Descrição de chapéu Financial Times Apple

Big techs perdem quase US$ 1 trilhão em semana brutal de resultados

Investidores assustados com temporada de balanços fracos e custos descontrolados nas maiores empresas digitais

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Richard Waters Hannah Murphy
San Francisco | Financial Times

Quase US$ 1 trilhão foram varridos do valor das maiores empresas de tecnologia dos Estados Unidos nesta semana, com o crescimento anterior paralisado por causa da desaceleração da economia global e das crescentes pressões de custos.

As perdas do mercado de ações se aceleraram na noite de quinta-feira (27), depois que a Amazon chocou Wall Street com uma previsão de receita fraca para seu importantíssimo quarto trimestre do ano, quando as compras de fim de ano normalmente animam suas receitas. A empresa americana de comércio eletrônico indicou que a receita no período provavelmente ficará US$ 15 bilhões abaixo dos US$ 155 bilhões que os analistas previam.

A notícia ampliou uma temporada de lucros surpreendentemente fraca dos grandes grupos digitais dos EUA, encerrando o aumento do crescimento durante a pandemia de coronavírus e acabando com as esperanças de que eles resistiriam à inflação e ao enfraquecimento do crescimento que estão atingindo a economia em geral.

Logos da Meta e do Google - Dado Ruvic - 2.nov.2021/Reuters

O maior perdedor no mercado de ações foi a Microsoft, com US$ 243 bilhões reduzidos de seu valor de mercado no final das negociações de quinta, depois de sinalizar no início da semana que o crescimento de seus negócios de computação em nuvem estava desacelerando mais rápido do que o esperado. A notícia aumentou os temores de que alguns dos negócios considerados mais resilientes em uma desaceleração, incluindo computação em nuvem e publicidade na busca do Google, estivessem começando a sofrer.

A previsão pessimista da Amazon estendeu o problema ao setor de comércio eletrônico e cortou mais de US$ 200 bilhões do valor de mercado das ações da empresa. Apenas a Apple conseguiu resistir ao desânimo, com notícias no final da quinta-feira de receitas e lucros acima das expectativas dos analistas, embora suas ações tenham caído ligeiramente enquanto os investidores esperavam nervosamente por uma previsão financeira no final do dia.

A controladora do Facebook, Meta, deu um dos maiores golpes na fé de Wall Street na resiliência das Big Tech na noite de quarta (26), quando relatou uma queda em suas margens de lucro devido à redução da receita de publicidade e aos custos crescentes.

Mark Zuckerberg enfrentou uma avalanche de perguntas de analistas de Wall Street sobre por que sua empresa planejava dobrar suas apostas em inteligência artificial e metaverso no próximo ano, apesar da erosão no negócio de publicidade e da falta de promessas claras sobre quando os enormes gastos seriam compensados.

Ecoando o clima cauteloso ao final de uma conturbada divulgação de resultados, Brent Thill, analista da Jefferies, disse: "Existem demasiadas apostas experimentais versus apostas comprovadas no núcleo".

Em nota aos investidores, analistas do Morgan Stanley acrescentaram que estavam rompendo com sua prática normal de não emitir rebaixamentos imediatos de ratings em reação a más notícias porque os planos de gastos da Meta eram um momento de "mudança de tese".

A perda de confiança de Wall Street na evolução da ideia do metaverso de Zuckerberg eliminou 24,6% das ações da Meta na quinta-feira em Nova York, cortando US$ 84,6 bilhões do valor de mercado de suas ações. Isso deixou as ações da Meta 74% abaixo do recorde que atingiram há 14 meses e prolongou uma queda de dois dias das big techs, que começou na terça-feira (25) com lucros fracos da Alphabet, empresa controladora do Google.

Os temores de que a big tech estivesse fazendo muito pouco para conter seus custos crescentes foram desencadeados quando a Alphabet disse que havia contratado quase 13 mil novos funcionários só nos últimos três meses, uma de suas maiores contratações de todos os tempos, apesar de uma recente comunicação interna do executivo-chefe, Sundar Pichai, para a empresa ser mais "focada" em seus gastos.

Assim como a Meta, o Google também disse que seus enormes gastos de capital continuariam, intensificando a corrida das maiores empresas de tecnologia para atender às crescentes demandas da IA.

Ao todo, Alphabet, Amazon, Apple, Meta e Microsoft perderam US$ 566 bilhões em valor de mercado na manhã de quinta, mas a queda se acelerou no final do dia, quando a previsão de receita da Amazon atingiu uma Wall Street já nervosa, elevando as perdas totais para US$ 954 bilhões. A queda deixou as cinco empresas com um valor combinado de US$ 6,25 trilhões.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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