Com 5 anos de atraso, Dersa diz que contornos da Tamoios acabam em 2022

Estado afirma não haver riscos estruturais para retomar obras, abandonadas após embargo

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Santos

Paralisadas desde julho de 2018 com vergalhões expostos e parte de pistas cobertas por lama e mato alto, as obras dos contornos da rodovia dos Tamoios, iniciadas em 2013 pelo governo de São Paulo para melhorar o fluxo de veículos e acesso às cidades do litoral norte paulista, tem a promessa de serem retomadas até março de 2021.

A nova projeção é feita pela própria Secretaria de Logística e Transporte após a conclusão de um estudo realizado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), da USP, que apontou, segundo o governo, segurança estrutural e viabilidade econômica para sequência do projeto, que já possui 76,4% de execução.

“Acredito que em dezembro teremos uma solução final e isso passa pela própria Concessionária Tamoios, que tem a possibilidade contratual de assumir essa obra com preços compatíveis ao que foi licitado. Se tudo correr bem, entre fevereiro e março retomamos”, disse o secretário João Octaviano Machado Neto.

A intenção do estado é trabalhar com “valores de saldo contratual”, previstos na licitação. Até a paralisação, as obras do trecho eram executadas pelas empresas Serveng/Civilsan e Queiroz Galvão, com investimento de R$ 1,4 bilhão.

Na ocasião, a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) informou que os responsáveis pelo empreendimento paralisaram os serviços unilateralmente em dezembro de 2018.

As construtoras demitiram funcionários e iniciaram o esvaziamento dos canteiros de obras nas cidades de Caraguatatuba e São Sebastião, provocando um processo de definhamento e deterioração gradativa de trechos inacabados.

Moradores de bairros mais populosos de Caraguatatuba como Golfinho e Tinga, além de Jaraguá e Enseada, em São Sebastião, fizeram reclamações recorrentes às prefeituras pela invasão de lama nas ruas de acesso e alagamentos.

“Temos tido problemas com alagamentos nestes bairros quando chove. Fizeram um dique artificial na drenagem, interrompendo a drenagem natural do solo e isso prejudicou. O governo nos chamou, falaram em relicitar, mas não se comprometeram com prazos. A conclusão das obras causaria uma mudança histórica na cidade”, afirmou o vice-prefeito de Caraguatatuba, Capitão Campos Júnior.

Procuradas, a Queiroz Galvão não quis se manifestar, enquanto a Serveng/Civilsan não respondeu aos questionamentos da reportagem.

As obras de contornos estão localizadas nas duas cidades e foram incluídas no projeto de ampliação da Tamoios após o seu lançamento, em 2011, pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB).

A ideia principal era a de desafogar centros urbanos, utilizando as novas vias para que motoristas de caminhões tivessem acesso direto ao Porto de São Sebastião e à região norte de Caraguatatuba.

A proposta inicial previa apenas a duplicação da rodovia em duas etapas: trecho planalto, entre São José dos Campos e Caraguatatuba, e o trecho de serra, até a chegada ao litoral. Assim como o trecho paralisado, as obras de duplicação também já sofreram com os adiamentos, o último deles do final de 2021 para fevereiro de 2022.

De acordo com a secretaria, o atraso ocorreu após a identificação de problemas no solo. O trecho terá o maior túnel do Brasil, com mais de 5,5 km de extensão.

“A avaliação técnica foi profunda antes de retomarmos. Não há nada estrutural que comprometa essa obra. As ferragens aparentes serão arrumadas, assim como paredes de apoio e outros pontos”, explicou Octaviano.

“Arriscamos dizer, inclusive, que vamos concluir esse movimento de retomada com cronograma compatível ao outro trecho [em fevereiro de 2022]”, acrescentou.

Até o momento, a Concessionária Tamoios, que administra a rodovia e foi apontada pelo estado como favorita para assumir os trabalhos de conclusão, diz que acompanha com interesse a retomada das obras, mas não confirmou se há conversas adiantadas ou viabilidade em executar os trabalhos no trecho.

De acordo com a Prefeitura de São Sebastião, as conversas aconteceram de forma contínua nos últimos meses, mas ainda não há esperança por um desfecho rápido, uma vez que uma nova licitação para término dos trabalhos pode levar mais de seis meses.

“Eu e o prefeito já fizemos algumas reuniões com o governador [João Doria] explicando a urgência de finalizarmos. Uma licitação desse porte vai durar, no mínimo, seis meses, esse é o tempo médio. Ainda não temos a informação de um outro acordo com a concessionária. Precisam solucionar essa questão”, disse Luis Eduardo Bezerra, secretário de obras da cidade.

A Fipe prevê um investimento de mais de R$ 1,5 bilhão para conclusão das obras do trecho com cronograma bem menos otimista, de 18 a 24 meses, o que pode estender a entrega para 2023.

A secretaria diz que, como instituição independente, a Fipe realiza projeção mais rigorosa e conservadora.

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