Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta quinta-feira (26). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo.
Musk precisa arranjar mais US$ 6 bi para Twitter
Elon Musk se comprometeu a tirar mais dinheiro do bolso –ou reunir mais grana de outros investidores– para pagar a compra do Twitter.
Entenda: esse é o valor que faltava para o bilionário não depender de um financiamento garantido em ações da Tesla que ele possui.
- O empréstimo, que antes era de US$ 12,5 bilhões, foi reduzido no começo do mês, quando Musk conseguiu levantar US$ 7 bilhões com 19 investidores ligados a ele.
- Com a promessa de arranjar os US$ 6 bilhões restantes, ele encerrou esse financiamento.
Resumindo: Musk precisa tirar US$ 33 bilhões do bolso, sem contar o empréstimo de US$ 13 bilhões junto a bancos.
- Descontando as ações da Tesla que vendeu, a participação que já tem no Twitter e o que conseguiu com investidores, Musk ainda precisa arranjar cerca de US$ 20 bilhões –caso o negócio saia no preço acordado.
Em espera: o dono da Tesla afirmou há cerca de dez dias que a compra havia sido suspensa até que o Twitter comprovasse a ele que o número de bots (robôs) da plataforma seja realmente menor que 5%, como ela afirma.
- A rede social diz querer fechar o negócio pelo preço original, de US$ 54,20 por ação.
Impacto na Bolsa: o documento divulgado nesta quarta fez as ações do Twitter subirem mais de 5% nas negociações pós-mercado, para US$ 39,25. Os papéis da Tesla pouco oscilaram.
Fatia de investimentos gringos aumenta
Os estrangeiros participaram de 39% dos investimentos em startups brasileiras de janeiro a abril deste ano.
É uma alta ante os 33% registrados no mesmo período de 2021. Os dados são da plataforma de inovação Distrito.
Em números: nas maiores captações, em que os valores superaram US$ 50 milhões (R$ 250 milhões), os gringos foram responsáveis por 90% do total. Ao menos dois terços do capital investido nos últimos cinco anos veio do exterior.
- Os setores mais buscados por fundos estrangeiros são fintechs (26% das rodadas), retailtechs (12%) e healthtechs (10%). EUA, Alemanha e Japão são os países com mais gestoras investindo em startups do país.
O que explica: a entrada de dinheiro gringo é uma tendência do mercado brasileiro de startups nos últimos anos, marcados por liquidez elevada e real desvalorizado.
- Em 2021, os investimentos em startups do país atingiram US$ 9,4 bilhões (cerca de R$ 45 bilhões), um recorde.
- O cenário deste ano, mais adverso ao capital de risco, limita os aportes. Se no ano passado o Brasil ganhou dez unicórnios (startups avaliadas em US$ 1 bi ou mais), neste ano até agora foram apenas dois.
- Ainda assim, a alta de juros está apenas começando lá fora, enquanto no Brasil está chegando ao fim do ciclo. Isso pode explicar o aumento de fluxo de dólares no começo do ano por aqui.
Fome no Brasil dobra em 7 anos
A insegurança alimentar no Brasil atingiu patamar recorde no final de 2021 e superou, pela primeira vez, a média global.
Em números: a taxa saltou de 17% em 2014 para 36% no final de 2021 –a média global é de 35%. Os dados são da pesquisa global Gallup, feita em 160 países com 125 mil questionários e foram analisados no Brasil pelo FGV Social.
- Entre os 20% mais pobres brasileiros, 75% disseram ter faltado dinheiro para a compra de alimentos nos 12 meses anteriores à pesquisa.
- No recorte das mulheres, a taxa chegou a 47%; e a 45% para as pessoas com idades entre 30 e 49 anos –grupos que geralmente têm mais filhos.
O que explica: o aumento compreende o período em que o país entrou em recessão no governo Dilma Rousseff (2011-2016) e que foi seguido por crescimento medíocre.
- Mais recentemente, a situação piorou com a alta inflação e a queda de renda dos trabalhadores, que diminuem o poder de compra dos brasileiros mais pobres.
Desigualdade: entre os 20% mais pobres no Brasil, o nível de insegurança alimentar é próximo dos países com maiores taxas, como Zimbábue (80%).
- Na outra ponta, os 20% mais ricos têm taxa de 7%, próximo do nível de países como a Suécia.
Teto no ICMS sobre energia avança
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta o projeto que limita o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre energia e combustíveis.
Com placar de 403 a 10, a proposta agora vai ao Senado, Casa em que deve enfrentar maior resistência. Os estados também pretendem barrar a medida no STF.
Entenda: o texto prevê que a alíquota do imposto estadual sobre combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo não poderá superar uma faixa de 17% a 18%.
- Os deputados dizem se basear em entendimento do STF que limita a incidência do ICMS acima dessa banda.
Compensação: a proposta prevê um reembolso da União para os estados em regime de recuperação fiscal e uma redução da dívida para os entes endividados que tiverem perda de arrecadação superior a 5% em relação a 2021.
- Os municípios (que recebem uma parte do ICMS) também serão compensados pelas perdas.
Em números: os estados afirmam que eles terão um impacto entre R$ 64,2 bilhões a R$ 83,5 bilhões por ano na arrecadação, enquanto os municípios calculam que vão perder R$ 21 bilhões.
O que explica: a medida é patrocinada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para reduzir os preços de combustíveis e energia no ano eleitoral. Alguns estados têm reajustes acima de 20% previstos na conta de luz.
Mais da proposta: o texto aprovado na Câmara ainda muda lei complementar que trata da incidência de ICMS sobre diesel.
- Esse medida refere-se à lei sancionada em março que fixa a alíquota do imposto. Os estados então costuraram uma alíquota máxima, para, na prática, manter a cobrança nos mesmos níveis.
- Pelo texto aprovado nesta quarta, a base de cálculo do imposto será, até 31 de dezembro deste ano, a média de preços dos últimos cinco anos.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.