Mansueto nega dificuldade do governo em se financiar depois de fazer alerta sobre dívida

Secretário assinou nota que aponta problemas na venda de títulos públicos, mas agora diz que não há dificuldades

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Brasília

Após assinar nota técnica que relata problemas relacionados à venda de títulos públicos, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse nesta quinta-feira (16) que o governo não tem dificuldade em se financiar.

Em documento publicado na quarta-feira (15) para apontar impactos gerados pelo pacote de socorro a estados aprovado pela Câmara, Mansueto e sua equipe afirmam que o Tesouro tem enfrentado, desde antes da pandemia do novo coronavírus, dificuldades de colocar títulos com vencimentos longos no mercado.

Secretário do Tesouro, Mansueto Almeida - Adriano Machado/Reuters

A nota ressalta que, diante do cenário atual de incertezas, o governo foi obrigado a cancelar diversos leilões de títulos públicos durante o mês de março.

Em videoconferência promovida pela Necton Investimentos nesta quinta, porém, Mansueto adotou tom moderado e disse que não há problemas. Ele disse que já houve períodos de desconfiança sobre a capacidade de financiamento do Tesouro, o que não se observa atualmente.

“A gente não tem problema de financiamento. A gente não vende mais [títulos] porque está fazendo administração de taxa e acha que não precisa ir ao mercado exatamente agora. Não tem nenhum problema de financiamento”, afirmou.

O secretário explicou que, neste momento, o Tesouro “não está desesperado para voltar ao mercado” e vai esperar uma estabilização dos indicadores da economia. Segundo ele, o governo tem hoje um colchão de recursos que permite passar alguns meses sem leilões de títulos.

Mansueto disse que é natural que o governo pague um prêmio adicional aos compradores de títulos, mas disse que as taxas hoje estão baixas em relação a anos anteriores.

O secretário justificou que a redução da busca por títulos de longo prazo está relacionada à ausência de apetite de agentes como fundos de pensão e investidores estrangeiros, mesmo antes da crise do coronavírus.

Na nota divulgada no dia anterior, Mansueto afirmava que nenhum governo tem capacidade de se endividar infinitamente ao mesmo tempo que controla a inflação.

“Ainda que, em tese, um governo possa ofertar quantos títulos quiser, ele só poderá emitir se tiver alguém que os compre. Em casos extremos, a demanda por títulos públicos pode tender a zero”, disse no documento.

Nesta quinta, ele afirmou que a dívida bruta do governo deve ficar entre 85% e 90% do PIB (Produto Interno Bruto) no encerramento deste ano e minimizou a gravidade do patamar.

“Se a gente consolidar na saída [da crise] uma agenda de reforma, com inflação controlada e juros baixo, não me assusta esse tamanho tão alto da dívida”, afirmou.

O secretário evitou traçar cenários específicos para sanear as contas públicas após a pandemia.

“O ajuste fiscal em 2020 não é prioritário. Temos que gastar mais com saúde, proteger pessoas em situação frágil e ter políticas de manutenção de emprego. A gente vai sair com um buraco fiscal maior e uma dívida maior. Como vamos pagar isso, é um debate do próximo ano”, disse.

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