Agronegócio 4.0 monitora alimento do solo ao mercado

Internet das coisas permite controlar a distância de irrigação a estragos no transporte

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Linha de embalagem de melões
Linha de embalagem de melões da fazenda da Itaueira Agropecuária, no Ceará  - Divulgação
Claudia Rolli
São Paulo

​A internet das coisas (IoT) pode trazer um impacto econômico de até US$ 21 bilhões no meio rural em 2025, com o uso de tecnologias que permitem acompanhar as condições do solo e do clima, o crescimento da plantação, o desempenho de máquinas agrícolas e o monitoramento da saúde dos animais.

O potencial foi estimado em recente estudo da consultoria McKinsey, em parceria com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e o Ministério da Ciência e Tecnologia.

“A partir dos sensores instalados na terra, mostramos ao agricultor, com base na leitura de dados, até a hora exata em que deve jogar a semente no chão para ter uma taxa de germinação de 96%”, afirma Herlon Oliveira, presidente da empresa de tecnologia Agrusdata.  

A companhia fornece sensores e plataformas de algoritmos e inteligência artificial para culturas como soja e milho. 

Atua ainda em agricultura digital com serviços como e-silos, armazéns conectados com equipamentos que funcionam como um ultrassom: a leitura de dados mostra, em tempo real, o volume estocado, a temperatura, a umidade e os índices de gases emitidos, como monóxido de carbono e metano.

Isso evita que uma pessoa tenha de subir a cada hora para fazer as medições, com temperaturas acima de 40°C, e fique exposta a gases explosivos ou que causam desmaios, explica Oliveira.

Na Fazenda Estrela, em Sidrolândia, no Mato Grosso do Sul, o uso de tecnologia permitiu 10% de economia de combustíveis nos tratores usados no plantio de soja e milho e  redução de 30% no uso de água em defensivos agrícolas nos 2.500 hectares da área. 

“Gerenciamento de dados e monitoramento de clima e solo têm contribuído para aumentar a nossa produtividade em até três sacas por hectare”, diz Juliano Schmaedecke, 46, dono da fazenda.

O uso de IoT no campo ainda está concentrado nas regiões Sul e Sudeste, principalmente nas áreas de grãos e cana-de-açúcar, e plantações de soja em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul —regiões mais representativas do agronegócio no país e com maiores investimentos. 

Mas a expansão caminha para outras culturas. Produzidos neste ano na Bahia e no Piauí, melão e minimelancias da marca Rei utilizam IoT em todo o processo de rastreabilidade dos produtos. 

Válvulas de irrigação funcionam pela internet, tratores são monitorados com GPS e até a chegada aos distribuidores é monitorada online por antenas. Elas fazem ainda a leitura de sensores nos pallets em caminhões e contêineres, informando a qualidade das frutas e se foram danificadas no transporte. 

Cada fruto é identificado e rotulado com um código QR, que permite o acesso a informações registradas desde o plantio até a distribuição.

No Nordeste e no interior do Paraná, a IoT está também na chamada piscicultura 4.0.

Nos tanques de peixes e camarões, sensores são instalados para fazer a leitura de índices como oxigênio dissolvido, índice de PH e temperatura e transparência da água —todos fatores determinantes para a sobrevivência dos animais. 

Todas as informações coletadas pelos sensores são repassadas por meio de mensagens pelo celular, tablet ou computador. ​

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