As incorporadoras imobiliárias da China estão oferecendo carros de luxo de brinde e grandes descontos para atrair compradores em um momento em que os limites aos empréstimos e as restrições aos financiamentos pressionam suas finanças.

A China Merchants Shekou Industrial Zone Holdings está oferecendo um BMW Série 3 ou X1 aos compradores de uma unidade com três dormitórios ou de uma cobertura em seu empreendimento em Xangai. O carro, ou a quantia em dinheiro, equivale a um desconto de cerca de 10% no preço de 3,1 milhões de yuans (US$ 450 mil ou R$ 1,87 milhão) do apartamento de 89 metros quadrados.

Nos 646 projetos da China Evergrande Group em todo o país, o desconto básico de 11% pode chegar a 26% quando adicionados itens extras, como descontos para compradores indicados por funcionários da Evergrande ou por clientes anteriores.

Outro incentivo: a entrada necessária é de apenas 5%, em vez do depósito normal de 30% exigido pelos governos locais. As incorporadoras estão preenchendo a diferença oferecendo planos de parcelamento de vários anos como forma de contornar os limites mais elevados pensados para afastar especuladores imobiliários.

Os brindes e descontos sugerem que as incorporadoras endividadas estão usando todos os recursos disponíveis para aumentar a receita, já que o setor enfrenta o vencimento recorde de US$ 23 bilhões no primeiro trimestre de 2019. Ao mesmo tempo, com a determinação da China de controlar os preços dos imóveis residenciais, as incorporadoras têm mais dificuldade para gerar dinheiro rápido com vendas.

“O financiamento está se tornando difícil para todos, inclusive para as grandes empresas”, disse Sabrina Wei, chefe de pesquisa para o norte da China da Cushman & Wakefield em Pequim. “Elas precisam dos descontos para aumentar as receitas e arrecadar dinheiro.”

As incorporadoras da vizinha Hong Kong também estão oferecendo benefícios como pacotes gratuitos de viagens e crédito facilitado para atrair compradores, sinal de que um dos mercados imobiliários mais aquecidos do mundo pode finalmente estar começando a esfriar.

No projeto “Harmonious” da China Merchants Shekou, os possíveis futuros compradores garantiram apenas 25 dos 350 apartamentos, segundo registros de terrenos locais. Apenas oito compradores se inscreveram no projeto de 223 unidades “Magnolia Garden”, da Gezhouba Real Estate, na região oeste de Xangai. No norte da cidade, o complexo de 161 unidades da Sanxiang Impression atraiu apenas cinco pessoas.

“Os projetos imobiliários já não são fáceis de vender”, disse Wei, da Cushman. “Em breve, poderemos ter deixado para trás essa longa e otimista temporada imobiliária.”