Preço do frango deve cair 12% no supermercado com embargo da União Europeia

No Paraná, BRF dá férias coletivas e garante compras de aves apenas até julho levando a sobreoferta

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Avicultor Adair Oldoni, que tem uma granja na zona rural de Cascavel (PR) - Eron Zeni/ Folhapress
Luiz Carlos da Cruz Gilberto Yoshinaga
Cascavel (PR) e São Paulo

Os supermercados preveem que, com o embargo da União Europeia ao frango no Brasil, o preço do produto cairá ainda mais para os consumidores. A projeção é de redução de 10% a 12% até junho, segundo a Apas (Associação Paulista de Supermercados).

O preço do frango já vinha acumulando baixas. No período de um ano, até março, o valor da ave inteira caiu 7,94%, segundo o IPCA (inflação oficial do país), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Desde o início deste ano, o corte é de 3,87%.

"O embargo vai saturar o mercado interno. Até junho preço do frango pode despencar entre 10% e 12%", diz Thiago Berka, economista da Apas.

A suspensão da importação deixou avicultores do Paraná apreensivos. Dos 20 frigoríficos atingidos pela medida, oito são paranaenses. A unidade da BRF em Toledo, no oeste do Paraná, é a mais afetada e já anunciou férias coletivas para dois mil funcionários a partir do dia 2 de julho.

Adair Oldoni, produtor de Cascavel e integrado à BRF, diz que a corda vai arrebentar do lado mais fraco, neste caso os avicultores. Na segunda-feira (23) ele entregou o último lote com 32 mil frangos, pretende alojar outro nos próximos dias, mas não sabe o que acontecerá depois. "A gente está vendo esse embargo como politicagem, infelizmente vai atingir mais o produtor, porque eles fazem o que querem e nós temos que obedecer", afirma.

Um dos primeiros reflexos, segundo Oldoni, será a queda de preços. "Vai cair o preço e respingar na parte mais fraca, que é o produtor". Em 28 anos de atividade, ele prevê que esta pode ser a pior crise para o setor avícola no Paraná.

O vice-presidente da Aaviopar (Associação dos Avicultores do Oeste do Paraná), Edenilson Copini, informou que a BRF concordou em remunerar o produto até julho. Ele ressalta, no entanto, que a partir da próxima semana o volume de alojamentos nos aviários começa a ser reduzido.

A Aaviopar representa 400 produtores, todos integrados à BRF de Toledo. "A gente não sabe a sequência disso tudo. O mercado [interno] já estava saturado de frango e coincidiu com isso", observa.

Em nota, a BRF informou que as férias coletivas de 30 dias para 2.000 funcionários em Toledo foi uma decisão tomada após o embargo: "A decisão considera a necessidade de adaptações no planejamento de produção, em decorrência de ajustes para atender a demanda atual, que foi impactada pela interrupção das exportações de aves da companhia para a União Europeia."

 

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