinantes.
No pico de suas operações, a empresa operava cerca de 50 centros de distribuição nos Estados Unidos. O número agora caiu a 33. A introdução de tecnologias de automação permite que ela processe mais DVDs e expanda sua área de atendimento. A Netflix também reorganizou seu cronograma de entrega para se enquadrar aos novos padrões adotados pelo correio dos Estados Unidos.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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