Philip Morris vai parar de vender cigarros Marlboro no Reino Unido

Jacek Olczak, presidente da empresa, disse que o 'problema do fumo' pode estar resolvido em um curto prazo

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Jonathan Eley
Financial Times

A emblemática marca de cigarros Marlboro desaparecerá das prateleiras do Reino Unido dentro de 10 anos, disse o presidente-executivo do grupo de tabaco Philip Morris International.

Jacek Olczak, que adotou para a Philip Morris uma estratégia de diversificação mais radical do que a maioria de seus concorrentes mundiais, disse que “o problema do fumo” pode estar resolvido no Reino Unido “dentro de no máximo 10 anos”, ainda que ele e outros tenham enfatizado que isso só poderia acontecer como parte de um esforço mais amplo, sustentado por regulamentação.

Ele declarou ao jornal Mail on Sunday que isso “absolutamente” significaria encerrar a venda de cigarros tradicionais no Reino Unido.

A marca Marlboro, um dia comercializada como cigarro para mulheres mas tornada famosa pelas campanhas publicitárias estreladas pelo “homem de Marlboro”, sempre um sujeito rústico retratado em espaços abertos, “vai desaparecer”.

Maço de cigarros Marlboro - Leonhard Foeger - 12.mai.17/Reuters

A Philip Morris International, que foi separada da Altria, companhia de tabaco cotada na bolsa de valores de Nova York, em 2008, vende cigarros Marlboro em boa parte do mundo. Seu faturamento no Reino Unido é de 800 milhões de libras (R$ 5,6 bilhões) anuais, de acordo com balanços oficiais. A antiga controladora da empresa continua a fabricar e vender cigarros da marca nos Estados Unidos, onde eles ainda são líderes claros do mercado.

Sob o comando de Olczak, que se tornou presidente-executivo este ano depois de quase 30 anos na companhia, a Philip Morris investiu pesadamente em alternativas à nicotina, entre as quais o IQOS, seu principal produto.

O aparelho semelhante a um cigarro, que aquece o tabaco em lugar de queimá-lo, tem mais de 20 milhões de usuários em todo o mundo.

Internacionalmente, a empresa obtém quase um quarto de sua receita da venda de produtos alternativos, proporção muito superior à registrada por rivais como a Altria e a Imperial Tobacco.

Em março, a Philip Morris assumiu o compromisso de obter metade de sua receita de produtos não relacionados ao fumo, e no começo deste mês a empresa anunciou que adquiriria a Vectura, uma fabricante britânica de inaladores para ministração de medicamentos, por mais de um bilhão de libras.

Emmanuel Babeau, vice-presidente de finanças da empresa, disse ao Financial Times na semana passada que “acreditamos no fim dos cigarros, e vamos contribuir para isso”.

Os ativistas que combatem o fumo expressaram ceticismo quanto ao abandono completo dos cigarros tradicionais pelas companhias de tabaco, e afirmam que algumas das alternativas ao fumo são quase tão perigosas quanto o cigarro.

O compromisso para com o fim da venda de cigarros tradicionais no Reino Unido também é movido, em parte, pelo comportamento dos consumidores e investidores, e por políticas governamentais. O hábito do fumo já é comparativamente modesto no país, e os cigarros são pesadamente tributados e, desde 2016, só podem ser vendidos em embalagens sem marca.

Em 2019, o governo assumiu o compromisso de reduzir o número de fumantes na população a 5% dos britânicos até 2030, cerca de um terço do nível atual.

Traduzido originalmente do inglês por Paulo Migliacci

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