'Governo tem que falar a verdade, não mistificar', diz Jucá sobre reforma
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
O senador Romero Jucá anuncia adiamento da Reforma da Previdência |
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou à Folha que o governo tem de dizer a "verdade" em relação aos votos para aprovar a reforma da Previdência.
"Eu acho que o governo tem que falar a verdade, não adianta o governo mistificar", disse.
"A Câmara pode discutir a reforma no plenário, mas número para votar só quando tiver os 308 votos (placar mínimo necessário), e esse sinal, essa fumaça branca, não foi dada ainda pelos líderes do governo na Câmara", afirmou o senador.
"O governo tentou fazer um esforço, cresceu o número de votos, não tem ainda os 308 votos. Se não tem, o governo tem que dizer que não tem e está tentando conseguir", afirmou.
Na tarde desta quarta (13), Jucá anunciou, em nota, que um "acordo" foi fechado pelos presidentes da Câmara e do Senado, em conjunto com o governo, para adiar a votação da mudança da aposentadoria para fevereiro.
A declaração deflagrou um bate-cabeça no Palácio do Planalto e no Congresso, causando mal-estar no governo, disposto a manter o discurso otimista para conseguir os votos dos deputados.
Em nota oficial, o Palácio do Planalto disse que a data da votação será definida nesta quinta (14) pelos presidentes Temer, Eunício Oliveira (Senado) e Rodrigo Maia (Câmara).
O Planalto afirmou ainda que está mantida para esta quinta a leitura do relatório da reforma e o início de sua discussão no plenário da Câmara.
O presidente da Câmara tentou minimizar o anúncio feito por Jucá. "Não combinei nada", disse Maia, na quarta, após a polêmica causada pelo líder do governo.
"Não fiz reunião com o Michel, não fiz reunião com ninguém", afirmou Eunício.
Segundo a Folha apurou, Jucá avançou o sinal e atropelou possível anúncio de adiamento que seria feito nesta quinta por Temer, Maia e Eunício. O assunto já havia sido discutido por eles em um jantar organizado pelo presidente do Senado na noite de terça (12).
A declaração de Jucá de que a reforma ficará só para fevereiro de 2018 piorou o humor do mercado. A Bolsa caiu 1,22% e o dólar comercial fechou em baixa de 0,36%, para R$ 3,317. O dólar estava em queda, mas apresentou um pico de alta no fim do dia. Mesmo em baixa, a moeda ficou acima da mínima do dia, de R$ 3,2878.
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