Prefeitura de Floripa recua e libera venda de todas as marcas de cerveja
Felipe Carneiro/Ag. RBS/Folhapress | ||
Tenda em Florianópolis; prefeitura desistiu que só cervejas Schin sejam vendidas nas praias da cidade |
Após obrigar o comércio de praia a vender exclusivamente cervejas da Brasil Kirin, dona da Schin, a Prefeitura de Florianópolis recuou e decidiu quebrar o contrato de exclusividade com a empresa e, assim, permitir a venda de outras marcas.
A venda exclusiva nesta temporada vinha desagradando veranistas e causando repercussão nas redes sociais. "O turista fica sitiado. Fica sem opção de compra", disse o turista Roni Ribeiro, 34, de Sapiranga (RS), na segunda-feira (28). O Procon na cidade considerou que a medida "tirava o direito de escolha dos consumidores".
Em comunicado enviado à imprensa nesta terça-feira (29), a prefeitura informou que os comerciantes deverão continuar vendendo produtos da Brasil Kirin, como a Schin e a Devassa, mas estão liberados a oferecer outras marcas.
"Por determinação do prefeito Cesar Souza Junior (PSD), os comerciantes credenciados para a venda de bebidas nas praias de Florianópolis poderão oferecer ao público qualquer produto, mantendo os da empresa que venceu a licitação, garantindo, assim, a livre concorrência", diz o texto.
Em sua página numa rede social, o prefeito afirmou: "A iniciativa da Sesp [Secretaria de Serviços Públicos] foi bem intencionada, marcas anteriores exploravam o serviço sem qualquer contrapartida. No entanto, tem que valer mais forte a vontade da população, e as redes sociais são um instrumento poderoso para ouvi-la".
A assessoria de imprensa da prefeitura informou que a administração municipal marcará um encontro com a direção da empresa de bebidas para rediscutir o contrato de patrocínio da temporada.
Como mostrou a Folha nesta segunda-feira (28), a Brasil Kirin pagou R$ 400 mil à prefeitura para ter exclusividade na venda de cerveja, água, energético e refrigerantes nas praias da cidade até 15 de março de 2016.
A venda exclusiva se daria nas 172 tendas de lona montadas nas praias e entre os ambulantes que circulam pelo orla com caixa de isopor —não valeria para bares e restaurantes da orla.
Em troca, a empresa de bebidas também poderia explorar a publicidade nas tendas, nas caixas de isopor e nos uniformes dos vendedores.
De acordo com o secretário de Serviços Públicos de Florianópolis, Eduardo Garcia, a parceria com a Brasil Kirin "ajuda a custear" as despesas do município com a temporada e não fere o direito de escolha do consumidor porque todas as marcas da empresa estavam à venda, não só a Schin.
Garcia demonstrou surpresa com a repercussão negativa da medida. Pela assessoria, ele informou que a escolha da Brasil Kirin se deu por licitação, e que a patrocínio da temporada ocorre em outras capitais do país.
"Isto acontece em muitos outros pontos turísticos do país. Nós temos um produto que é a temporada de verão, e uma empresa interessada em colar a sua marca nisso", destacou.
Segundo Garcia, os ambulantes sabiam, pelo edital que os credenciou ao trabalho na temporada, que haveria patrocínio e venda exclusiva de produtos.
O edital diz que o comerciante "deverá vender exclusivamente produtos determinados pela patrocinadora". O texto deixa claro que, se vender outras marcas, o comerciante poderá até perder a licença de trabalho.
O acordo entre a prefeitura e a Brasil Kirin não previa tabelamento de preços. Em média, a lata da cerveja Schin, a mais popular, vem sendo vendida a R$ 4,00. A Eisenbahn chega a custar R$ 8,00 em destinos mais sofisticados, como Jurerê Internacional.
A Brasil Kirin informou, via assessoria de imprensa, que vai se manifestar sobre o caso ao longo do dia, o que não foi feito até as 17h20 desta terça.
REPERCUSSÃO
Após a publicação da reportagem na Folha nesta segunda-feira (28), vários moradores questionaram a decisão na página oficial da prefeitura. "Salvo engano isso não é capitalismo. Está mais para quem defende os 'frascos e comprimidos'. É isso mesmo?", ironizou Cícero Silva.
Já Leandro Goulart Bernardo questionou qual o benefício a exclusividade iria trazer aos moradores da cidade. Em todas as críticas, a prefeitura respondia que a licitação para o fornecimento dos produtos, vencida pela Brasil Kirin, atendeu a todos os parâmetros estabelecidos em lei.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 17/05/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | -0,10% | 128.151 | (17h38) |
Dolar Com. | -0,54% | R$ 5,1019 | (17h00) |
Euro | -0,26% | R$ 5,5613 | (17h31) |