News Corp vai entrar na batalha pela Simon & Schuster

Grupo de mídia de Murdoch fará concorrência à editora alemã Bertelsmann

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Financial Times

A News Corp de Rupert Murdoch disputará nesta semana com o grupo de mídia alemão Bertelsmann a compra da Simon & Schuster, em um leilão que se tornou uma batalha por escala entre duas das maiores editoras de livros do mundo.

A ViacomCBS espera para esta semana as últimas ofertas por seu ramo editorial Simon & Schuster, segundo pessoas inteiradas do processo, com um piso para ofertas definido em US$ 1,7 bilhão, significativamente acima das estimativas iniciais.

O interesse de licitantes como a News Corp, dona da HarperCollins, e a maior editora do mundo, a Penguin Random House, da Bertelsmann, parece ter eliminado pelo preço os potenciais compradores financeiros e de private equity, de acordo com as fontes.

Loja da Livraria Cultura, na avenida Paulista, região central de São Paulo - 20.12.2012 - Victor Moriyama/Folhapress

O grupo de mídia francês Vivendi ainda está avaliando uma oferta potencial, mas esta é complicada por sua batalha pelo controle da Lagardère, dona da editora Hachette. O dono bilionário da Vivendi, Vincent Bolloré, continua ávido para se expandir no mercado editorial, mas não quer ser arrastado para uma guerra de lances, disse uma pessoa familiarizada com seu pensamento. A Vivendi não quis comentar.

A Vivendi, que possui cerca de 27% das ações da Lagardère, discutiu assumir os ativos editoriais internacionais da Hachette como parte de uma negociação com seu executivo-chefe, Arnaud Lagardère. Se combinada com a Simon & Schuster, a Vivendi se tornaria um sério ator no setor editorial global.

A própria Lagardère havia declarado publicamente em julho seu interesse em fazer propostas pela Simon & Schuster, mas se recusou a comentar no início de novembro, quando analistas perguntaram se ainda pretendia fazê-lo. A empresa está sobrecarregada com dívidas elevadas e seus negócios foram duramente atingidos pela pandemia, tornando difícil que ela faça uma aquisição do porte da Simon & Schuster.

Uma pessoa envolvida no leilão descreveu uma oferta potencial da Lagardère como uma chance remota, enquanto outra disse que o grupo já havia desistido do leilão. A Lagardère não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A Simon & Schuster é uma das cinco maiores editoras dos Estados Unidos, um ativo valioso em um setor maduro e cada vez mais concentrado, que tem mostrado certa resiliência à disrupção da Amazon e à pandemia.

Foi a editora de autores como Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald, e ainda publica cerca de 2.000 títulos por ano, lançando recentemente "Rage", de Bob Woodward, e as memórias familiares de Mary Trump.

Thomas Rabe, executivo-chefe e presidente da Bertelsmann, disse ao Financial Times em setembro que estava interessado em comprar a Simon & Schuster, e que o grupo alemão deve fazer uma oferta nesta semana, possivelmente em parceria com o grupo de private equity Atairos.

Tal acordo fortaleceria drasticamente a posição preeminente da Bertelsmann no setor, aumentando sua participação de mercado nos Estados Unidos em receita de 25% para mais de 33%.

A HarperCollins, de Murdoch, que há muito tempo buscava oportunidades de compra e adquiriu a editora de ficção feminina Harlequin em 2014, também está preparando uma oferta final, segundo uma pessoa a par da situação. É a terceira maior editora do mundo e detém pouco mais de 10% do mercado americano.
Sua entrada na corrida pela Simon & Schuster foi relatada pela primeira vez pela Publisher's Weekly. The New York Times informou que os lances poderão ultrapassar US$ 1,7 bilhão.

Uma consideração potencial para a ViacomCBS é se uma venda para a Bertelsmann poderá levar a um processo antitruste nos Estados Unidos, o que prolongaria a transação e atrasaria sua capacidade de distribuir o produto da venda em outras partes de seus negócios.

Rabe disse ao FT que estava tranquilo sobre possíveis questões antitruste porque os reguladores terão uma visão "holística" do mercado, que reconhecerá o crescimento da autopublicação e o poder de mercado da Amazon.

Mas executivos da indústria ficaram alarmados com a influência incomparável que a Bertelsmann alcançaria com a compra da Simon & Schuster. Um rival estimou que o grupo combinado deteria uma participação de mercado nos EUA de mais de 50% para títulos de ficção em capa dura, e significativamente maior para ficção literária --exemplos de subsetores que os reguladores antitruste tradicionalmente examinam ao analisar se o negócio prejudicaria a concorrência.

A Bertelsmann não quis comentar os detalhes do processo de venda, mas disse: "Afirmamos anteriormente que a Penguin Random House deseja crescer organicamente e por meio de fusões e aquisições. Esse ainda é o caso".

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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