Crédito e leasing para veículos crescem 23,7%

De acordo com Anfavea, em abril, foram produzidos 266 mil carros, 40,4% mais do que em 2017

Gilberto Yoshinaga
São Paulo

 

Pátio da montadora Hyundai, na rodovia Anhanguera, em São Paulo - Jorge Araujo-30.mai.2016/Folhapress

Apesar de o país ainda não ter se recuperado da crise econômica, a liberação de financiamentos e leasing para a compra de veículos novos teve alta de 23,7% em março, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Ao todo, o montante desses financiamentos chegou a R$10,3 bilhões no mês, segundo a Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras).

"É um número significativo, mas que indica recuperação de um período de recessão, em que as vendas caíram bastante. Trata-se de uma demanda reprimida Luiz Montenegro, Anef

Sobre o atual momento da economia, ainda em recuperação, ele supõe que indicadores positivos tenham encorajado os consumidores. "A taxa de juros caiu bastante e está em um nível favorável. A inflação vem caindo e mostrando estabilidade."

A análise é compactuada por Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). "A queda na inadimplência, aliada à baixa dos juros, vêm favorecendo o setor como um todo", afirma. Segundo a Fenabrave, entre janeiro e abril houve aumento de 17,65% no número de novos emplacamentos de veículos ante os primeiros quatro meses de 2017.

Números da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) confirmam a recuperação do setor. "Entre exportações e mercado interno, em abril, foram produzidos 266 mil carros, 40,4% mais do que no mesmo mês do ano passado", afirma Antonio Megale, presidente da associação. "Já temos informações de montadoras associadas contratando e ampliando turnos de trabalho."

Alguns dos últimos indicadores econômicos têm sido considerados positivos, mas, no dia a dia, boa parte da população os questiona por não sentir reflexos dessa recuperação. Com o expressivo aumento nas vendas de veículos, analistas avaliam se o momento é propício para financiar.

"Creio que quem tinha receio de gastar no auge da crise tem se encorajado com os indícios de recuperação da crise, como a inflação contida e juros baixos", analisa a administradora Teresa Maria Fernandez, da consultoria de economia MB Associados. Sobre a influência da indefinição política para quem pensa em financiar, ela sugere duas situações. "A incerteza até deixa algumas pessoas receosas, mas, por outro lado, o ano eleitoral pode até encorajar outras. Se as condições são favoráveis agora, as taxas e prestações contratadas não vão mudar no ano que vem, qualquer que seja o presidente."

Para o educador financeiro José Vignoli, não basta verificar se as prestações "cabem no bolso", mas é preciso considerar que um carro novo também aumenta a despesa mensal. "Em qualquer situação é preciso ser cauteloso e refletir sobre a própria situação, as perspectivas e a existência ou não de uma reserva", orienta. "É normal se entusiasmar quando as coisas começam a melhorar, mas é preciso ser consciente. A euforia de quem não se planeja pode resultar em ressaca indesejada."

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