Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta terça-feira (20). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:
Entenda o projeto do 'Pix global'
Um sistema de pagamentos instantâneos entre países e diferentes moedas com o objetivo de diminuir os custos de transferências internacionais.
Essa é o projeto do Nexus --apelidado no Brasil de "Pix global"-- que é desenvolvido desde 2021 pelo BIS, o "banco central dos bancos centrais". O caminho pela frente, porém, é longo.
Entenda: a ideia é conectar os diferentes sistemas de pagamentos instantâneos dos países –hoje são 60– em uma única plataforma.
- O Nexus não necessariamente será gratuito, até porque muitas instituições têm custos com transações de câmbio e, nelas, também estão suas margens de lucros. Mas a ideia é que a competição e a facilidade ajudem a reduzir os custos atuais aos clientes.
Sim, mas…Há uma série de desafios ao modelo que hoje está em fase de protótipo.
- Além de tratar de diferentes moedas, cada país adota um tipo de infraestrutura tecnológica e formas de comunicação em seu sistema de pagamentos. A primeira barreira está em encontrar um denominador comum para todos eles.
- Essa é uma das prioridades do projeto-piloto que está sendo desenvolvido entre as plataformas de Singapura, Malásia e da zona do euro em um ambiente de teste.
- Outro desafio mapeado deve ser conciliar as diferentes políticas de privacidade de dados de cada país.
E o Brasil? Para Andrew McCormack, chefe do centro de inovação do BIS, o Pix estaria no topo da lista dos sistemas que poderiam se juntar ao Nexus na largada do modelo.
- O sistema entrou no gosto dos brasileiros e se tornou a forma de pagamento mais popular do país, superando desde o ano passado o volume de transações em cartões de crédito e débito.
Teles querem R$ 3,2 bi de volta da Oi
A Oi comunicou nesta segunda que as operadoras Claro, TIM e Telefônica Brasil (Vivo) pediram uma redução de R$ 3,2 bilhões no preço total da compra da Oi Móvel, que é de R$ 16,5 bilhões.
O que explica: as teles argumentam que uma análise da consultoria KPMG, contratada por elas, identificou divergências em premissas e critérios de cálculo, que envolvem ajustes de capital de giro e de dívida líquida, obrigações de investimentos, entre outros.
- Na prática, a Oi teria que devolver R$ 1,74 bilhão, porque TIM, Claro e Vivo já tinham retido um valor para potenciais ajustes. Eles ainda pedem mais R$ 353 milhões em indenizações.
- A Oi, que tem 30 dias úteis para apresentar seus argumentos, disse que discorda do valor alegado pelas rivais e afirmou que os ajustes apresentam "erros procedimentais e técnicos", com "equívocos na metodologia, nos critérios, nas premissas e na abordagem adotada".
- Caso as operadoras não cheguem a um acordo de "boa-fé", o ajuste pode ser determinado por uma auditoria independente. As ações da Oi fecharam o dia em forte queda de 11,32%, cotadas a R$ 0,47.
Relembre: a compra das redes móveis da Oi pelas rivais TIM, Vivo e Claro, acertada em 2020, teve o aval das autoridades neste ano após uma disputa acirrada no Cade.
- A TIM é a que vai desembolsar mais grana e ficar com a maior fatia de clientes, seguida de Vivo e Claro. Veja aqui como fica a divisão.
Bolsa sobe e dólar cai em dia de apoio de Meirelles a Lula
O dólar começou esta segunda (19) em alta, mas fechou em queda de 1,82%, a R$ 5,16, em dia de apoio do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles à candidatura do ex-presidente Lula (PT) e em semana de decisões sobre juros no Brasil e nos EUA.
O Ibovespa teve um dia positivo e saltou 2,33%, aos 111.823 pontos.
O que explica:
Atuação do BC: apesar de o mercado estar dividido sobre se o Banco Central elevará a Selic em 0,25 ponto ou manterá em 13,75% ao ano na quarta (21), predomina a avaliação de que o país está conseguindo controlar a inflação sem sufocar a economia.
- Enquanto o Brasil se aproxima do fim do ciclo de alta, nos EUA a situação é oposta e o Fed corre atrás da inflação com doses elevadas de juros.
Lula-Meirelles: o sinal de apoio do presidente do BC no governo Lula foi visto por parte do mercado como uma mensagem de previsibilidade na condução econômica em um eventual mandato petista.
- Meirelles disse à Folha que seu apoio depende de que Lula mantenha a direção das propostas econômicas tomadas em seus mandatos anteriores.
China: a economista especialista em câmbio Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, discorda de que a queda do dólar e a alta da Bolsa tiveram influência do cenário interno. Ela atribui os resultados às medidas de estímulo dadas à economia chinesa.
- Vale, a segunda maior empresa da Bolsa e com desempenho bastante ligado ao que acontece na China, viu suas ações subirem 3,24%.
Lá fora: a cautela acerca da decisão do Fed na próxima quarta imperou. A dúvida é se o banco central americano irá aplicar nova alta de 0,75 ponto ou subir os juros em 1 ponto. Dow Jones (+0,64%), S&P 500 (+0,69%) e Nasdaq (+0,76%) fecharam em leve avanço.
Assinatura para ter o banco quente
O serviço por assinatura para aquecimento de bancos oferecido pela BMW na Coreia do Sul acirrou debates na indústria automotiva: até que ponto vale cobrar por produtos que já estão instalados no carro? E o quanto os nossos veículos podem ser controlados à distância?
Entenda: o sistema que deixa os assentos quentinhos já está instalado no carro, mas é necessário fazer o desbloqueio remoto de sua função, com um custo aproximado de R$ 100 por mês.
- Segundo a diretoria de comunicação da BMW, não há nenhum plano de cobrar pela ativação do sistema de aquecimento dos bancos de seus carros no Brasil.
O que explica: a ativação de funções mediante pagamento extra é comum em softwares, e a estratégia busca criar uma receita recorrente dos clientes.
- Nos carros, porém, especialistas alertam que ela pode gerar uma insatisfação do consumidor, que não está acostumado com essa prática.
Mais sobre indústria automotiva:
A Mercedes apresentou no Salão de Hannover, na Alemanha, seu modelo de caminhão elétrico com autonomia de até 500 quilômetros e capacidade para transportar 42 toneladas. O início da produção está previsto para 2024.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.