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O despertar político de Melinda Gates

Antes intensamente reservada, filantropa agora parece confortável sob holofotes

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Joshua Chaffin Andrew Edgecliffe-Johnson
Nova York | Financial Times

Em abril de 2019, Melinda French Gates estava em viagem para promover seu livro “The Moment of Lift: How Empowering Women Changes the World”, quando uma declaração abriu uma janela sobre seu casamento com Bill Gates.

O assunto mais difícil de tratar no livro, ela confidenciou a um entrevistador da rede de notícias CNBC, foram “os momentos em nosso casamento em que pedi mais igualdade a Bill”. Sua história, ela disse, “era também a história de milhões de outras mulheres”.

Poucos meses mais tarde, Melinda faria algo com que muitos milhões de mulheres estão infelizmente familiarizadas: consultar um advogado sobre um divórcio. Meses depois, em maio deste ano, o casal Gates anunciou via Twitter que seu casamento, que durou 27 anos, estava chegando ao fim. Eles explicaram a decisão dizendo que “não acreditamos mais que seja possível crescermos juntos como casal na fase seguinte de nossas vidas”.

A história parece ter sido mais complicada do que isso.

Homem fala e mulher o observa
Bill e Melinda Gates durante evento em Bruxelas - Francois Lenoir - 22.jan.15/Reuters

A decisão de Melinda de buscar assistência legal veio logo depois de uma reportagem do jornal The New York Times que detalhava o relacionamento entre Gates e Jeffrey Epstein, financista que se matou em uma cela de prisão de Manhattan em 2019 enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual de meninas menores de idade.

Gates disse que lastimava o relacionamento, e que só se reunia com Epstein para falar de filantropia. Mas era uma associação que conflitava frontalmente, para dizer o mínimo, com a mensagem que Melinda tenta transmitir em “The Moment of Lift” (O momento da decolagem, em tradução livre).

Como acontece em muitos casamentos —e divórcios— as complicações da união dos Gates são um mistério para quem está de fora. Mas diferentemente de outras separações, a deles é assunto de interesse mundial e tem consequências importantes, dada a imensa riqueza do casal e seu perfil público.

Nos últimos 21 anos, eles criaram um gigante da filantropia com dotação de US$ 55 bilhões, que não só é maior do que as demais instituições do setor como na verdade ocupa uma categoria toda sua.

Em 2019, a Bill and Melinda Gates Foundation fez US$ 5 bilhões em doações —quase dez vezes mais do que a instituição logo abaixo dela nos rankings da filantropia dos Estados Unidos. A fundação promove pesquisas para vacinas com objetivos modestos como acabar com a mortalidade infantil e erradicar doenças como a poliomielite.

Ao longo dos últimos 12 meses, especialmente, os Gates se tornaram uma presença familiar, e reconfortante, nas telas de TV de lares de todo o planeta, ajudando os espectadores a compreender uma nova pandemia aterrorizante e de que forma ela poderia vir a ser colocada sob controle.

Ao anunciarem sua separação, Bill e Melinda insistiram em que continuavam a acreditar na missão da fundação —ajudar todas as pessoas a levar vidas saudáveis e produtivas— e que “continuaremos esse trabalho juntos”.

A despeito das promessas de uma separação amigável, os dois montaram armadas de advogados de divórcio. No mundo estreitamente controlado da fundação, agora existem rumores de dissensão e dúvidas sobre se a organização será capaz de manter seu formato atual.

“Acho que as pessoas estão um pouco assustadas”, disse um antigo executivo da fundação pouco depois do anúncio. “As pessoas se preocupam com a possibilidade de que a credibilidade e a posição da fundação estejam em risco agora, especialmente em áreas como o empoderamento de gênero”.

Essas ansiedades se aprofundaram depois que Warren Buffett, o amigo mais próximo dos Gates, que havia prometido doar a maior parte de sua fortuna à fundação, anunciou no final do mês passado que estava deixando seu posto como terceiro administrador da instituição.

Na semana passada, o casal Gates anunciou uma nova bomba: se qualquer um deles decidir, em prazo de dois anos, que os dois não conseguem continuar a trabalhar juntos, Melinda deixará a fundação e Bill proverá “recursos pessoais” para que ela siga um caminho próprio na filantropia.

O anúncio só fez crescer a especulação em torno de Melinda, e sobre o que o próximo capítulo de sua vida lhe reserva. Ao longo dos anos, ela progrediu de uma pessoa intensamente reservada, que agia nos bastidores, para uma líder que aparenta se sentir confortável sob os holofotes e que parece cada vez mais dedicada a uma causa específica.

“Quero ver mais mulheres em posição de tomar decisões, controlar recursos e decidir políticas públicas e perspectivas”, ela disse à revista Time em outubro de 2019 —na época em que estava consultando advogados sobre um possível divórcio—, ao prometer doar US$ 1 bilhão em apoio à igualdade de gênero.

Falando no mês passado na Universidade Harvard, depois de receber a Medalha Radcliffe, Melinda professou sua admiração por outros emblemas do empoderamento feminino, a juíza Ruth Bader Ginsburg, da Suprema Corte americana, que morreu em 2020, e a ex-secretária de Estado Hillary Clinton.

“Ela claramente tinha uma perspectiva muito diferente [da de Gates]”, diz Martin Levine, consultor que acompanha há muito tempo a Gates Foundation, apontando para um conflito entre o protótipo do “homem mais inteligente da sala” —cuja fortuna, feita na Microsoft, deu origem à fundação— e o “senso de empoderamento emergente” de sua mulher.

Um antigo executivo da fundação também percebe um potencial de rivalidade.

“Ela deve ter sentido alguma pressão para demonstrar que era sua igual”, diz a pessoa. “Havia momentos em que ele desconsiderava todo mundo que o cercava, inclusive ela”.

Melinda agora se une a Laurene Powell Jobs e a MacKenzie Scott, ex-mulher de Jeff Bezos, em um clube único: antes cônjuges de bilionários da tecnologia, elas se viram subitamente soltas para determinar o curso que desejarem, na filantropia.

“Ela tem acesso aos líderes e pode marcar reuniões com ministros das finanças do G7, mas também tem uma forte capacidade de interagir com as pessoas comuns. Depois de vê-la em campo —fica evidente que ela é uma ouvinte maravilhosa, e tem muita empatia”, disse Mark Suzman, o presidente-executivo da fundação, sobre os talentos de sua chefe. “Ela será uma força”, previu um ex-assessor, “e o mundo se beneficiará disso”.

Para tomar de empréstimo uma expressão que a agrada, Melinda está se preparando para decolar.

A caminho do noroeste

Muito antes de conhecer seu marido, Melinda French já tinha experiência com homens inteligentes que passam muito tempo longe de casa trabalhando, e deixam a tarefa de cuidar dos filhos para suas mulheres.

O pai dela, Raymond, era engenheiro aeroespacial em Dallas, e trabalhou nas missões do Projeto Apollo, que terminou por lavar o homem à Lua (o que explica a referência ao “momento de decolagem” no título do livro de sua filha).

Amigos de Melinda, que sempre parece muito preparada quando aparece em público, insistem em que ela na verdade é uma pessoa divertida, em momentos de descontração —e o dizem como se isso parecesse inconcebível (Melinda, de sua parte, sempre insistiu, nas suas entrevistas, que Gates tem um coração muito terno, como se isso fosse inconcebível). A impressão que ela dá é a de que coexiste com a sua vasta riqueza, em vez de se deixar subjugar por ela.

Muitas vezes, ela abre mão dos adereços que essa riqueza propicia para tornar ocasiões sociais menos desconfortáveis para os demais. Melinda já declarou que um de seus grandes prazeres são as caminhadas que faz com um grupo de amigas nas manhãs de segunda-feira.

Melinda continua a ser leitura ávida de escritores espirituais como Mark Nepo, autor de “The Book of Awakening”. Um dos lugares importantes no começo de sua vida foi a Ursuline Academy, uma escola católica para meninas em Dallas, na qual Melinda ia à missa cinco vezes por semana.

Foi lá que ela começou a usar um dos primeiros computadores da Apple para aprender programação. Mais tarde, estudou na Universidade Duke, onde em apenas cinco anos conquistou um diploma em ciência da computação e um mestrado em administração de empresas.

Ao se formar, em 1986, ela parecia destinada a um emprego em uma multinacional estabelecida, como a IBM. Mas uma executiva da companhia avisou que as mulheres tinham um limite de ascensão em uma empresa já estruturada.

Ela teria mais oportunidade na Microsoft, na época uma empresa de software ainda jovem, em Seattle. Por isso Melinda viajou ao noroeste dos Estados Unidos, e encontrou uma empresa que estava mudando o mundo, empolgante mas também perturbadora.

Os colegas não se limitavam a contestar as posições uns dos outros nas reuniões —eles se atacavam ferozmente, muitas vezes parecendo querer imitar Gates.

Como outras mulheres naquela era vida da vida empresarial, Melinda buscou aliados, mas se preocupava: será que uma cultura interna como aquela um dia se distenderia o bastante para acomodá-la? Cerca de seis meses depois de chegar, ela começou a sair com Bill Gates.

Ainda que Gates tenha escrito uma lista de prós e contras em um quadro branco antes de pedir Melinda em casamento, ele mais tarde descreveria o cortejo em termos românticos que evocavam “O Grand Gatsby”, o clássico de F. Scott Fitzgerald: “quando começamos a namorar, ela tinha uma luz verde na porta de seu escritório que acendia quando estava livre para que eu a visitasse”, contou Gates em “Inside Bill’s Brain” (2019), documentário de Davis Guggenheim para a Netflix.

Era uma homenagem à luz verde que brilhava no atracadouro de Daisy, e que atrai Gatsby.

Outros que os viam interagindo têm uma visão menos rósea sobre a atmosfera da empresa e sobre o relacionamento.

Um antigo consultor da Microsoft, que considera que a cultura de arrogância e privilégios da empresa era a mais agressiva que encontrou no mundo da tecnologia, acrescenta que “me lembro de que todo mundo ficou chocado quando eles ficaram noivos. As pessoas achavam que ela era inteligente demais para isso. Mas ela sabia exatamente com quem estava se casando”.

Melinda começou como gerente de produto do Microsoft Word. Mais tarde, comandou o lançamento da enciclopédia online Encarta, e outros projetos da empresa, terminando por supervisionar 1,7 mil empregados.

Ela deixou a companhia em 1996, quando o primeiro dos três filhos do casal nasceu e —a despeito dos recursos dos Gates— sentiu a mesma solidão e o mesmo desespero que muitas outras mães de primeira viagem sentem. Sua sensação de isolamento foi agravada pelo fato de que a família estava se mudando para a nova e enorme casa que Gates tinha encomendado antes de eles se casarem, em 1994.

Missão da fundação

A Gates Foundation, que eles criaram em 2000, o ano em que Bill deixou a presidência executiva da Microsoft, era uma forma de canalizar a vasta riqueza da família para enfrentar os grandes desafios de saúde pública de nossa era, usando o conhecimento e a ambição que sempre caracterizaram o trabalho da Microsoft.

Embora tenha sido em geral elogiada por seu trabalho beneficente, a fundação também atraiu críticas por alguns dos traços desagradáveis comumente associados às grandes empresas de tecnologia: a sensação de que seus executivos acreditam ser mais inteligentes do que todo mundo mais, e uma abordagem às vezes um tanto prepotente.

Com seu tamanho e força de lobby, por exemplo, a fundação pressionou por mudanças controversas na política de educação dos Estados Unidos, o que incluía reduzir o tamanho das escolas e aumentar o número de exames pelos quais os alunos precisam passar, antes de admitir, anos mais tarde, que as provas de que essas mudanças melhorariam as coisas eram escassas.

“Eles funcionam como uma empresa de tecnologia”, diz Levine. “Entram rápido e saem rápido”.

A fundação abrandou a imagem pública de Gates depois de seu desempenho petulante em audiências do Congresso americano em 1998 para investigar práticas anticompetitivas da Microsoft. Também se tornou a arena na qual o casal Gates batalhou para encontrar mais igualdade em seu casamento.

Melinda escreve extensamente sobre esse desafio em “In The Moment of Lift”. O livro é tanto uma biografia pessoal quanto um registro de suas viagens a cantos empobrecidos do planeta nos quais seus encontros com mulheres locais dão origem a insights sobre saúde pública e crescimento espiritual. É um livro que se acomodaria facilmente em uma prateleira que contivesse também “It Takes a Village”, de Hillary Clinton, e “Leaning In”, de Sheryl Sandberg.

“Para mim, nenhuma questão é mais importante do que essa: seu relacionamento primário tem amor, respeito e reciprocidade, e cria uma sensação de trabalho de equipe, integração e crescimento mútuo? Acredito que todos nos façamos essa pergunta, de uma maneira ou de outra —porque creio que seja um dos grandes anseios da vida”, ela escreve.

Em certa altura, Melinda diz ter se queixado a uma amiga de que se sentia “invisível” mesmo quando estava trabalhando ao lado de Bill.

O casal e seus assessores insistem constantemente em que os dois sempre foram iguais na fundação, onde trabalham em escritórios interligados. Suzman diz, sobre o relacionamento de trabalho entre eles, que “Bill e Melinda ficam sentados juntos na cabeceira de uma longa mesa em nossa sala de reuniões, e conversam e chegam a decisões com base no que aprendem em discussões muitas vezes vigorosas”.

Mas nos dias iniciais da fundação, alguns empregados dizem que nem sempre viam os dois copresidentes como iguais.

“A cultura era a de tentar agradar papai e mamãe, por assim dizer, e isso criou um ambiente no qual todos tentavam trabalhar de uma maneira que impressionasse os copresidentes. E acho que Bill recebia mais atenção do que Melinda, só por conta de quem ele é”, recorda uma dessas pessoas.

As abordagens dos dois também diferiam. “Ouve-se muito sobre ela ser a influência mais humana, e essa certamente era minha perspectiva”, diz Greg Ratliff, que passou uma década na Gates Foundation trabalhando na área de educação, e agora é vice-presidente sênior da Rockefeller Philantropy Advisors. “Bill amava os instrumentos de tecnologia de educação e a maneira pela qual funcionavam, e aceleravam —ou não— o aprendizado. E Melinda se preocupava mais com a experiência dos estudantes. E sobre a utilidade dos recursos que propúnhamos para os professores”.

Se houve um momento que definiu a gradual emergência dela como figura pública foi a Conferência de Cúpula sobre Planejamento Familiar de Londres, em 2012. Ela presidiu o evento, e dominou o pódio em companhia do primeiro-ministro britânico David Cameron e outros líderes mundiais.

Em um discurso em que esbanjou confiança, Melinda professou sua convicção de que as mulheres deveriam ter ampla disponibilidade de contraceptivos, e prometeu doar mais de US$ 1 bilhão para isso —atraindo críticas da Igreja Católica.

“Acho que vocês sabem que Bill e eu acreditamos demais em inovação. Foi o que nos atraiu para a tecnologia de computação, para começar”, ela disse. “Mas hoje estou empolgada por me unir a vocês todos a fim de inovar em benefício da mulher. Isso é algo novo e empolgante, para mim.”

Por trás das cenas, houve uma mudança mais sutil, naquele ano. Melinda queria ser coautora da carta anual que Bill envia aos interessados no trabalho da fundação. Embora isso possa parecer trivial, a carta é encarada dentro da fundação como uma espécie de discurso sobre a situação da instituição.

Bill resistiu, argumentando que as coisas pareciam estar funcionando bem do jeito que eram, de acordo com o relato de Melinda. Por fim, ele consentiu em que ela escrevesse um relato sobre sua visita recente ao Níger e Senegal, a ser incluído como parte de sua carta.

No ano seguinte, ela teve participação ainda maior na confecção da carta. E um ano depois conquistou igualdade plena como coautora.

Empreitada solo

Em 2015, surgiu outro desdobramento que alguns observadores agora encaram como mais um passo para a separação dos Gates: Melinda criou sua companhia pessoal de investimento, a Pivotal Ventures, dedicada a causas femininas. Ela manteve seu estilo cauteloso, e por isso a empreitada foi lançada sem press release ou alarde, e só foi revelada porque alguns repórteres de tecnologia encontram o site da empresa por acaso.

Um dado revelador é que o site descreve a Pivotal como “uma empresa de Melinda French Gates” —em uma rara inclusão, na época, de seu nome de solteira.

Entre os 12 empregados da companhia estava uma das confidentes mais próximas de Melinda: Catherine St-Laurent, especialista em comunicação que mais tarde trabalhou com o príncipe Harry e Meghan Markle em sua nova fundação.

A Pivotal agora tem mais de 90 empregados e sede própria, do outro lado do lago Washington com relação à da Gates Foundation. A companhia já realizou mais de 150 investimentos —filantrópicos e de capital para empreendimentos—, todos com a intenção de reduzir a disparidade entre os gêneros no setor público e no setor privado.

Um desses investimentos aconteceu na Ellevest, uma plataforma de administração de investimento direcionada a mulheres, cuja presidente-executiva é Sallie Krawcheck, que foi executiva financeira em Wall Street. Uma pessoa próxima a Melinda descreve a Pivotal como “o lugar onde ela podia pensar diferente”. E lá estava: um projeto dela.

“Ela realmente acredita que as mulheres sejam o fulcro”, disse um antigo executivo da fundação que era próximo de Melinda.

Depois do divórcio, há quem especule que a Pivotal se tornará o interesse primário de Melinda. Bill tem seu projeto pessoal, um fundo de capital para empreendimentos que se concentra em tecnologias revolucionárias de energia limpa.

Entre as apostas da Pivotal está um investimento de US$ 40 milhões na iniciativa “A Igualdade Não Pode Esperar”, que recebeu dinheiro de Mackenzie Scott e tem por meta fazer doações a organizações que tenham ideias transformadoras para melhorar a igualdade de gêneros.

Desde que se divorciou de Bezos, fundador da Amazon, dois anos atrás, a escritora Scott doou quase US$ 9 bilhões, rejeitando a notoriedade e parecendo quase embaraçada por não conseguir se livrar mais rápido do dinheiro.

Não importa como Melinda proceda, a questão é se ela será capaz de ter o mesmo impacto sem Gates, cuja fortuna permitiu a decolagem inicial das iniciativas de ambos. Por outro lado, depender só de si mesma pode ter benefícios para ela.

Como Melinda escreveu um dia: “venho tentando encontrar minha voz enquanto falo ao lado de Bill —e isso pode tornar difícil que as pessoas me escutem”.

Traduzido originalmente do inglês por Paulo Migliacci

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