Descrição de chapéu Governo Trump

Tarifas ao aço nos EUA elevam riscos para comércio, diz Fitch

O efeito direto no setor de siderurgia, contudo, é limitado

Trabalhador chinês em siderúrgica em Zouping, na China - AFP
Washington | Reuters

A agência de classificação de risco Fitch informou que os planos do governo dos Estados Unidos de impor tarifas para importação de aço e alumínio do país podem aumentar os riscos ao comércio global, mas o efeito direto no setor é limitado.

Segundo a Fitch, a imposição de tarifas tem o potencial de elevar os riscos ao crescimento global caso resulte em medidas de retaliação que levem a ruptura comercial e preços mais altos de bens de consumo.

"O efeito direto das tarifas sobre exportadores de aço para os EUA provavelmente seria limitado uma vez que uma demanda regional saudável e cortes na capacidade chinesa continuam a fornecer um ambiente positivo para a perspectiva para o setor", escreveu a equipe da Fitch.

O presidente dos EUA Donald Trump não encontra apoio unânime às tarifas sobre o aço e o alumínio exportados aos EUA nem dentro do Partido Republicano. As sobretaxas foram anunciadas por ele na semana passada e têm o potencial de provocar uma guerra comercial mundial.

O presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos disse nesta terça-feira (06) que as tarifas planejadas por Trump para as importações de aço e alumínio são muito amplas e deixam o país exposto a possível retaliação, acrescentando que incentivou a Casa Branca a focar mais em sua abordagem.

"Há claramente abuso ocorrendo", disse o presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan, em coletiva de imprensa concedida por congressistas republicanos. "Claramente há sobrecapacidade, dumping e transporte de aço e alumínio por alguns países, particularmente a China. Mas eu acho que o modo mais inteligente é agir de forma mais cirúrgica e focada", acrescentou.

Na segunda-feira (5), membros do Partido Republicano, tradicional defensor do livre-comércio, vieram a público para se opor ao anúncio e tentar demover o presidente da ideia, que ainda não foi oficializada.

Líderes republicanos fizeram correr um abaixo-assinado na Câmara, pedindo que as tarifas se apliquem apenas a produtos que caracterizem concorrência desleal, e não a toda a importação de aço ou alumínio.
É esse também o pleito do Brasil, segundo maior exportador de aço aos EUA, que ainda tenta negociar exceções à medida.

AUTONOMIA

Trump tem autonomia para impor as tarifas: normalmente, elas são uma prerrogativa do Legislativo, mas nesse caso foram fundamentadas na proteção da segurança nacional dos EUA. Por isso, cabem exclusivamente ao presidente, conforme estabelece uma lei aprovada em 1962, em plena Guerra Fria. 

Os EUA são o maior importador de aço do mundo e um dos maiores de alumínio. A maior parte do material alimenta as fábricas do país, como no setor de petróleo e automotivo. 

A preocupação dos republicanos, porém, é que as tarifas causem retaliações comerciais de outros países, com a imposição de alíquotas sobre produtos norte-americanos, além de encarecer o custo de produção de indústrias dos EUA, que não têm autossuficiência nesses insumos e dependem da matéria-prima importada. 

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