BNDES pede discussão racional sobre financiamento a exportações

Operações passaram a ser questionadas após calotes dos governos da Venezuela e de Moçambique

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Rio de Janeiro

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Dyogo Oliveira, disse nesta quarta (15) que o banco discute com o TCU (Tribunal de Contas da União) um manual de procedimentos para financiamento às exportações de serviços, operações que passaram a ser questionadas após calotes dos governos da Venezuela e de Moçambique.

Em discurso no Encontro Nacional de Comércio Exterior, Oliveira defendeu uma discussão racional sobre o tema, que é alvo também na campanha eleitoral. "A população precisa ter clareza sobre o que é isso [exportação de serviços] e como funciona", afirmou Oliveira, ressaltando que os contratos incluem a venda de equipamentos para outros países.

Os contratos de exportação de serviços do BNDES começaram a ser questionados após a Operação Lava Jato, já que envolviam empresas investigadas pelo Ministério Público. Ganhou o debate político com críticas sobre o foco em países aliados dos governos petistas, com destaque para os US$ 682 milhões emprestados para a construção do Porto de Mariel, em Cuba.

Obras no porto de Mariel, que foi construído com financiamento do BNDES, em Havana
Obras no porto de Mariel, que foi construído com financiamento do BNDES, em Havana - Liu Bin/Xinhua

O TCU está investigando os contratos - auditoria do tribunal indicou que foram concedidos descontos maiores do que os permitidos nos juros de contratos com Cuba e com a Venezuela. Oliveira ressaltou, porém, que até agora, não há acusações de corrupção a empregados do BNDES.

Nas discussões com o TCU, disse ele, a ideia é estabelecer regras que reduzam os riscos para o banco e para o país, dá garantia aos empréstimos por meio do Fundo Garantidor de Exportações (FGE), acionado nos casos de calote da Venezuela e de Moçambique.

"Momentaneamente [o seguro do FGE] está tendo algum sinistro. Mas precisamos colocar em perspectiva", comentou ele, frisando que o BNDES ainda financia apenas 3% das exportações de serviços brasileiras, enquanto na China o banco local de fomento chega a 19% e na Coreia, a 48%. "Não podemos deixar de ter esse instrumento", afirmou ele.

Oliveira adiantou que o BNDES prepara uma audiência pública, em conjunto com o TCU, para debater as normas de transparência das operações de financiamento do banco. O objetivo é discutir com a sociedade a ampliação da quantidade de informações sobre os contratos do banco.

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