Indústria precisa de ministério próprio, diz CNI após anúncio de fusão

Extinção coloca Brasil na contramão e reduz capacidade de negociações, diz entidade

São Paulo e Brasília

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) se manifestou contra a extinção do Mdic (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços), que será incorporado ao superministério da Economia no governo de Jair Bolsonaro (PSL).

A nova pasta vai incorporar também os atuais ministérios Fazenda e do Planejamento e será comandada pelo economista Paulo Guedes. A fusão foi confirmada nesta terça-feira (30) pelo futuro ministro, e a medida desagradou os industriais.

“Tendo em vista a importância do setor industrial para o Brasil, que é responsável por 21% do PIB nacional e pelo recolhimento de 32% dos impostos federais, precisamos de um ministério com um papel específico, que não seja atrelado à Fazenda, mais preocupada em arrecadar impostos e administrar as contas públicas”, disse em nota o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, acrescentando que indústria gera cerca de 10 milhões de empregos no país e é responsável por 51% das exportações nacionais.

 

Além disso, ele afirma que “a excessiva concentração de funções em um único ministério reduziria a atenção sobre temas que são cruciais para a indústria, que ficariam diluídos em meio aos incêndios que cotidianamente desafiam a gestão macroeconômica."

O representante da indústria afirma que o próximo governo tem o desafio incontornável de recolocar o Brasil no caminho do desenvolvimento econômico e social e, para isso, o país precisa ter uma indústria forte.

Assim, diz, é imprescindível um ministério independente para elaborar, executar e coordenar as políticas públicas para o setor industrial e monitorar seus impactos. “Nenhuma grande economia do mundo abre mão de ter um ministério responsável pela indústria e pelo comércio exterior forte e atuante”, completa.

Segundo o presidente da CNI, desde a crise de 2008 e o impacto da indústria 4.0, aumentou o número de países com ministérios específicos e estratégias industriais.

Ele cita exemplos de países como a Inglaterra, que criou órgão estatal específico para a indústria, e os Estados Unidos, cujo Departamento de Comércio foi reforçado na gestão de Donald Trump, segundo Andrade.

“A eventual perda de status do Mdic colocaria o Brasil, portanto, na contramão dessa tendência e reduziria a nossa capacidade em negociações internacionais”, conclui.

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