Descrição de chapéu Financial Times

Países com novas infecções e vacinação mais lenta enfrentam recuperação mais fraca, segundo pesquisa

Principal motor do sucesso econômico em 2021 provavelmente será a capacidade de controlar o vírus

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Chris Giles
Londres | Financial Times

A probabilidade de uma recuperação econômica global coordenada da pandemia de coronavírus diminui conforme a vacinação mais lenta e uma nova onda de infecções em alguns países resultam em "perspectivas de crescimento com grande divergência", segundo pesquisa exclusiva para o Financial Times.

O principal motor do sucesso econômico em 2021 provavelmente será a capacidade de controlar o vírus, segundo o índice de rastreamento Brookings-FT, que prevê que as economias avançadas vão superar os mercados emergentes em crescimento, indicadores financeiros e confiança dos investidores nos próximos meses.

O índice surge enquanto ministros da economia e banqueiros centrais se preparam para as reuniões virtuais do FMI e do Banco Mundial, nesta semana. A previsão econômica divergente aumentará a tensão das já carregadas batalhas globais sobre a produção e distribuição de vacinas.

"A economia mundial enfrenta perspectivas de crescimento radicalmente diferentes em diversas regiões, enquanto as perspectivas de uma rápida recuperação de um 2020 decepcionante ficaram nubladas", disse o professor Eswar Prasad, do Instituto Brookings.

O Índice de Rastreamento da Recuperação Econômica Global (Tiger, na sigla em inglês) do Brookings-FT compara indicadores de atividade real, mercados financeiros e confiança com suas médias históricas para a economia global e para países individuais, captando em que medida os dados no período atual são normais.

Nos números dos últimos seis meses, os dados de economias emergentes continuam muito piores que os habituais desde que o índice foi produzido pela primeira vez, em 2012, enquanto o desempenho das economias avançadas melhorou juntamente com a recuperação dos mercados financeiros.

Na semana passada o FMI e a ONU advertiram que os países mais pobres atingidos pelos efeitos econômicos e sanitários da pandemia correm o risco de enfrentar uma crise de dívida a menos que uma ação mais ambiciosa seja adotada por instituições multilaterais e as economias mais ricas do mundo.
Prasad disse que o sucesso econômico dependia de os países acertarem suas políticas sanitárias e econômicas.

"A receita de uma recuperação forte e duradoura continua a mesma que no ano passado —medidas decisivas para controlar o vírus, juntamente com estímulo monetário e fiscal equilibrado, com ênfase nas políticas que sustentam a demanda assim como melhoram a produtividade", acrescentou ele.

Os Estados Unidos e a China, as duas maiores economias do mundo, estão liderando a recuperação global, segundo mostra o índice, mas com combinações diferentes de políticas. O crescimento nos EUA deverá ter um ano recorde, com a produção prevista para superar os níveis pré-pandemia, nas costas do estímulo fiscal de Joe Biden, que colocou poder de fogo financeiro substancial nas mãos da maioria das famílias americanas.

A economia chinesa continuou resiliente, com poucos surtos de coronavírus, e o governo está voltando sua atenção para ambições em prazo mais longo de aumentar o consumo e o setor de serviços.

Mas na Europa e em grande parte da América Latina as perspectivas de crescimento são fracas, e as previsões do FMI a ser publicadas nesta semana provavelmente mostrarão que sua produção tem pouca perspectiva de alcançar níveis pré-pandemia até 2022.

A produção industrial e o comércio se mantiveram bem em todo o mundo desde os primeiros meses da pandemia no ano passado, embora persistam problemas nos setores de serviços ao consumidor que ainda estão amplamente afetados pelas restrições para controlar a disseminação da pandemia.

"Políticas indecisas estão afetando a confiança do consumidor e das empresas nas economias mais fracas, aumentando as tensões econômicas", disse Prasad.

Com o dólar e os títulos americanos em alta, economistas temem que as economias emergentes com exposição significativa à moeda estrangeira enfrentem dificuldade para saldar suas dívidas.

Membros do FMI discutirão nesta semana iniciativas do grupo das principais economias, o G20, para aliviar esse peso das dívidas, juntamente com esforços para desenvolver um estoque de vacinas mais durável contra a Covid-19 e como a economia mundial poderia se recuperar melhor da crise.

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