Descrição de chapéu Venezuela

Venezuela ameaça cortar fornecimento de energia a Roraima

Estado depende em grande parte das importações vindas do país vizinho

Funcionário em escada apoiada em poste, trabalha nos fios de energia
Funcionário da Eletrobras Roraima trabalha em Boa Vista - Divulgação
Taís Hirata
São Paulo

A Venezuela poderá interromper o fornecimento de energia ao estado de Roraima, o único que não é interligado ao sistema elétrico brasileiro e que depende em grande parte das importações vindas do país vizinho.

O corte seria uma resposta à falta de pagamento de uma dívida, de ao menos US$ 33 milhões (R$ 136 milhões), que a Eletrobras acumula com a estatal venezuelana pela compra de energia usada para abastecer o estado. 

O motivo do não pagamento não é falta de recursos, mas sim um problema operacional, segundo a estatal. Em junho deste ano, a Eletrobras relatou que os bancos nacionais vinham encontrando dificuldade para processar a operação. 

O entrave estaria relacionado ao embargo dos Estados Unidos à Venezuela, que impede operações de bancos com o país, restrição que afeta as instituições brasileiras indiretamente, pelo caráter globalizado do sistema financeiro e pelo fato de os repasses serem pagos em dólar, informaram pessoas a par das negociações. 

Desde 2001, o Brasil tem uma parceria com a Venezuela para o fornecimento de luz em Roraima, estado em que a energia importada representa entre 65% e 90% do total, a depender do consumo mensal. O acordo tem prazo de 20 anos e, portanto, venceria em 2021.

Em junho, quando as negociações já estavam em curso, a Eletronorte, subsidiária da Eletrobras responsável pela transmissão de energia entre os países, afirmou que não havia risco de desabastecimento à população de Roraima, porque seria possível recorrer a outras fontes —no caso, o acionamento de usinas termelétricas, cujo custo é superior ao da energia comprada da Venezuela.

À época, uma das propostas para viabilizar o pagamento era usar a dívida soberana que a Venezuela tem com o Brasil para abater o valor devido, ou seja, descontar os US$ 33 milhões que a Eletrobras deve dos US$ 324 milhões (R$ 1,2 bilhão) que a Venezuela tem de pagar ao governo brasileiro.

Procurada na noite desta quinta-feira (3), a Eletronorte ainda não se manifestou sobre o andamento das negociações. A reportagem não conseguiu contato com a Eletrobras nem com o Ministério de Minas e Energia. 

O Itamaraty informou que acompanha o tema e tem feito gestões junto ao governo venezuelano.

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