Os bancos americanos Goldman Sachs e JP Morgan anunciaram nesta quinta-feira (10) a suspensão de suas atividades na Rússia, se tornando as primeiras grandes instituições financeiras dos Estados Unidos a interromper os negócios no país europeu em resposta à invasão na Ucrânia.
"O Goldman Sachs está encerrando seus negócios na Rússia em conformidade com os requisitos regulatórios e de licenciamento. Estamos focados em apoiar nossos clientes em todo o mundo na gestão ou no fechamento de obrigações pré-existentes no mercado e garantir o bem-estar de nosso pessoal", diz comunicado divulgado pelo banco.
"Em linha com as orientações passadas pelos governos ao redor do mundo, estamos ativamente nos desfazendo de negócios na Rússia e não estamos buscando novas operações no país", informa o JP Morgan.
Fazer negócios na Rússia tornou-se uma tarefa cada vez mais desafiadora para os bancos ocidentais, em meio às sanções internacionais contra o governo de Vladimir Putin.
Embora os bancos europeus sejam os mais expostos à Rússia, os bancos dos Estados Unidos ainda têm uma exposição significativa na região, que totaliza cerca de US$ 14,7 bilhões (R$ 80 bilhões), segundo dados do BIS (Bank of International Settlements).
No relatório anual de 2021, o Goldman Sachs informou ter uma exposição de crédito próxima de US$ 650 milhões (R$ 3,5 bilhões) na Rússia.
Com aproximadamente US$ 10 bilhões (R$ 54,4 bilhões) em negócios no país, o Citi é o conglomerado financeiro americano com a maior exposição à Rússia.
Com o anúncio, o Goldman Sachs e o JP Morgan se juntam a uma série de empresas multinacionais que ao longo dos últimos dias já haviam tomado a mesma decisão de interromper suas atividades em solo russo, em retaliação aos ataques contra as cidades ucranianas.
Empresas como Shell e BP abandonaram negócios bilionários na Rússia, enquanto Volvo, Apple e gigantes dos transportes, como MSC e Maersk, suspenderam remessas.
O grupo Inditex, que controla a Zara, de vestuário, também paralisou as operações de suas 502 lojas no país, assim como seu principal concorrente, a H&M.
As empresas de meios de pagamento Visa, Mastercard, American Express e PayPal também já haviam anunciado a suspensão de suas atividades na Rússia.
Já o banco europeu Credit Suisse divulgou um posicionamento nesta quinta em que condena os ataques da Rússia contra as cidades e a população ucraniana e informa que tinha uma exposição de crédito de aproximadamente 848 milhões de francos suíços (R$ 4,6 bilhões) no país em dezembro de 2021.
"Estamos profundamente entristecidos com a invasão russa na Ucrânia. Condenamos esta invasão e as graves violações do direito internacional. A instabilidade que esses eventos estão criando para sociedades e países em todo o mundo terá consequências de longo alcance", disse Thomas Gottstein, CEO do Credit Suisse, em nota.
"Acreditamos que a exposição do banco em relação à Rússia é bem gerenciada, com sistemas apropriados para lidar com os riscos associados", disse o executivo.
O banco suíço destacou ainda que é prematuro fazer estimativas quanto aos potenciais impactos da guerra para a economia global, os mercados e o apetite de risco dos clientes.
"No entanto, no curto prazo, o aumento nas operações de trading e de proteção das carteiras deve ser compensada por uma redução nas emissões no mercado de capitais devido ao aumento da volatilidade."
O Credit Suisse diz ainda que tem um escritório em Moscou em que trabalham 125 funcionários nas áreas de wealth management (gestão de patrimônio) e banco de investimento.
Com Reuters
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