Bolsas despencam com contra-ataque chinês em guerra comercial

Índices americanos beiram queda de 3%; Ibovespa cai 2,5% e dólar chega a R$ 4

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São Paulo

O esperado acordo comercial entre China e Estados Unidos parece estar longe de ser alcançado. Novos tuítes negativos do presidente americano Donald Trump e o anúncio chinês de aumentar as tarifas de importações dos EUA derrubaram a confiança de investidores nesta segunda-feira (13).

As Bolsas de Nova York têm a maior queda desde janeiro. O índice de volatilidade VIX, que mede a aversão a risco, subiu 26,31% nesta manhã, a maior alta percentual do ano. No Brasil, o dólar chegou a R$ 4 e a Bolsa recua 2,5%.

O mercado esperava o término das negociações entre China e EUA na sexta-feira (10), com a visita do vice-premiê chinês Liu He à Washington. No meio do caminho, elevação de tarifas americanas a importações dos EUA e ameaça de retaliação chinesa.

Apesar de nenhum acordo ser assinado, na tarde de sexta, Trump sinalizou que as negociações continuariam, o que devolveu certo otimismo ao mercado, que vinha em baixa.

Na noite de domingo (12), novos tuítes negativos do presidente americano. Na manhã desta segunda, a retaliação chinesa: aumento de 25% nas tarifas de US$ 60 bilhões (R$ 237,4 bilhões) de importações dos EUA a partir de 1º de junho.

O combo afastou a aposta do mercado em um possível acordo a curto prazo. Índices de Nova York beiram o maior recuo percentual do ano. Às 13h16 Dow Jones recuava 2,44%. S&P 500 perdia 2,31% e Nasdaq cedia 3,31%.

As Bolsas europeias caíram mais de 1%. As asiáticas tiveram recuo mais ameno. A Bolsa japonesa perdeu 0,72%. As chinesas cederam 1,65%. Hong Kong é o único índice positivo, com valorização de 0,84%.

As ações da Uber, que estreou na Bolsa de Nova York na quinta-feira (9), tombaram mais uma vez. Nesta segunda, os papéis caem 9%.

“O mercado inteiro apostava em um acordo sem qualquer aumento de taxação entre países. O problema é que o governo chinês reagiu à postura de Trump com retaliação. Isso tem um efeito dominó todas as outras economias, especialmente as emergentes que estão mais vulneráveis aos investidores estrangeiros”, diz Fernando Bergallo, Diretor de Câmbio da FB Capital.

O Ibovespa, maior índice acionário do Brasil, cai 2,35%, a 92.038 pontos. Esta é a maior queda percentual desde 27 de março, quando governo Bolsonaro e Câmara dos Deputados viviam desafeto.

Ao longo da manhã, o índice operou nos 91 mil pontos, patamar não alcançado em fechamentos desde 7 de janeiro, quando o mercado acionário brasileiro engatou otimismo com o novo governo.

Soma-se à incerteza global, um cenário doméstico turbulento, por conta da tramitação da reforma da Previdência. Os estrangeiros sacam dinheiro do país para alocar em investimentos mais seguros”, afirma Bergallo.

O dólar acompanhou o temor do mercado e foi a R$ 4 pela manhã. No momento, a moeda é cotada a R$ 3,9810, alta de 0,91%.

​“Quando a gente chega a R$ 4 existe um movimento de realização de lucros, um ajuste técnico. Muitas pessoas vendem dólar nesse patamar. Em momentos de turbulência, é necessário diminuir risco. Recomendamos não vender tudo agora, fracionando operações para buscar taxa média de retorno”, diz Bergallo.

Para ele, o Banco Central não deve interferir na valorização da moeda americana. “A direção atual do BC tem uma linha mais liberal, que intervém o mínimo necessário nos mercados. A instituição está atenta à volatilidade do mercado e, em dias de variações superiores a 2,5%, pode atuar de maneira defensiva, mas sem defender uma cotação específica. O banco vai deixar o mercado ir para onde tem que ir”.

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