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Risco de recessão pesa para o humor dos mercados, com queda das Bolsas e alta do dólar

Dados de inflação nos EUA a serem divulgados na quinta são aguardados pelos investidores

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São Paulo

Em uma sessão marcada pela volatilidade elevada nos mercados nesta terça-feira (11), as Bolsas de Valores iniciaram o dia em queda, chegaram a ensaiar uma inversão para o campo positivo, mas se firmaram em desvalorização durante a tarde.

O risco de recessão nas grandes economias em 2023 em um cenário de alta dos juros para combater a inflação em escala global tem mantido o tom de cautela entre os investidores ao longo dos últimos dias.

Na Bolsa brasileira, o índice ações Ibovespa encerrou os negócios em baixa de 0,96%, aos 114.827 pontos.

Apesar da queda, as ações da Braskem se destacaram e dispararam mais de 20%, após notícia do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, indicar que a gestora de recursos Apollo aumentou a oferta para comprar a petroquímica.

Segundo as informações do jornal, a gestora teria aumentado a oferta inicial em 25%, aceitando pagar R$ 50 por ação, em um plano que também envolveria o fechamento do capital da empresa na Bolsa brasileira, com a posterior reabertura na Bolsa de Nova York (Nyse).

Cédulas de US$ 100 enfileiradas
Cédulas de US$ 100 - Yuriko Nakao - 2.ago.2011/Reuters

No câmbio, o dólar, que já vinha em alta desde a manhã, acelerou o movimento frente ao real no período da tarde, e terminou o dia em alta de 1,54%, cotado a R$ 5,2710 para venda. Foi a maior alta da moeda desde 26 de setembro, no maior valor de fechamento desde o último dia 30, no pregão que antecedeu o primeiro turno das eleições.

Já a divulgação do IPCA sem trazer maiores surpresas, com uma nova deflação em setembro, não foi capaz de gerar uma queda nos contratos de juros futuros, que refletem as apostas dos agentes de mercado sobre o nível de juros a ser praticado no mercado nos próximos meses.

Com o predomínio da aversão ao risco entre os investidores, as taxas no mercado subiram, o que indica um aumento da probabilidade de serem necessários juros mais altos nos próximos meses para controlar a inflação —o contrato com vencimento em 2024 avançou de 12,71% para 12,80%, enquanto o título para 2027 subiu de 11,33% para 11,52%.

Nas Bolsas americanas, os principais índices acionários encerram o pregão em baixa, com queda de 0,65% do S&P 500 e de 1,10% do Nasdaq, em que se concentram as ações de empresas de tecnologia. Já o Dow Jones fechou perto da estabilidade, com leve alta de 0,12%.

Segundo os analistas da Guide Investimentos, os mercados nos Estados Unidos esboçaram uma recuperação após o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) divulgar um estudo em que as expectativas de inflação da autoridade monetária em uma janela de 12 meses à frente recuaram para 5,4%.

"Claro que está bem acima da meta de 2%, mas, desde junho, quando o indicador atingiu seu pico em 6,8%, ele recuou quase um ponto e meio", apontaram os analistas em relatório.

A melhora no desempenho das ações, no entanto, não durou muito tempo. Os índices voltaram ao campo negativo pouco depois da divulgação do Fed, na esteira de declarações do presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, de que o banco central britânico deve encerrar seu programa de apoio emergencial para o frágil mercado de títulos do país.

Segundo os analistas da Guide, já era de se esperar uma interrupção no programa de estímulo fiscal, uma vez que o Reino Unido vem lidando com uma forte alta da inflação, mas que "o mercado se viu surpreso com o encerramento tão repentino e rápido anunciado por Bailey."

Em um dia de agenda fraca de indicadores no exterior, a expectativa dos investidores também seguiu voltada para os dados de inflação nos Estados Unidos (CPI) a serem divulgados na quinta-feira (13), que podem reforçar a necessidade de mais aumentos dos juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano).

O dado de inflação americana a ser conhecido na quinta pode reforçar o temor dos investidores sobre o risco de um aperto monetário mais agressivo por parte do Fed, aumentando as chances de uma desaceleração aguda da economia dos Estados Unidos nos próximos meses, ou até de uma recessão.

O CEO do JP Morgan, Jamie Dimon, projetou que a economia americana provavelmente entrará em recessão no próximo ano e alertou que a desaceleração ameaça provocar "pânico" nos mercados de crédito e eliminar mais 20% do valor das ações americanas.

Em entrevista à CNBC na segunda-feira (10), Dimon citou o aumento das taxas de juros e a invasão da Ucrânia pela Rússia como fatores que alimentam o risco de uma desaceleração em 2023.

O início da temporada de balanços trimestrais das empresas americanas também impõe uma cautela maior entre os agentes de mercado, com o cenário de inflação e juros em alta podendo impactar os números a serem reportados nas próximas semanas.

"O fluxo de notícias também mantém viés negativo, com a Rússia prometendo novas investidas na Ucrânia, a imposição de novas sanções às produtoras de chips chinesas pelo governo americano derrubando ações na Ásia e a sustentação das incertezas em torno do futuro da saúde fiscal na Inglaterra", apontaram os analistas da Guide.

Eles acrescentaram ainda que, frente ao ambiente global permeado de incertezas, é natural a postura mais defensiva por parte dos investidores domésticos, até por causa do feriado no país nesta quarta-feira (12) em homenagem à Nossa Senhora Aparecida, que manterá os mercados fechados.

Sem a abertura dos mercados no Brasil, é comum que os investidores diminuam as posições de risco que mantêm em carteira, de modo a se resguardar de um eventual dia de aumento do nervosismo no exterior.

Com Reuters

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