Brasil se une a 16 países e defende eleição do BID neste ano

União Europeia, Chile e México querem adiar votação, que pode afetar interesses de Trump

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São Paulo

O governo brasileiro publicou um documento nesta terça-feira (18) em que se posiciona junto a outros 16 países na defesa da eleição para a presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) neste ano.

O texto divulgado pelo ministério da Economia e pelo Itamaraty insta todos os países-membros a cumprir a resolução aprovada em julho sobre a eleição em 2020, afirmando que os povos dos integrantes do BID "precisam de soluções que não podem ser adiadas".

O adiamento das eleições vem sendo proposto pela União Europeia, Chile e México. A Argentina também fez apelos nesse sentido. Eles querem que as votações, marcadas para 12 e 13 de setembro, ocorram em março de 2021. O motivo está no fato de que um atraso na decisão seria um potencial revés para a escolha do presidente americano, Donald Trump, na corrida rumo à liderança do organismo, já que, até lá, o presidente dos EUA pode ser o democrata Joe Biden.

Em um movimento que atropelou o Brasil —que desejava o apoio americano ao seu candidato próprio—, o presidente dos EUA, Donald Trump, indicou Mauricio Claver-Carone para presidir o banco, quebrando uma tradição de seis décadas em que um nome da América Latina comanda a instituição.

Convenção do Banco Interamericano de Desenvolvimento na Cidade do Panamá
Convenção do Banco Interamericano de Desenvolvimento na Cidade do Panamá - Carlos Jasso/Reuters

No documento, a chancelaria brasileira defende que manter o processo eleitoral do BID como previsto anteriormente será "extremamente importante" para proteger os interesses da região, "bem como a soberania hemisférica de nosso banco interamericano".

"A eleição do presidente do BID é de extrema importância para nossa região e para conduzir o Banco no enfrentamento do maior desafio da era contemporânea", diz o documento.

Além do Brasil, entre os países que se opõem a mudanças no calendário da eleição estão Bahamas, Bolívia Colômbia, Equador, El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, Panamá, Paraguai, República Dominicana, Suriname e Venezuela.

A resistência a Carone –assessor de Trump conhecido por ter uma postura linha-dura em relação a Venezuela e Cuba–, atual favorito à posição de liderança do BID, ganhou corpo há poucas semanas.

No dia 7 de agosto, o México foi a público dizer que defende o adiamento da eleição, um dia depois da chancelaria do Chile se colocar a favor de postergar a escolha. No dia 30 de julho, o alto representante para a Política Exterior e Segurança Comum da União Europeia, Josep Borell, disse que a votação deveria ser feita em março de 2021.

O ex-secretário de Estado dos EUA George Schultz, junto de outros ex-representantes e chefes da Casa Branca, defenderam em artigo que o BID continue chefiado por um latino-americano.

No texto, publicado na Folha, eles afirmaram que "a iniciativa sem precedentes do presidente Donald Trump de colocar um americano na presidência do BID corre o risco de alienar a região e politizar essa instituição bem-sucedida".

"A principal objeção a nomeação é que ela desconsidera um compromisso e uma prática de 60 anos, iniciada sob os auspícios do presidente Dwight Eisenhower, segundo a qual o banco teria sede em Washington, seu presidente seria latino-americano, e seu vice-presidente-executivo (diretor de operações), um cidadão americano", diz o texto.

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