É preciso resolver Previdência atual antes de mudar para capitalização, diz Paulo Guedes

Economista defendeu que novo modelo pode permitir que o país cresça 4% a 5% ao ano

Nicola Pamplona
Rio de Janeiro

O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda (17) que o modelo previdenciário atual é "geneticamente condenado", mas precisa ser resolvido antes que o governo parta para a discussão de um modelo de capitalização no futuro.

"Tem esse avião antigo que é essa Previdência que já quase quebrou antes da população envelhecer. Eu defendi abertamente que o primeiro passo seria tentar colocar esse avião para voar de novo, pelo menos três ou quatro mandatos, antes de descer novamente", afirmou, em palestra para empresários no Rio.

Ele não deu detalhes de como será o processo de reforma, dizendo que o governo de transição ainda está "fazendo o dever de casa" à espera da posse do novo Congresso, em fevereiro. Mas reforçou que a solução do sistema atual não garante sustentabilidade no futuro.

Economista Paulo Guedes, futuro ministro do governo Bolsonaro
Economista Paulo Guedes, futuro ministro do governo Bolsonaro - Sergio Moraes/Reuters

"Para gerar um emprego, ele destrói outro. Então eu tenho 40 milhões de carteiras assinadas e 46 milhões sem carteira assinada. Que diabo de sistema é esse que você coloca um imposto que destrói um emprego para garantir o benefício para outro trabalhador?", questionou.

Guedes defendeu que um novo modelo de capitalização significa a "libertação" de empresas e trabalhadores e pode permitir que o país cresça 4% a 5% ao ano.

"Vamos tentar acertar esse [modelo] que está aí e depois a gente aprofunda na libertação das gerações posteriores, democratiza o ato de poupança, liberta as empresas dos encargos trabalhistas, vai ser um choque de geração de emprego", afirmou. 

A reforma da Previdência é uma das prioridades do novo governo, ao lado de privatizações e reforma do Estado, afirmou o futuro ministro. "Precisamos corrigir a hipertrofia do governo federal", comentou ele, após criticar a centralização dos recursos e de atribuições na União, em detrimento de estados e municípios. 

Para isso, ele pediu ajuda de empresários e políticos - na plateia estavam o governador eleito do Rio, Wilson Witzel, e o prefeito da capital, Marcelo Crivella. "Esse dinheiro tem que desce [para estados e municípios] mas para descer tem que ter ajuda", disse.

CESSÃO ONEROSA

Guedes usou como exemplo as votações para aprovar o megaleilão de petróleo do pré-sal, paradas no Congresso. O governo Bolsonaro chegou a propor a distribuição dos recursos com estados e municípios em troca de aprovação da proposta, mas não conseguiu acordo com a área econômica do governo Temer.

A proposta será colocada na mesa novamente após a posse de Bolsonaro, também com a distribuição dos recursos com outros entes federativos. O leilão envolve reservas já descobertas pela Petrobras e tem potencial de arrecadar até R$ 100 bilhões, segundo cálculos do governo.

A negociação com bancadas específicas ao invés de acordos com partidos vem sendo a estratégia principal do presidente eleito para compor seu governo e será testada nas relações com o Congresso.

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