Descrição de chapéu Folhainvest

Oi desaba na Bolsa após empresa aprovar grupamento de ações

Empresa busca levar ações para patamar acima de R$ 1; proporção ficou acima do esperado

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

As ações da empresa de telecomunicações Oi, em recuperação judicial desde 2016, desabaram na Bolsa nesta terça-feira (18), após o conselho de administração ter aprovado na véspera o grupamento dos papéis ordinários (com direito a voto) e preferenciais (que têm prioridade no recebimento de dividendos).

O grupamento é um processo no qual a empresa reduz o número de ações em circulação no mercado, reunindo uma determinada quantia de ações em uma só.

O objetivo é levar o valor das ações para um patamar acima de R$ 1, para cumprir exigência regulatória estabelecida pela B3, a Bolsa de Valores brasileira, que impede que as empresas tenham ações negociadas abaixo desse preço mínimo. A proposta ainda precisa ser aprovada em assembleia geral a ser realizada no dia 18 de novembro.

Logo da empresa de telefonia Oi em fachada de loja da companhia em São Paulo
Logo da empresa de telefonia Oi em fachada de loja da companhia em São Paulo - Paulo Whitaker - 18.jul.2018/Reuters

As ações da Oi são negociadas com valor abaixo de R$ 1 —as ordinárias encerraram o pregão desta terça-feira (18) cotadas a R$ 0,32, e as preferenciais valiam R$ 0,73. As duas registraram forte desvalorização nesta terça, de 11,1% e 9,9%, respectivamente.

No acumulado do ano, as ações ordinárias têm queda de aproximadamente 58%, enquanto as preferenciais recuam 42%.

O novo preço da ação ordinária, de maior liquidez, deve ficar ao redor de R$ 16 após a conclusão do grupamento, enquanto a da preferencial deverá ser de R$ 36,50, estima o analista Gabriel Gracia, da Guide Investimentos.

De acordo com o anúncio da empresa, o grupamento das ações será na proporção de 50 para 1 —com isso, 50 ações ordinárias (OIBR3) e 50 ações preferenciais (OIBR4) serão transformadas em uma ação cada. Dessa forma, o capital social da Oi passará a ser dividido por cerca de 132 milhões de ações, e não mais 6,6 bilhões de ações.

"O desdobramento sinalizou para o mercado que a empresa não vê o valor das ações ultrapassando a marca de R$ 1 no curto prazo, valor necessário para atender as normativas da B3 quanto ao preço mínimo por ação", diz Gracia.

"Os fundamentos seguem os mesmos, as finanças seguem as mesmas, as perspectivas seguem as mesmas", diz João Frota Salles, da Senso Investimentos. Contudo, o fator de grupamento de 50 para 1 talvez tenha assustado um pouco, já que ficou acima do que o mercado estava esperando, mas foi exagerada a queda, avalia Salles.

O analista da Guide explica ainda que, após o grupamento das ações, as eventuais frações resultantes do processo serão reagrupadas em números inteiros e vendidas na B3, com os valores disponibilizados de forma proporcional aos acionistas.

Além de adequar as cotações das ações da companhia às regras da Bolsa, "a implementação do grupamento viabilizará um mercado secundário mais saudável e justo, objetivo almejado pela própria regra da B3", informou a Oi no comunicado divulgado na segunda-feira (17).

A Oi se encontra no meio de uma disputa com TIM, Claro e Telefônica Brasil em um impasse que envolve ativos da empresa comprados pelas três em leilão no final de 2020 por cerca de R$ 16,5 bilhões.

As empresas discordaram sobre o valor final do negócio, com as compradoras pedindo para o valor da venda ser diminuído em R$ 3,2 bilhões por questões técnicas. O assunto será discutido entre as partes na Câmara de Arbitragem da B3.

A Oi entrou em recuperação judicial em 2016, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, depois de acumular uma dívida bruta de aproximadamente R$ 64 bilhões, com cerca de 55 mil credores.

Com Reuters

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.