De cada 10 start-ups brasileiras, 6 são histórias de fracasso
Zanone Fraissat/Folhapress | ||
Daniel Velazco-Bedoya, diretor geral da Cabify no Brasil (à esq.) e Rogerio Guimaraes (à dir.) |
O sonho rotineiro de uma empresa de tecnologia novata é obter dinheiro de investidores e, em pouco tempo, virar um caso de sucesso. Porém, para a maioria das start-ups brasileiras, a realidade mais comum é o fracasso.
Levantamento da Folha com as três principais aceleradoras de start-ups do país nos anos de 2012 e 2013 (ACE, 21212 e Wayra, especializadas em investir e ajudar negócios iniciantes) mostra que, passado esse período, a maior parte das companhias selecionadas para receber investimentos não obteve sucesso.
Das 60 apoiadas, 61,5% delas (37) fecharam ou investidores abriram mão de suas participações por não verem chance de retorno.
MORTE E VIDA DE START-UPS - Maioria das empresas apoiadas morre em até 5 anos
Entre as empresas de modo geral, a taxa de mortalidade é de 33% em dois anos, segundo índice do Sebrae —a instituição não possui avaliações para períodos de tempo maiores.
Um índice de fracasso nesse nível é normal para o mercado das start-ups de tecnologia, de acordo com Gilberto Sarfati, professor da Escola de Administração da FGV de São Paulo.
Um dos motivos para isso é o fato de essas empresas estarem envolvidas em um cenário de alto risco e incerteza. Isso porque, em geral, os modelos de negócios propostos pelas start-ups ainda não existem e é muito comum que eles simplesmente não sejam tão bem recebidos pelo mercado como se espera.
Por isso, investidores apostam em dezenas de empresas, sabendo que a maioria vai fechar e as que tiverem sucesso irão compensar o dinheiro que foi perdido.
Para tentar diminuir as chances de erro, investidores experientes só colocam dinheiro em uma start-up após a avaliação de centenas de projetos e currículos de empreendedores.
"A mortalidade nunca nos preocupou. A preocupação nossa está em encontrar aqueles que conseguem crescer acima da média de forma constante", diz Pedro Waengertner, sócio da ACE.
"Se a gente investe em dez empresas em um ano, sabemos que, em cada uma dessas turmas, teremos uma campeã, outras terão um resultado razoável e outras não darão certo", afirma Renato Valente, diretor da Wayra (da Telefónica).
Do levantamento realizado pela Folha, apenas 7 das 60 empresas foram vendidas, 3 delas para grandes empresas —principal objetivo de quem investe nessas companhias iniciantes.
BRIGAS
Na hora de explicar os motivos que levam ao fechamento das start-ups, os responsáveis pelas aceleradoras foram unânimes: o principal culpado é o desentendimento entre os sócios.
Rafael Duton, sócio da 21212, afirma que em sua aceleradora essa foi a causa de 60% dos fechamentos de start-ups.
"A maioria das empresas não morre, elas se suicidam. Não dá para culpar os empreendedores por isso, a atividade deles é muito intensa."
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