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Problemas com acesso à internet atingem 68% dos trabalhadores por apps

Digitalização impulsionada pela pandemia ainda esbarra em limitações de infraestrutura, mostra pesquisa

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São Paulo

Apesar do aumento do acesso à internet no Brasil durante a pandemia, a qualidade dos serviços de conexão ainda não é homogênea. A maior parte dos trabalhadores por apps enfrentou dificuldades relacionadas à web em 2021, segundo a pesquisa TIC Covid, divulgada nesta terça-feira (5).

Para a categoria, ficar sem acesso à internet é como um trem tentar operar sem trilhos. A realização do serviço torna-se impossível, e ainda com o agravante de não haver formas de contornar o impacto no rendimento diário do trabalho.

A pesquisa, elaborada pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), mostra que 68% dos entregadores e motoristas de aplicativos passaram por esse tipo de situação no ano passado.

Motos de entregadores de aplicativo estacionadas
Entregadores de aplicativos enfrentam dificuldades com conexão à internet - Karime Xavier/Folhapress

A digitalização promovida pela pandemia, ao mesmo tempo que fez aumentar o acesso à internet entre os mais pobres, esbarra na falta de infraestrutura e evidencia a desigualdade digital existente no país.

Segundo Fabio Senne, coordenador de pesquisas do Cetic.br/NIC.br, a pandemia aumentou a demanda por conexões de maior qualidade e estabilidade. "Não basta mais um acesso a cada três meses, mas sim um acesso a todo momento, sem interrupções e sem problemas de cobertura", diz.

Um índice que resume a disparidade do acesso à internet no Brasil é o que se refere ao dispositivo usado para fazê-lo. Enquanto o celular é o principal meio em todas as classes, o acesso pelo computador é restrito a 22% da classe D/E, frente a 93% da A/B.

A proporção reflete a qualidade da experiência do usuário com a web à medida que trabalhar com planilhas, escrever textos e criar apresentações em um computador é muito mais produtivo do que em um smartphone.

Além disso, enquanto 91% da classe A/B fez consultas, pagamentos ou outras transações financeiras pela internet em 2021, o índice cai para 53% na classe D/E.

Apesar do número expressivamente menor, trata-se de um aumento significativo em relação à pesquisa TIC Domicílios 2019, feita com o mesmo recorte etário. Naquele ano, apenas 11% da classe D/E realizou esse tipo de atividade na internet.

As restrições sociais impostas pela crise sanitária, que alavancaram o trabalho remoto e a oferta de serviços públicos por apps, como o Gov.br, o Pix e o auxílio emergencial, são o principal motivo para este aumento.

"Do ponto de vista do acesso à internet e a serviços online, dá para dizer que a distância entre os diferentes grupos da população foi reduzida [durante a pandemia]. Mas se olharmos do ponto de vista do aproveitamento dos recursos e das oportunidades, as desigualdades estão maiores ou se mantêm inalteradas", disse Senne.

Em relação ao consumo, no geral da população, 51% dos usuários compraram produtos e serviços pela internet –na classe A/B, a proporção é de 81%, frente a apenas 30% da classe D/E.

A pesquisa ainda mostra que o trabalho remoto foi realizado por 66% da classe A/B, 33% da classe C e 16% da classe D/E durante a pandemia. Entre os trabalhadores por apps, 60% entraram no ramo durante a crise da Covid.

A amostra da 4ª edição da TIC Covid é de 5.552 pessoas com 16 anos ou mais, entrevistadas entre 15 e 30 de julho de 2021 pela internet.

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