Descrição de chapéu STF

Fux diz que 'calote nunca mais' deve ser premissa de PEC dos precatórios

Ministro do STF admite possibilidade de parcelamento das dívidas, mas afasta hipótese de longo prazo

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Brasília

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luiz Fux, afirmou nesta quinta-feira (26) que há disposição por perte do Judiciário em discutir uma saída para impasse em torno dos precatórios com os demais Poderes.

Embora tenha ressalvado que o Judiciário deve deferência ao Legislativo e que não se faz controle constitucional antecipado, o ministro externou preocupação com a ideia da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) enviada pelo Executivo ao Congresso propondo o parcelamento das dúvidas da União derivadas de processos judiciais.

Fux admitiu o parcelamento dos precatórios, mas afastou a hipótese de longo prazo.

O ministro afirmou que o país já assistiu a esse filme no passado, quando propostas prevendo o parcelamento "ad infinitum" foram declaradas inconstitucionais, gerando insegurança jurídica e aumento do risco Brasil.

"A grande regra seria: calote nunca mais", disse, durante participação em evento online promovido pela XP Investimentos.

“A nossa preocupação não é só garantir governabilidade. Mas, também a de sermos respeitados no mercado internacional como um país que cumpre as suas obrigações.”

A discussão sobre o pagamento de precatórios —dívidas do governo reconhecidas pela Justiça e sem possibilidade de recurso— é hoje uma das preocupações do mercado.

A conta explodiu, de R$ 54 bilhões neste ano para R$ 89 bilhões em 2022. O governo propôs parcelar parte desses débitos em dez anos.

O texto da PEC enviada ao Parlamento cria um fundo que permite o pagamento de precatórios sem contabilização do teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas do governo à variação da inflação.

O presidente do Supremo afirmou que a posição da corte é a de que deve haver o adimplemento da obrigação.

“Precatórios têm que ser pagos”, disse, frisando que o poder público também arrecada muito por força de decisões judiciais.

Ele afirmou que uma ideia em gestação é considerar o valor da dívida quando da edição do teto de gastos. Tal valor seria pago no Orçamento de 2022 e o restante no exercicio subsequente, com prioridade para as dívidas de menor valor e para os precatórios alimentícios.

Com isso, disse o magistrado, quita-se a dívida em prazo razoável, "um microparcelamento razoável para a União", e atende as expectativas do mercado.

Na quarta (25), o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, afirmou que governo está disposto a rediscutir a proposta de usar um fundo sustentado por ativos da União para antecipar o pagamento de parcelamentos de precatórios fora da regra do teto de gastos.

Ele reiterou que o governo vai encaminhar ao Congresso até o fim deste mês um projeto de lei orçamentária que vai prever o pagamento total dos precatórios que vencem no próximo ano, sem a possibilidade de parcelamento.

Caso a PEC ou outra alternativa que minimize os gastos seja aprovada nos próximos meses, o governo encaminhará uma mensagem modificativa com ajustes ao projeto.

A IFI (Instituição Fiscal Indenpente), ligada ao Senado, diz a proposta de parcelar os precatórios e criar um fundo para pagá-los burla o teto de gastos e abre caminho para a criação de um Orçamento paralelo.

Nesta quinta (26), o o ministro Paulo Guedes (Economia) criticou essa posição e voltou a falar que o pagamento de precatórios de uma vez só em 2022 pode deixar o país sem dinheiro para a compra de vacinas contra a Covid-19.

Na semana passada, ele disse que não haverá recursos suficientes para pagar os salários de servidores caso a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) para parcelar precatórios não seja aprovada pelo Congresso.

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