Governo estuda liberar FGTS como garantia de empréstimo consignado
Alan Marques/Folhapress | ||
Ministro da Fazenda, Nelson Barbosa concede entrevista coletiva no Palácio do Planalto |
O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que o governo estuda a possibilidade de permitir que uma parcela da multa rescisória do FGTS possa ser usada como garantia em empréstimos consignados de trabalhadores da iniciativa privada.
A sugestão foi feita pelas próprias instituições financeiras em 2015, enquanto Barbosa ainda estava no Planejamento, disse o ministro nesta sexta (22) ao encerrar sua participação no Fórum de Davos.
"Ainda não há nenhuma decisão. Não sabemos que parcela da multa poderá ser usada, nem qual o potencial da medida para reduzir o juro, porque a demanda por crédito está pequena, não é um problema de oferta", frisou.
Ressaltou também que precisa avaliar o impacto sobre o FGTS. A ideia surgiu porque empréstimos consignados para servidores subiram enquanto caiu o crédito para trabalhadores do setor privado, com a alta do desemprego.
Com a iniciativa, pessoas demitidas, mesmo que ainda não tenham um consignado, poderão usar parte da multa para usufruir dessa modalidade de financiamento.
O ministério estuda usar só parte da multa para evitar que o trabalhador fique sem recursos até achar outro emprego.
Se aprovada, a medida poderá entrar em vigor ainda neste primeiro semestre.
Em Davos, executivos do mercado financeiro ouvidos pela Folha disseram que o país não deveria adotar medidas que levem ao endividamento. "Comprometer o FGTS pode prejudicar o trabalhador que usará essa parcela do dinheiro para pagar dívida e ficar com menos recursos para se proteger", disse um deles.
COBRANÇAS
"Como vamos fazer para aprovar reformas mesmo com os problemas políticos do Brasil é uma pergunta recorrente", contou Barbosa.
Em almoço fora do congresso, foi a vez de um executivo de um fundo de risco americano questionar o ministro. Ouviu que "é legítimo acreditar que as pessoas no Brasil vão responder a isso".
Comparações de estrangeiros com a Argentina, cujo presidente, Mauricio Macri, tem atraído a atenção no Fórum, também foram frequentes.
Questionado sobre a razão pela qual o Brasil não faz o que os argentinos estão fazendo no novo governo, Barbosa respondeu: "Já fizemos há 15 anos: câmbio flutuante, meta de inflação, tirar subsídios..."
Ao comentário da Folha de que a independência do banco central argentino também vai entrar na lista, o ministro disse que o BC brasileiro "já tem autonomia operacional, então é um ponto que pode ser discutido depois".
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