Suzano ganha R$ 5,6 bilhões em valor de mercado após fusão com Fibria

Avaliação é que gigante formada vai aumentar poder de barganha no preço da celulose

Funcionários da Suzano Papel e Celulose em meio a bobinas de papel da linha de acabamento
Funcionários da Suzano Papel e Celulose em meio a bobinas de papel da linha de acabamento - Jefferson Coppola /Folhapress
Danielle Brant Taís Hirata
São Paulo

As ações da Suzano Papel e Celulose dispararam quase 22% na Bolsa brasileira nesta sexta-feira (16) e a empresa ganhou R$ 5,6 bilhões em valor de mercado nesta sessão após anunciar fusão com a rival Fibria —que não teve o mesmo comportamento e perdeu R$ 4 bilhões de valor de mercado com a notícia. O dólar recuou para R$ 3,279.

O Ibovespa, das ações mais negociadas, fechou praticamente estável, com leve queda de 0,05%, a 84.886 pontos. Na semana, teve queda de 1,72%. O volume financeiro negociado foi de R$ 17,6 bilhões, contra média diária de R$ 10,7 bilhões em março.

O dólar comercial recuou 0,36%, para R$ 3,279 —na semana, subiu 0,83%. O dólar à vista caiu 0,28%, para R$ 3,284. A valorização semanal ficou em 0,92%.

A notícia do dia foi a confirmação da fusão entre Suzano e Fibria, em operação que gerou uma gigante de celulose com valor de mercado de R$ 83 bilhões e dona de cerca de 16% do mercado global da commodity.

Na Bolsa, as ações das duas companhias tiveram desempenhos distintos. Enquanto a Suzano disparou 21,79% e a empresa ganhou R$ 5,64 bilhões em valor de mercado em um único dia, a Fibria despencou 10,22% e perdeu R$ 4,05 bilhões em valor na sessão.

A avaliação de analistas é que a Suzano fez um ótimo negócio. A empresa disputava a Fibria com a holandesa Paper Excellence, que havia feito uma proposta levemente superior, de R$ 67 por ação da Fibria

Pelos termos da oferta da Suzano, cada acionista receberá R$ 52,50 —com reajuste pelo CDI [taxa de juros média entre instituições financeiras] até a data do pagamento— mais 0,4611 ação ordinária da Suzano em troca de cada papel da Fibria. Isso equivaleria a pagar cerca de R$ 63,3 por cada papel da Fibria, calculou a corretora Coinvalores em relatório.

Na quinta-feira, os papéis da Fibria fecharam cotados a R$ 71,56, então parte da queda desta sexta foi um ajuste em direção ao preço da oferta da Suzano.

"Foi um baita negócio para a Suzano, e o mercado ajustou. Cria uma empresa extremamente vencedora no longo prazo, com sinergias de até R$ 10 bilhões, um valor significativo", afirma Rafael Passos, analista da Guide Investimentos. 

Para ele, a nova empresa terá forte poder de barganha nos preços da celulose. "Olhando demanda, é uma influência que pode beneficiar negociações futuras. Só agrega valor ao mercado."

Phillip Soares, ​analista da Ativa Investimentos, também vê a nova empresa com poder de influenciar os preços da celulose no mercado. 

"Vai ser uma empresa bem competitiva a nível internacional. A Suzano estava sendo ameaçada de perder espaço nos últimos, mas a ameaça virou ao contrário e agora é a Suzano que ameaça os outros", diz. "O ambiente passou de deteriorada para vantajoso."

Soares avalia que a queda das ações da Fibria pode ter a ver com a falta de uma "guerra de lances" pela empresa.

Para o presidente da Suzano, Walter Schalka, a queda dos papéis não preocupa. "Nós não analisamos [a Fibria] com base no preço do dia a dia, analisamos segundo nossas projeções. Talvez [em relação ao preço das ações da Fibria], o mercado vinha especulando preços superiores, mas não vou especular se preço está barato ou caro, não é meu papel", afirmou em conferência a jornalistas.

"Só acho que em uma análise teria que se analisar o caixa, as ações da Suzano e a partir das sinergias que vão estar refletida nas ações da Suzano", complementou.

AÇÕES

Outro destaque negativo do pregão ficou com os papéis da Qualicorp, que caíram 11,68%. A queda ocorreu após a empresa divulgar seu resultado do quarto trimestre do ano passado, que mostrou alta de 15,3% no lucro, mas queda de 1,4% na receita na comparação com o mesmo período de 2016.

"No segundo semestre, a empresa anunciou uma mudança na forma de pagamento dos planos para reter beneficiários, mas acabou tendo uma queda muito grande na base de clientes da empresa, enquanto o pessoal esperava o contrário", diz Felipe Silveira, analista da corretora Coinvalores

"O reajuste dos planos para este ano foi de 22%, são anos seguidos de reajuste de dois dígitos. Aí os investidores se perguntam se a empresa vai conseguir reter os beneficiários e qual o efeito disso na receita. A incerteza penaliza os papéis." 

A Estácio Participações viu suas ações dispararem 8,98%. A empresa teve prejuízo de R$ 12,8 milhões no quarto trimestre em decorrência de um processo de reestruturação pelo qual passa. Mas descontando efeitos não recorrentes, teria lucrado R$ 180,2 milhões no período. 

A Kroton recuou 2,55%. A companhia lucrou R$ 488,6 milhões no quarto trimestre. 

Das 64 ações do Ibovespa, 32 subiram, 31 caíram e uma fechou estável.

Os papéis da Petrobras, depois de caírem após a empresa registrar prejuízo pelo quarto ano, fecharam em alta. As ações mais negociadas subiram 0,56%, para R$ 21,43. Os papéis com direito a voto avançaram 1,08%, para R$ 23,37. Os preços do petróleo subiram nesta sessão.

A mineradora Vale caiu 0,24%, para R$ 42,30.

No setor financeiro, o Itaú Unibanco recuou 0,41%. As ações preferenciais do Bradesco subiram 0,26%, enquanto as ordinárias avançaram 0,47%. O Banco do Brasil teve leve alta de 0,02%. As units conjunto de ações do Santander Brasil subiram 1,48%.

Os papéis da BRF caíram 1,07% após o governo suspender temporariamente as exportações de carne de aves da empresa para a Europa. A JBS recuou 1,84%, a Marfrig e a Minerva fora do Ibovespa ficaram estáveis.

CÂMBIO

O dólar se fortaleceu ante 25 das 31 principais moedas do mundo. 

O Banco Central vendeu a oferta de 14 mil contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro), para rolagem dos contratos que vencem em abril. Dessa forma, já rolou US$ 3,5 bilhões dos US$ 9,029 bilhões que vencem no próximo mês.

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) teve alta de 0,78%, para 147 pontos. 

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram desempenho misto. O DI para abril deste ano subiu de 6,528% para 6,530%. O DI para janeiro de 2019 caiu de 6,490% para 6,475%.

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