Cautelosos, 39% dos consumidores dizem que vão gastar menos na Páscoa
Lucas Lacaz Ruiz/Folhapress | ||
Movimentação de consumidores em shopping de São José dos Campos, no interior de SP |
Mais cautelosos na hora de gastar, consumidores devem trocar ovos de Páscoa por bombons e barras de chocolate, dar presentes sem personagens famosos na embalagem para as crianças e preferir itens menores neste ano.
Quatro em cada dez (39%) dizem que devem gastar menos na Páscoa deste ano do que em 2016, de acordo com pesquisa feita pelo SPC Brasil e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes lojistas) com 1.034 consumidores de todo o Brasil.
O aumento dos preços dos produtos típicos da Páscoa foi o motivo mais citado para reduzir gastos, indicado por 42% dos que querem economizar e à frente do desemprego, com 21% de menções.
Não irão comprar presentes 15% dos consumidores. Desse grupo, 22% justificam a decisão por estarem endividados e 17% não comprarão em razão do desemprego.
Outros 18% afirmam não ter o costume de presentear na Páscoa.
MENOS OVOS
Apesar da cautela, supermercados esperam uma leve melhora no desempenho do setor neste ano.
A Apas (Associação Paulista de Supermercados) prevê uma alta de 2% nas vendas do período, já descontada a inflação. No ano anterior, o avanço havia sido de 1%.
Rodrigo Mariano, gerente de economia e pesquisa da associação, atribui a melhor perspectiva de crescimento à desaceleração da inflação, o que possibilitou ganho de renda para os consumidores.
Porém, como reflexo da economia pouco aquecida, o crescimento deve ser maior entre chocolates em barra e bombons do que em ovos de Páscoa, que devem se manter estáveis ou vender menos neste ano, diz.
A alternativa para manter os ovos competitivos nesse cenário foi investir em maior variedade itens pequeno, com peso entre 100 g e 300 g, diz Mariano.
Outra estratégia do varejo é oferecer parcelamento das compras de Páscoa em até dez vezes sem juros.
A cautela do consumidor afeta também as vendas do bacalhau, tradicional prato da Semana Santa.
No Mercado Municipal de São Paulo, a redução chega a 80%. Supermercados apostam em peixes mais baratos.
INDÚSTRIA
A indústria espera um resultado da Páscoa similar ou levemente melhor do que o de 2016, diz Ubiracy Fonseca, presidente da Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados).
Empresas também apostaram menos em licenciamento de produtos com marcas de personagens de desenhos e filmes.
"É possível ter um brinquedo atraente sem precisar ter um custo com royalties altos. Com isso, é possível diminuir o preço em R$ 4, R$ 5 por unidade", afirma.
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