Ações de varejistas batem recordes com expectativas de retomada da economia

Valorização do setor na Bolsa brasileira antecipa tração no crescimento econômico

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São Paulo

As ações de Via Varejo, Magazine Luiza, Renner e Lojas Americanas chegaram aos seus maiores valores da história na última sexta-feira (13). O movimento reflete a expectativa de que o setor se beneficie com a retomada da economia.

Segundo levantamento da XP, as ações do setor acumularam alta de 33% em 2019, contra 23% do Ibovespa ao fim de novembro.

Dentre as cinco empresas brasileiras que mais se valorizam no ano, duas são varejistas: Via Varejo —dona de Casas Bahia, Extra.com e Ponto Frio— e Magazine Luiza. Analistas apontam que o otimismo com os papéis se deve à melhor performance dessas companhias e a uma melhora nos indicadores econômicos ligados ao setor.

Segundo o IBGE, as vendas no varejo subiram pelo sexto mês seguido em outubro, com alta de 0,1% em relação ao mês anterior, enquanto o volume de serviços cresceu 0,8%, no melhor resultado para outubro em sete anos.

A foto mostra uma fila de consumidores esperando para entrar na loja da Magazine Luiza. Ao fundo, a loja aparece iluminada, com o logo da empresa na parede do lado direito.
Loja da Magazine Luiza na Marginal Tiete, em São Paulo; as ações da empresa tiveram alta de 2,6% em dezembro - Eduardo Anizelli - 11.Jan.2013/Folhapress

O consumo das famílias, que representa quase dois terços do PIB (Produto Interno Bruto), cresceu 0,8% no terceiro trimestre em relação aos três meses anteriores e contribuiu para a alta de 0,6% do PIB brasileiro no período, acima da expectativa do mercado.

Para coroar a melhora nas vendas, a Black Friday superou as projeções do setor. Segundo levantamento da Ebit|Nielsen, os pedidos no ecommerce, considerando os dias 28 e 29 de novembro, subiram 25% em relação a 2018. O faturamento cresceu 23,6%, totalizando R$ 3,2 bilhões.

“A estimativa do mercado para o crescimento do varejo para 2020 está em 5,5%. No entanto, mesmo com números consistentes neste ano, ainda temos um baixo crescimento na renda do brasileiro e alto desemprego. Os dados fortes do varejo mesmo com os dados qualitativos macroeconômicos ainda incipientes mostra a resiliência do setor”, aponta Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

Com o cenário positivo, os papéis das varejistas renovaram suas máximas históricas repetidas vezes em dezembro.

Na sexta (13), bateram recorde: Via Varejo com alta de 8,7% a R$ 10,87; Magalu subiu 2,6%, a R$ 49,07; Renner, com valorização de 0,4%, a R$ 54,25 e Lojas Americanas, com preferenciais (com preferência na distribuição de dividendos) em alta de 2%, a R$ 26,7 e ordinárias (com direito a voto) subindo 2,5%, a R$ 19,74.

A B2W se encaminha para repetir o feito das concorrentes. As ações da companhia estão cotadas a R$ 66,20, maior valor desde 2007, quando os papéis chegaram à máxima histórica de R$ 80,64.

“O preço das ações andou muito mais rápido que o fundamento. A estimativa de lucro para os próximos 12 meses cresceu só 7% enquanto elas subiram 33% na média até o fim de novembro”, afirma Mariana Vergueiro, analista de varejo da XP.

Mariana aponta que papéis de Magazine Luiza, Lojas Americanas e B2W estão caros após a forte alta no ano, motivo pelo qual a recomendação da XP é neutra para as empresas.

Para George Wachsmann, sócio fundador da Vitreo, apesar de estarem em níveis máximos, as ações do setor não estão supervalorizadas.

“A precificação não é exagerada e nem fora de contexto. É um setor que é carro chefe desta expectativa de recuperação econômica e tem refletido dados melhores nos últimos meses. A alta das empresas é a junção de dois ventos favoráveis ao setor: a melhora na economia e o crescimento do ecommerce”, diz Wachsmann.

O economista também aponta que os sucessivos cortes de juros ao longo de 2019 animaram o mercado. No ano, a Selic foi de 6,5% a 4,5%.

Dada a grande concorrência no setor e uma economia ainda em recuperação, as empresas têm apresentado inovações em busca de maior rentabilidade, que contribuem para o movimento altista.

A Via Varejo passa por uma reestruturação, após mudança no controle da companhia, que passou do GPA para a família Klein, que trouxe um novo presidente, Roberto Fulcherberguer.

Já a valorização da Magazine Luiza está ancorada em sequentes balanços positivos —11 trimestres crescendo a médias maiores que o mercado— e uma operação digital crescente.

O faturamento do marketplace subiu quatro vezes em um ano, de acordo com informações divulgadas pela varejista em evento a investidores na sexta (13). Frederico Trajano, presidente-executivo, disse que o crescimento será acima do mercado e que “há margem para crescer acima com segurança”.

A Renner ampliou sua operação, com abertura de quatro lojas na Argentina. A B2W anunciou parceria com a Linx para redução do custo e prazo do frete e a Lojas Americanas, com a Cielo e Banco do Brasil para que sua conta digital, a Ame, seja aceita como pagamento via QR Code.

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