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Lula prefere ouvir empresários a falar durante jantar com PIB em SP

Abilio Diniz, Benjamin Steinbruch e Flávio Rocha estavam entre os presentes

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São Paulo

Líder nas pesquisas, o candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, se encontrou na noite desta terça-feira (27) com empresários do Grupo Esfera Brasil, que reúne nomes de vários setores. O jantar, que marca o último grande encontro do tipo antes do primeiro turno, ocorreu na casa do fundador do grupo, João Camargo, no Morumbi (zona sul de São Paulo).

Lula fez uma fala inicial de cerca de dois minutos e abriu o espaço para perguntas, preferindo ouvir os presentes. Ele foi seguido por falas de cinco minutos de Abilio Diniz (Península Participações), de André Esteves (pelo setor de bancos), de Fábio Ermirio de Moraes (pela indústria) e Luis Henrique Guimarães (em nome do agronegócio).

O ex-presidente ouviu as colocações dos empresários por cerca de 20 minutos. O petista depois discursou por cerca de 40 minutos.

Lula disse que queria mais uma chance para reconstruir o país. "Lulinha paz e amor e Alckmin estão de volta", disse. Nesse momento, foi bastante aplaudido.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante encontro com personalidades da sociedade civil no Hotel Gran Mercure, no bairro do Ibirapuera, zona sul da capital - Jardiel Carvalho - 27.set.2022/Folhapress

Entre os presentes, estavam o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Josué Gomes, Benjamin Steinbruch, da CSN, e Flávio Rocha, da Riachuelo.

Também compareceram Michael Klein, das Casas Bahia, Martha Leonardis, do BTG Pactual, Rubens Ometto, da Raízen, e Salo Seibel, da Léo Madeiras. O apresentador e empresário Roberto Justus e Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Conselho de Administração do Bradesco também estavam presentes.

O Esfera já havia promovido encontros com outros candidatos, como o presidente Jair Bolsonaro (PL), mas o evento com o presidente tinha limitação de público.

Segundo os organizadores, participaram ao todo 137 empresários do jantar com Lula, sendo o maior encontro já promovido pelo grupo.

Ao abordar a autonomia do Banco Central, outro assunto que vem levantando perguntas no empresariado, Lula disse que o atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, não tem mais independência do que Henrique Meirelles tinha quando ocupou o posto em seu governo.

O petista propôs um compromisso triplo para que o combate à inflação envolva também discussão sobre crescimento econômico e geração de emprego.

"Vocês brigaram muito para que o BC fosse independente, eu sinceramente não sei o que que muda com o Banco Central independente. Eu duvido que esse rapaz que está lá, que eu não o conheço, tivesse mais independência do que teve o Meirelles", afirmou o petista.

A diferença, disse Lula aos empresários, é que Meirelles participava de reuniões em que se discutiam outros interesses, como a geração de emprego e o poder de compra dos trabalhadores. O petista também defendeu que não basta controlar a inflação por meio dos juros.

Lula disse ainda que, se hipoteticamente indicasse o banqueiro André Esteves, do BTG, para o comando da autarquia, mesmo nessa situação daqui a dois anos só o controle da inflação por meio da taxa de juros não seria suficiente.

A forte chuva em São Paulo fez o candidato chegar com mais de uma hora de atraso ao evento, que estava previsto para durar até as 20h30, mas terminou por volta das 21h30. Lula saiu pouco antes das 22h.

Lula vem tentando construir pontes com o empresariado desde o início da campanha. Em diversos eventos, o ex-presidente teve como interlocutor seu candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB).

O encontro, às vésperas do primeiro turno, foi uma das principais iniciativas de diálogo entre o candidato petista e o empresariado.

Após o jantar, Alckmin disse à imprensa que Lula inverteu a ordem do dia e disse que queria ouvir os empresários do varejo, do setor financeiro, do comércio e do agronegócio.

"O presidente recuperou a memória de seus oito anos de governo, quando o país cresceu e também olhou para frente, citando a importância de fazer uma reforma tributária."

Ele também disse que o ex-presidente aproveitou para pedir votos aos empresários e não falou de uma possível revisão da reforma trabalhista.

Uma das preocupações dos empresários presentes no jantar era sentir a temperatura de um eventual novo governo Lula. Temas como uma possível revisão da reforma trabalhista também têm sido motivo de alerta.

Segundo o deputado e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT), o jantar coroa um ambiente que já vem sendo criado, de diálogo e planejamento conjunto.

"Questões que foram levantadas anteriormente, como a reforma trabalhista, já estão claras. O presidente Lula tem uma preocupação com as mulheres e trabalhadores por aplicativos, ele quer fazer isso em um espaço de diálogo, ele quer liderar um novo ciclo de crescimento, com responsabilidade fiscal e reconhecimento internacional."

No fim da tarde, antes da chegada do ex-presidente, um grupo de cerca de 25 militantes do PT se reuniu na entrada do condomínio, entoando palavras de apoio a Lula. Também foram ouvidos gritos de "Lula ladrão" de moradores de prédios vizinhos.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto, já corrigido, identificava incorretamente a executiva Martha Leonardis como Marta Cachola.

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