"Reforma da Previdência: Por Que o Brasil não Pode Esperar", lançado em dezembro, é uma espécie de enciclopédia para o assunto que vai dominar o debate econômico e político das próximas semanas: as novas regras de aposentadorias, pensões e outros benefícios.
As discussões devem ter sua largada oficial assim que o presidente Jair Bolsonaro se recuperar da cirurgia de reconstrução do intestino a que foi submetido, em 28 de janeiro.
A ele serão entregues "duas ou três versões" de propostas de reforma, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, uma das quais será enviada à Câmara --onde, na previsão mais otimista, será discutida ao longo de três meses.
Mesmo antes do pontapé oficial, apoiadores e opositores da reforma já debatem e pressionam nos bastidores, e a polêmica vai ganhar intensidade e repercussão quando for ao ar campanha publicitária do governo e esquentarem os ataques e contra-ataques nas redes sociais.
Na época das notícias falsas, ter informação de fonte confiável é relevante, mesmo quando ela privilegia claramente um ponto de vista sobre o assunto --como adverte o título, trata-se de um livro escrito por quem considera que a reforma é, mais do que necessária, urgente.
Seus autores, os economistas Paulo Tafner e Pedro Nery, integraram um grupo de seis especialistas em Previdência que se reuniram de março a outubro, sob o patrocínio do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, para elaborar um projeto detalhado de reforma previdenciária.
Espécie de subproduto dessas discussões, o livro inclui essa proposta --que, em versão mais detalhada, foi entregue ao Ministério da Economia em novembro.
Conhecer as sugestões feitas pelo grupo de Tafner e Nery ajuda assim a entender o que está na prancheta de Paulo Guedes.
Medidas defendidas recentemente pelo ministro, como a adoção de um regime adicional de capitalização para novos contribuintes, fazem parte da proposta encaminhada.
O atual secretário-adjunto da Previdência, Leonardo Rolim, participou do grupo organizado por Fraga, ao lado dos pesquisadores do Ipea Rogério Nagamine Costanzi e Marcelo Pessoa, do professor da PUC-RJ Miguel Nathan Foguel e do pesquisador do Ibmec-RJ e do BNDES Sergio Guimarães Ferreira.
O livro, contudo, vai além da proposta de reforma --que, de resto, estará ultrapassada quando o projeto do governo chegar ao Congresso.
Tafner, pesquisador da Fipe que estuda Previdência há 20 anos (e é autor de três livros sobre o tema), e Nery, consultor legislativo do Senado que já havia destrinchado didaticamente a proposta do governo Temer, deixam acessível até para leigos um assunto que à primeira vista parece chato, mas que afeta diretamente a vida de todo brasileiro, mesmo daquele que nem pensa em se aposentar.
O sistema previdenciário já consome mais da metade do Orçamento e, em uma década, pode abocanhar 80% dos gastos do governo --dinheiro que será desviado de setores como educação, saúde e investimentos em infraestrutura.
Nos capítulos introdutórios, eles fazem um diagnóstico do sistema, situam-no no contexto demográfico e discutem sua relação com a desigualdade de renda.
No corpo principal do livro, compartilham com os leitores documentos e discussões que embasaram a proposta de reforma de grupo.
Para cada um dos principais ramos previdenciários --aposentadoria por idade, por tempo de contribuição, rural, por invalidez, dos servidores, dos militares, pensão por morte etc.--, expõem e analisam os dados mais recentes disponíveis e fazem projeções para o futuro.
São números e informações já conhecidos de especialistas, mas o livro tem o mérito de reuni-los, organizá-los e ilustrá-los --infelizmente, a impressão em tons de cinza desfavorece a leitura dos gráficos.
Uma novidade são comparações entre as regras brasileiras e as de outros países e a descrição de como a legislação nacional trata os assuntos debatidos.
Para os críticos da reforma previdenciária, um dos capítulos mais interessantes pode ser "Mitos da Previdência".
Ali, os autores rebatem argumentos como o de que as contas previdenciárias podem ser reequilibradas com a cobrança de grandes devedores, o combate a fraudes ou o aumento de empregos com carteira assinada.
Como em qualquer boa batalha, estudar a equipe adversária faz diferença.
MAIS VENDIDOS
Veja livros que se destacaram na semana
TEORIA E ANÁLISE
1º/1º O Livro dos Negócios (reduzido), Ian Marcousé, Globo Livros, R$ 59,90
2º/2º Rápido e Devagar, Daniel Kahneman, Ed. Objetiva, R$ 62,90
3º/- Marketing 4.0, Philip Kotler, Hermawan Kartajaya e Iwan Setiawan, ed. Sextante, R$ 49,90
4º/4º Arriscando a Própria Pele, Nassim Nicholas Taleb, Ed. Objetiva, R$ 54,90
5º/- Menos Estado e Mais Liberdade, Donald J. Boudreaux, Faro Editorial, R$ 24,90
Prática e Pessoas
1º/2º A Sutil Arte de Ligar o F*da-se, Mark Manson, Ed. Intrínseca, R$ 29,90
2º/3º Me Poupe!, Nathalia Arcuri, Ed. Sextante, R$ 29,90
3º/4º Seja Foda!, Caio Carneiro, Ed. Buzz, R$ 39,90
4º/5º Os Segredos da Mente Milionária, T. Harv Eker, ed. Sextante, R$ 29,90
5º/- O Poder do Hábito, Charles Duhigg, Ed. Objetiva, R$ 49,90
Lista feita com amostra informada pelas livrarias Curitiba, da Folha, da Vila, Saraiva e Argumento; os preços são referências do mercado e podem variar
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.