Citigroup vai demitir trabalhadores nos EUA que recusarem vacina

Grupo de Wall Street assume posição dura, enquanto juízes conservadores da Suprema Corte questionam ordem de Biden

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Joshua Franklin Kiran Stacey
Nova York e Washington | Financial Times

O Citigroup vai demitir no final de janeiro seus funcionários nos Estados Unidos que não tenham sido vacinados ou recebido uma isenção, segundo uma pessoa informada sobre o assunto, adotando uma das mais rígidas políticas entre os grandes bancos de Wall Street.

O banco havia dito em outubro que exigiria que os funcionários nos EUA fossem totalmente vacinados contra Covid-19 como condição para manter seus empregos, e definiu o prazo de 14 de janeiro para que os empregados relatem se foram vacinados ou receberam isenção médica ou religiosa, ou outras exceções previstas na legislação local.

No Citi, os empregados que não foram vacinados serão colocados em licença não remunerada pelo restante do mês e demitidos em 31 de janeiro, segundo a fonte. A notícia do prazo do banco foi relatada primeiramente pela Bloomberg News.

Uma mulher passa na frente do logo do Citibank
Logo do Citibank - Bobby Yip - 11.jun.2019/Reuters

A medida ocorre enquanto uma ordem federal de vacinar ou testar para grandes empregadoras sofre escrutínio jurídico, com a Suprema Corte dos EUA ouvindo argumentos sobre a política do governo Biden na sexta-feira (7).

Mais de 90% dos empregados do Citi, que tem cerca de 65 mil funcionários nos EUA, estão vacinados, e a administração do banco espera que o número aumente ao se aproximar o prazo final.

A política de vacinação do Citi é rígida em comparação com as de outros bancos, como o JPMorgan Chase, que deixaram a porta aberta para tornar a vacinação obrigatória, mas ainda não o fizeram. O JPMorgan e o Goldman Sachs exigem que os funcionários estejam vacinados para entrar nos escritórios.

O presidente Joe Biden anunciou no ano passado que companhias com cem empregados ou mais teriam de garantir que todo o pessoal fosse vacinado ou apresentasse resultado negativo em testes semanais. A ordem está sendo contestada em tribunais por um grupo de governadores republicanos e grupos empresariais, e encontrou ceticismo por parte de membros da maioria conservadora da Suprema Corte na sexta.

A audiência no tribunal superior discutiu principalmente se a Administração de Saúde e Segurança Ocupacional (Osha na sigla em inglês), órgão federal encarregado da segurança no local de trabalho, tem poder legal para impor uma ordem tão abrangente. Ela está tentando fazê-lo como uma regra de emergência imediata, em vez de passar por um processo formal de regulamentação, que poderia levar meses.

A ordem deverá entrar em vigor na segunda-feira (10), embora a Osha tenha dito que dará às empresas mais um mês para montar um esquema de testes para funcionários não vacinados.

Os juízes poderão decidir ainda neste fim de semana se colocarão a ordem à espera enquanto contestações jurídicas prosseguem em tribunais inferiores.

Enquanto os três membros da ala liberal da Suprema Corte expressaram na sexta vários graus de apoio à ordem, diante do aumento de casos de Covid-19, a maioria conservadora de seis membros parecia menos convencida, questionando se a ordem tinha abrangência excessiva e se a Osha era a autoridade adequada para emitir regras abrangentes para empregadores.

Os bancos de Wall Street, que foram dos maiores defensores do retorno aos escritórios, estão entre diversas empresas que tiveram seus esforços para fazer o pessoal voltar ao trabalho presencial prejudicados pela rápida disseminação da variante ômicron, altamente transmissível.

O Citi pediu que os funcionários de escritório que não precisarem estar presentes para sustentar operações críticas trabalhem em casa "nas primeiras semanas do ano novo". Ele adotou uma abordagem ligeiramente mais descontraída que pares como o Goldman, que trouxe o pessoal de volta, mas com um grau maior de flexibilidade e oferecendo mais dias de trabalho em casa.

A administração do Citi disse esperar que uma abordagem mais flexível seja vantajosa para o recrutamento na guerra por talentos em Wall Street.

A vasta maioria dos americanos submetidos a ordens de vacinação no local de trabalho as acatou. Para empregadores que adotaram as ordens, a porcentagem de trabalhadores vacinados subiu até 20 pontos percentuais, ficando em torno de 90%, segundo um relatório da Casa Branca de outubro.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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