Pioneiro em compras coletivas no Brasil, Peixe Urbano está fora do ar há duas semanas

Usuários reclamam nas redes sociais por falta de informações sobre cupons já comprados

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São Paulo

Em meados de janeiro, Ludmilla Almeida comprou dois cupons de descontos pelo site Peixe Urbano para realizar um procedimento estético. Ao todo, gastou R$ 50, mas só conseguiu utilizar um deles.

Na semana passada, quando foi resgatar o segundo cupom, percebeu que a plataforma estava fora do ar. Tentou contato com a empresa pelo telefone, sem sucesso. Levou a reclamação para a página nas redes sociais, e descobriu lá que não era a única.

Já faz mais de duas semanas que o site da empresa de descontos está indisponível. Isso impede que consumidores resgatem vouchers já comprados, chequem informações, façam reclamações ou se comuniquem com os responsáveis.

No Twitter, as últimas postagens feitas pela conta oficial do Peixe Urbano são do dia 2 de fevereiro. Nelas, a empresa responde diretamente a usuários que reclamaram do problema, dizendo tratar-se de uma questão técnica, e orienta a todos aguardar.

Mas desde então novas reclamações feitas pela plataforma tampouco tiveram retorno. Avisos sobre promoções não são feitos desde março de 2020.

Site do Peixe Urbano está fora do ar há duas semanas; empresa alega problema técnico
Site do Peixe Urbano está fora do ar há duas semanas; empresa alega problema técnico - Reprodução

Na quarta (10), o Procon-SP notificou a companhia, pedindo detalhes do problema técnico que teria tirado o site do ar, e questiona quais foram os canais de atendimento disponibilizados ao público no período de manutenção. Também exige um plano de atendimento para clientes que foram prejudicados nos últimos dias.

O Peixe Urbano tem até o dia 18 para responder às demandas.

Procurada pela Folha, a empresa não respondeu.

Sua página na rede profissional Linkedin informa que 754 pessoas trabalham na companhia. A reportagem fez contato com algumas delas, que disseram ainda estarem empregadas, mas preferiram não comentar sobre a situação.

O Peixe Urbano surgiu em 2010 pelas mãos dos sócios Julio Vasconcellos, Alex Tabor e Emerson Andrade, sendo pioneiro na lógica de compras coletivas no Brasil —em que vendas são feitas com descontos para grupos online. A partir daquele ano proliferaram portais do tipo e a startup chegou a ter participação acionária de Luciano Huck.

O modelo se beneficiou do boom das redes sociais à época. Estabelecimentos comerciais também passaram a ver os portais do tipo como vitrine para fidelizar clientes.

Nos últimos anos, no entanto, o sistema parece ter se esgotado em meio ao fortalecimento do ecommerce. Em 2014, o Peixe Urbano passou a ser controlado pela chinesa Baidu, depois foi para as mãos do grupo Mountain Nazca, que fez a fusão da empresa com o americano Groupon na América Latina em 2017.

Advogado do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), Igor Marchetti diz que há um histórico de falta de informações quando empresas vão à falência, mas ainda não se sabe se esse é o caso do Peixe Urbano.

"O correto é que independentemente disso o Peixe Urbano continue fornecendo atendimento e dando a informação adequada para o consumidor conseguir instrumentalizar aquele voucher. A empresa certamente tem um cadastro de seus clientes e, mesmo que haja problemas técnicos, tem outros meios de contactá-los, por telefone, email, mala direta, o que for", diz.

Segundo ele, a violação é passível de multa e, dependendo do caso, intervenção administrativa.

"Se for o caso de falência, o consumidor é o ente mais vulnerável, porque primeiro ela tem que arcar com processos trabalhistas, depois fiscais e, por último, os consumidores. Atualizá-los sobre os problemas e medidas tomadas é o mínimo", conclui.

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