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Brasil atrai estrangeiro com valorização de matérias-primas

Dólar cai e Bolsa salta 2% com disparada nos preços de petróleo e minério

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São Paulo

Investidores estrangeiros apostaram no mercado de ações do Brasil em busca lucros com a valorização do setor mais importante da Bolsa de Valores local, o de matérias-primas. Uma combinação de crises internacionais e medidas para enfrentá-las, o que inclui um pacote de estímulos chinês para combater a desaceleração da economia no país, explica esse movimento.

Nesta terça-feira (23), a disparada nos preços de petróleo e derivados, assim como a valorização do minério de ferro, levaram o Ibovespa a avançar 2,13%, a 112.857 pontos.

As principais contribuições para a alta do índice de referência da Bolsa vieram dos ganhos da mineradora Vale e da petrolífera Petrobras, cujos papéis mais negociados saltaram 6,41% e 3,18%, respectivamente.

A entrada de moeda estrangeira também beneficiou o real. O dólar fechou o dia em queda de 1,25%, cotado a R$ 5,0990.

Logotipo da Vale na sede da empresa, no Rio de Janeiro; ações dispararam 6,41% nesta terça (23)
Logotipo da Vale na sede da empresa, no Rio de Janeiro; ações dispararam 6,41% nesta terça (23) - Pilar Olivares - 20.ago.2014/Reuters

"O ingresso de estrangeiros na Bolsa acaba também beneficiando o câmbio e, com isso, o mercado doméstico vem se superando diante do período eleitoral", comentou Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

Investidores estrangeiros aportaram R$ 17,1 bilhões no mercado acionário doméstico em agosto, segundo dados mais recentes da B3, a Bolsa de Valores do Brasil.

É o melhor resultado desde os R$ 21,3 bilhões acumulados em março, quando o início da Guerra da Ucrânia fez disparar o preço das commodities e, com elas, das ações de grandes exportadores com sede em países emergentes.

No acumulado de 2022, o saldo das aplicações internacionais na B3 está em quase R$ 71 bilhões. Se consideradas ofertas públicas de novas ações, o número sobe para quase R$ 88 bilhões.

O petróleo voltou hoje ao foco do mercado, com o barril do Brent, referência para a matéria-prima em estado bruto, chegando ao final da tarde com alta de 3,81%, cotado a US$ 100,16 (R$ 511,05). Há 15 sessões diárias a mercadoria não encerrava o dia acima dos US$ 100.

Um posicionamento da Opep (cartel de países produtores) sobre a possibilidade de reduzir a produção para manter o preço acima dos US$ 90 foi o principal responsável pela valorização da commodity, segundo Vitor Carettoni, diretor da mesa de renda variável da Lifetime Investimentos.

Tensões envolvendo a oferta de energia na Europa em meio ao prolongamento da Guerra na Ucrânia, porém, também pressionam os preços do petróleo e derivados.

Nesta segunda-feira (22), os contratos futuros de gás natural atingiram o maior valor desde 2008. A alta é estimulada, principalmente, por preocupações de que o fechamento do gasoduto Nord Stream pela Rússia, que alega necessidade de manutenção.

Os preços do minério de ferro e do aço na China também subiram. Com a economia desacelerando devido às crises no setor imobiliário e da Covid, Pequim decidiu cortar taxas de empréstimos. Isso impulsionou o sentimento do mercado sobre um potencial aumento da demanda por aço para a construção civil.

Além disso, a longa onda de calor e a seca no gigante asiático representam uma "séria ameaça" às safras de outono do país, o que pode direcionar Pequim a comprar mais de países exportadores, como o Brasil.

Dados divulgados nesta terça sobre a atividade empresarial dos Estados Unidos deram indícios de desaceleração da economia americana também beneficiaram mercados emergentes.

Investidores desembarcavam da segurança dos ativos ligados à divisa americana após sinais de que os juros de referência no país podem subir menos do que o esperado.

A atividade de negócios no setor privado recuou pelo segundo mês consecutivo em agosto, para o nível mais fraco em 18 meses, com particular piora no setor de serviços.

Essa informação sinaliza para o mercado que a inflação histórica no país pode estar perdendo fôlego. Isso diminuiria a pressão sobre o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) quanto à necessidade de novas elevações agressivas em sua taxa de juros.

Na sexta-feira (26), o presidente do Fed, Jerome Powell, participará da conferência anual de bancos centrais em Jackson Hole, no Wyoming (EUA). O simpósio costuma dar as diretrizes da política monetária mundial.

Caso Powell faça um discurso abertamente favorável a um rigoroso aperto ao crédito, os mercados de ações e até mesmo a renda fixa de países emergentes podem sofrer perdas devido à migração de investidores para o Tesouro dos Estados Unidos.

Na Bolsa de Nova York, o indicador parâmetro S&P 500 fechou em queda de 0,22%, enquanto o índice focado em empresas de grande valor, o Dow Jones, perdeu 0,47%.

Com Reuters

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