Senado dos EUA aprova plano de infraestruturas de US $ 1,2 trilhão de Biden

Pacote parece mais incerto na Câmara de Representantes, onde surgiram fissuras dentro da estreita maioria democrata

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Elodie Cuzin
Washington | AFP

O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta terça-feira (10) o colossal plano de investimento em infraestruturas de US $ 1,2 trilhão promovido pelo presidente Joe Biden, uma grande vitória para o presidente democrata, que deve esperar a votação final na Câmara de Representantes para cantar vitória.

Após meses de negociações, este pacote descrito pela Casa Branca como "histórico", e que exige apenas uma maioria simples para ser aprovado, recebeu apoio de vários republicanos, algo incomum em um Congresso polarizado.

Seu futuro, no entanto, parece mais incerto na Câmara de Representantes, onde surgiram fissuras dentro da estreita maioria democrata, entre a ala esquerda e os centristas. É provável que as negociações sejam difíceis e que a votação final no Congresso não chegue até o outono (primavera no hemisfério Sul).

Presidente Biden durante coletiva de imprensa na Casa Branca, em Washington - Evelyn Hockstein/Reuters

Fruto de um compromisso incomum entre democratas e alguns republicanos, o plano de investimento em infraestruturas prevê US$ 550 bilhões em novos gastos federais em estradas, pontes, internet de banda larga e na mudança climática.

Se levar em consideração a reorientação de outros fundos públicos existentes, alcança um total de US$ 1,2 trilhão, o equivalente ao PIB da Espanha em 2020.

É um acordo "histórico", segundo Joe Biden, que foi senador por três décadas e gosta de destacar sua capacidade de negociação no Capitólio, a sede do Congresso.

Sua vice-presidente Kamala Harris presidiu a sessão para anunciar esta importante vitória no Senado.

Joe Biden está na Casa Branca "há apenas sete meses e o Senado já está prestes a aprovar o primeiro grande pacote de infraestruturas em mais de uma década" com apoio dos republicanos, afirmou o chefe da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, pouco antes da votação.

O ex-presidente republicano Donald Trump classificou o acordo como "uma vergonha" e ameaçou tomar represálias eleitorais contra os republicanos que votaram a favor, alertando que a aplicação do plano daria uma "vitória" ao seu sucessor democrata.

Ao menos três senadores republicanos que participaram nas negociações decidiram votar contra.

Mas seu influente líder Mitch McConnell deu seu voto a favor, muito consciente da popularidade de um programa deste tipo em um país com infraestruturas deficientes.

No entanto, esse acordo entre os republicanos e os democratas vai durar muito pouco.

Agora que o plano de infraestruturas foi adotado, o Senado vai examinar outra parte importante do programa de Joe Biden: um plano titânico para investir US$ 3,5 trilhões —quase o equivalente ao PIB de 2020 do gigante econômico alemão— em "infraestruturas humanas".

Isso representa uma avalanche de gasto social em educação, saúde, mercado de trabalho e clima, incluindo medidas de transição energética projetadas para "colocar os Estados Unidos no caminho de cumprir" os ambiciosos objetivos climáticos de Joe Biden, que consistem em reduzir a zero os níveis de poluição no setor energético americano até 2035 e fazer com que a economia do país seja neutra em carbono até 2050.

É "o projeto de lei mais importante para os trabalhadores, os idosos, os doentes e os pobres desde FDR (o presidente Franklin Delano Roosevelt) e o New Deal dos anos 30", disse o senador independente Bernie Sanders, presidente da Comissão de Orçamentos.

Um "investimento único em uma geração" para consertar uma economia que agora é muito "injusta", segundo a Casa Branca. Um gasto "louco", segundo os republicanos, que prometeram se opor ferozmente.

Para evitar seu possível bloqueio no Senado, os democratas recorrerão a um procedimento parlamentar que os permitirá aprová-lo apenas com seus votos (50, além do da vice-presidente Harris, que pode votar em caso de empate).

A batalha começará nesta terça-feira com a votação da resolução orçamentária que contorna o projeto de lei. Os senadores terão, então, até 15 de setembro para apresentarem o projeto de lei definitivo com um valor final e os meios para financiá-lo.

Esses dois pontos ainda não contam com o apoio unânime dos democratas, porque alguns centristas já indicaram que o projeto de lei parece ser caro demais.

As negociações serão provavelmente arriscadas e é possível que a votação final na Câmara não ocorra até outubro ou inclusive novembro.

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