Bancada ruralista pede desbloqueio das estradas

Interlocutores de Lula com agronegócio querem evitar confronto entre militância petista e bolsonarista

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Brasília

A bancada ruralista, que majoritariamente apoiou o presidente Jair Bolsonaro (PL), se posicionou contra o bloqueio de rodovias, protesto contra o resultado das eleições, que teve Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como vencedor na disputa pelo Planalto.

Parlamentares do agronegócio estão sendo pressionados por entidades do setor diante dos prejuízos causados pela manifestação de bolsonaristas. A maior reclamação é com a dificuldade de escoamento da produção, além do aumento do custo dos produtos.

A Frente Parlamentar da Agropecuária, nome do grupo que reúne quase 300 deputados e senadores ligados ao setor, cancelou uma reunião que estava marcada para esta terça-feira (1), em Brasília.

Manifestantes ateiam fogo para bloquear estrada em Várzea Grande, em Mato Grosso - Rogerio Florentino/Reuters

A maioria dos parlamentares não conseguiu embarcar para Brasília. O bloqueio nas estradas também tem afetado a locomoção de passageiros.

Inicialmente, o encontro da frente iria discutir o posicionamento da bancada com a eleição de Lula. A busca por uma solução para desbloquear as rodovias acabou ganhando prioridade no debate, mas o encontro sequer ocorreu.

"Fazemos um apelo para que as rodovias sejam liberadas para cargas vivas, ração, ambulâncias e outros produtos de primeira necessidade e/ou perecíveis", afirmou, em nota, a frente parlamentar.

Os ruralistas respeitam o direito à manifestação, mas ressaltaram que o bloqueio nas rodovias "impacta diretamente os consumidores brasileiros, no possível desabastecimento e em toda a cadeia produtiva rural do país".

Líderes da bancada esperam que um posicionamento do presidente Bolsonaro –ao reconhecer a derrota nas urnas– poderá acalmar a militância bolsonarista e, com isso, as estradas seriam desbloqueadas.

Aliados do presidente eleito Lula se reuniram com alguns integrantes da bancada ruralista nesta terça, e também afirmaram que vão atuar para evitar conflitos, apesar de criticarem o movimento bolsonarista.

"É a invasão tupiniquim do Capitólio. O grande responsável por isso é o presidente Bolsonaro. Ele precisa reconhecer o resultado das urnas", disse o empresário Carlos Augustin, um dos interlocutores de Lula com o agronegócio.

Augustin e o deputado Neri Geller (PP-MT), ex-ministro de Dilma Rousseff (PT), vão sugerir à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que Lula dê declarações para que a militância não entre em confronto e provocações do movimento bolsonarista.

"Não existe ninguém [na bancada ruralista] que apoie isso. Falei com deputados hoje e há uma decepção em relação a esse comportamento [do Bolsonaro]. Mas temos que entender que os deputados têm o eleitor nas costas. Então é muito difícil um deputado mudar de posicionamento em uma semana. Mas tenho certeza que, daqui a seis meses, isso será completamente diferente", afirmou Augustin.

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