Leilão do Maksoud tem lote de poltronas arrematado por R$ 95 mil

Venda pública de bens e móveis foi definida em plano de recuperação judicial do grupo

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São Paulo

O primeiro leilão de mobiliário do hotel Maksoud Plaza, realizado nesta segunda-feira (22), teve um lote com 143 poltronas floridas arrematado por R$ 95.476,40, o maior valor pago entre as opções disponíveis até as 23h. A disputa, que começou com um valor inicial de R$ 4.976,40, foi encerrada após 68 propostas.

As rodadas do certame começaram às 10h e ao todo 161 lotes de produtos diversos foram colocados à venda por meio da FCR Leilões. As vendas começaram por lotes com cadeiras, poltronas, armários, frigobares, cafeteiras, uma adega climatizada e itens diversos para cozinhas profissionais: batedeiras, cortadores de frios, forno e máquina seladora.

Os primeiros lotes arrematados foram concluídos com ágio favorável ao Maksoud. Um lote de 101 cadeiras para eventos, cujo lance inicial era de R$ 3.807,70, foi finalizado por R$ 47.407,70 depois de 47 lances. Mas também houve lotes em que a venda foi concluída pelo valor inicial oferecido.

No início da tarde, começavam as rodadas dos lotes de frigobares. O número de produtos em cada rodada varia. Havia alguns como 20 frigobares e lance inicial de R$ 1.740, e outro com 47 unidades, e lance inicial de R$ 4.089, vendido por R$ 18.029 após 23 lances.

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O prédio em que o hotel funcionou foi arrematado por acionistas do grupo logístico JSL em 2011 - Tuca Vieira-22.mai.14/Folhapress


A relação de móveis colocados à venda corresponde à dimensão do Maksoud Plaza quando ainda estava aberto. São 796 espelhos, 700 camas e 565 colchões do hotel. As mesas de cabeceira de madeira típicas de hotéis, com tomada e lâmpada, chegam a 624 em apenas um lote, cujo lance inicial era de R$ 4.524.

A venda pública de bens móveis foi definida no plano de recuperação judicial do grupo e está sendo realizada de maneira virtual.

O hotel Maksoud Plaza funcionava em um prédio de 22 andares em uma região nobre do bairro Bela Vista, em São Paulo, próximo à avenida Paulista. Foi considerado, por muitos anos, um ícone da hotelaria –tinha 372 quartos e 44 suítes principais.

O grupo pediu recuperação judicial em setembro de 2020 e fechou as portas no dia 7 de dezembro de 2021, pegando de surpresa hóspedes, funcionários e herdeiros de Henry Maksoud, fundador do grupo.

Quem arrematar algum lote do leilão do Maksoud terá 24 horas para fazer o pagamento, e 48 horas para retirar o que comprou. Quem fizer um lance e acabar desistindo da compra ficará sujeito à multa de 30% do valor da proposta.

O dinheiro arrecadado pelo leilão de mobiliário, descontados 5% que serão pagos ao leiloeiro, será usado para o fluxo de caixa do grupo, segundo o plano de reestruturação definido na recuperação judicial.

A recuperação judicial do Maksoud Plaza aprovou a realização de outros leilões, como o de apartamentos, terrenos e parte de edifícios comerciais que integravam o patrimônio do grupo.

O prédio onde funcionava o hotel já havia sido arrematado em um leilão judicial decorrente da execução de uma ação trabalhista. Um novo leilão ainda deverá ser marcado para a venda das obras de arte que decoravam o hotel.

Maksoud viveu auge até os anos 1990

Inaugurado em 1979, o Maksoud Plaza viveu seu auge nos anos 1980 e 1990, quando era lembrado por ser tanto um ponto de encontro de artistas e boêmios, quanto por ser um centro gastronômico e cultural relevante. Os bares e restaurantes 24 horas combinavam com o imaginário de uma cidade que não dormia.

O 150Night Club recebeu, além de Sinatra, lendas do jazz e do blues como Etta James, Alberta Hunter, Bobby Short e Buddy Guy. No Trianon Piano Bar, os Peixoto, irmãos de Cauby, embalavam noites com um repertório de jazz e bossa nova.

No começo dos anos 2000, o brilho começou a esvanecer. A crise econômica da virada da década e a expansão da concorrência fizeram o Maksoud Plaza iniciar um ciclo de profunda crise. Em 2003, quando o hotel completava 25 anos, Henry Maksoud, seu fundador, se ressentia das dificuldades. "A indústria hoteleira está destroçada", disse à Folha, na época.


MOMENTOS DO MAKSOUD PLAZA

1979
Inauguração do hotel Maksoud Plaza

1981
Entre 13 e 16 de agosto, Frank Sinatra se hospeda no hotel e se apresenta no 150Night Club

1990
Ex-funcionário da Hidroservice entra com ação trabalhista para cobrar salário e reverter uma justa causa

1992
Em 9 de dezembro, o cantor Axl Rose, do Guns N'Roses, atirou do mezanino, na madrugada, uma cadeira em direção a repórteres que estavam no térreo

2008
Prédio do Maksoud Plaza vai a leilão pela primeira vez, mas fracassa
Compradores desistem depois que liminar suspendeu os efeitos do leilão
O lance mínimo era de R$ 47,5 milhões, na época, cerca de R$ 104,2 milhões hoje

2011
Em novo leilão, o prédio foi arrematado pelo lance mínimo de R$ 70 milhões, cerca de R$ 153,6 milhões hoje

2013
Henry Maksoud se afasta da gestão do hotel, passando o comando ao neto

2014
Em 18 de abril, morre Henry Maksoud, vítima de parada cardíaca
Os filhos Claudio e Roberto contestam o testamento e começam a briga pelo espólio

2015
Buscando revitalizar-se, o hotel inaugurou o PanAm Club (em janeiro) e o Frank Bar (em abril)

2019
TST (Tribunal Superior do Trabalho) valida leilão do prédio do hotel

2020
Sob o impacto da pandemia, o grupo pede recuperação judicial no dia 21 de setembro
A relação de credores das empresas do grupo tem nove páginas
Apenas em dívidas trabalhistas são 359 pessoas para quem o grupo deve dinheiro

2021
Em 7 de dezembro, o hotel fecha as portas, pegando funcionários e hóspedes de surpresa

Colaborou Natalie Vanz

Erramos: o texto foi alterado

O leilão tinha 161 lotes à venda, e não 182, como afirmava a versão anterior deste texto, já corrigido.
 

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