PIB do Brasil cai 0,8% no 3º tri e economia tem 7 trimestres de queda
A economia brasileira seguiu encolhendo no início do segundo semestre deste ano, reforçando a expectativa de que a recuperação da atividade, quando ocorrer, será mais lenta do que se esperava.
O IBGE informou nesta quarta (30) que o PIB contraiu 0,8% no terceiro trimestre (entre julho e setembro), ante os três meses imediatamente anteriores.
RECESSÃO BRASILEIRA |
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Economia cai pelo 7º trimestre seguido |
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Investimentos e indústria têm 'voo de galinha' |
PIB do Brasil destoa da economia global |
Taxa de investimento é a menor em 13 anos |
Entenda o que é o PIB |
No acumulado em quatro trimestres, a economia encolheu 4,4%. Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, a queda foi de 2,9%.
Há sete trimestres seguidos (um ano e nove meses) a economia brasileira retrai continuamente, numa das mais longas recessões da história do país.
É a mais longa sequência de quedas de acordo com a atual série histórica das Contas Nacionais, do IBGE, iniciada no primeiro trimestre de 1996.
PIB - Trimestre X trimestre imediatamente anterior, em %
O resultado negativo já era esperado por economistas e analistas do mercado financeiro, que vinham chamando atenção para resultados negativos mês após mês, sobretudo na produção da indústria, nas vendas do comércio e na concessão de crédito bancário.
A aposta central entre 48 estimativas coletadas pela Bloomberg para o PIB do 3º trimestre era de uma queda de 0,9%. Em relação ao mesmo período de 2015, o recuo esperado era de 3,2%.
Segundo o Comitê de Datação de Ciclos da Fundação Getulio Vargas, a recessão é ainda mais longa e começou no segundo trimestre de 2014. A FGV, diferentemente do IBGE, leva em consideração outros elementos, como condições do mercado de trabalho, para fixar os ciclos econômicos.
Nos dados do PIB, o IBGE verificou que o consumo das famílias recuou 0,6%, o que condiz com o desemprego em alta e a queda na renda.
O consumo tem impactos sobre o setor de serviços —que inclui desde comércio e atividade financeira a escolas privadas—, que encolheu 0,6%. Serviços respondem por 72% do PIB.
Não à toa, ambos também retraem há sete trimestres consecutivos, algo igualmente inédito na série histórica do IBGE.
Pelo lado da produção, a indústria reverteu a ligeira melhora observada no trimestre anterior e voltou ao terreno negativo. Em relação ao segundo trimestre deste ano, a queda foi de 1,3%.
O resultado da indústria foi influenciado pela indústria de transformação e pela construção civil, que declinaram 2,1% e 1,7% no trimestre (ante o segundo). Em ambos os casos, a retração no trimestre foi a pior registrada neste ano.
A agropecuária caiu 1,4%. É o setor que vinha resistindo à crise, embora tenha pouco impacto no resultado final, pois contribui com cerca de 5% do produto brasileiro.
O setor público ficou negativo no terceiro trimestre. Ante os três meses encerrados em junho, a queda foi de 0,3%.
INVESTIMENTOS FRUSTRADOS
O terceiro trimestre foi marcado pela alta da confiança de empresários e investidores com a mudança da política econômica. Embora ainda abaixo da média, a confiança passou a subir rapidamente e encorajou expectativas de que os investimentos e o consumo voltariam.
O resultado dos investimentos no segundo trimestre ajudou a alimentar as expectativas mais otimistas. Após trimestres seguidos no vermelho, os investimentos voltaram ao campo positivo. No terceiro trimestre, porém, o número voltou a cair 3,1%.
A razão da melhora da confiança eram as perspectivas de que o governo Michel Temer (ainda interino) conseguiria reverter os efeitos da crise política e econômica e conduziria reformas que controlariam a evolução insustentável dos gastos do governo.
Pouco após ser confirmado no cargo, em agosto, Temer conseguiu fazer avançar na Câmara e no Senado a PEC do Teto de Gastos, o que reforçou a confiança.
Mas a crise política não cedeu, com o afastamento de ministros e a revelação de investigações envolvendo políticos. Isso passou a suscitar dúvidas sobre a capacidade do atual governo em aprovar as reformas, principalmente a da Previdência.
Frustrando a confiança, a atividade econômica também não apareceu, emperrada pelo desemprego elevado, cenário externo incerto e endividamento de empresas e famílias.
Com isso, a confiança voltou a declinar, já em novembro, em razão da frustração com a debilidade na retomada da economia.
Antes mesmo da divulgação oficial, nesta quarta, economistas já tinham revisado para baixo o crescimento da economia neste e no próximo ano. O próprio governo cortou sua projeção de expansão em 2017 de 1,6% para 1%.
Em meados de setembro, a retração esperada para este ano era de 3,1%. Agora, segundo a pesquisa semanal Focus, do BC, piorou para uma queda de 3,4%.
REVISÃO
Na divulgação do PIB do terceiro trimestre, o IBGE informou que reviu os dados de 2015 e 2016.
No segundo trimestre, o PIB retraiu menos: -0,4% ante -0,6% da medição divulgada anteriormente. O primeiro trimestre teve uma queda mais acentuada, em vez de -0,4%, o PIB caiu -0,5%.
O IBGE também revisou os números de 2015. No primeiro trimestre do ano passado, a queda foi de 0,9%, e não de 1,2%, No terceiro e quarto trimestres, a retração do PIB foi revisada de -1,5% para -1,6% e o quarto trimestre, de -1,3% para -1,1%.
Apesar da revisão dos números de 2015, a retração verificada no ano não mudou e foi de -3,8%.
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Entenda o que é o PIB
O PIB, Produto Interno Bruto, é um dos principais indicadores de uma economia. Ele revela o valor adicionado à economia em um determinado período.
O PIB pode ser calculado pela ótica da oferta e pela ótica da demanda. Os métodos devem apresentar o mesmo resultado.
Desde o último trimestre de 2014, o IBGE passou a aplicar diretrizes da ONU que alteraram parcialmente os cálculos para o PIB. Investimentos em pesquisa e desenvolvimento, prospecção e avaliação de recursos minerais (mesmo que não sejam encontradas, por exemplo, jazidas de minério ou petróleo) e aquisição de softwares passaram a ser contabilizados no PIB.
Antes, eram encarados como despesas intermediárias e descontadas do cálculo. Pela nova metodologia, os gastos governamentais com a compra de equipamentos militares também passam a ser considerados como investimento, por exemplo.
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