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Bolsas caem após 'marola da direita' frustrar mercado nos EUA; Bradesco afunda

Investidores esperavam onda republicana, que não veio, para condução mais conservadora na economia

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São Paulo

A frustração de investidores internacionais com o desempenho abaixo do esperado do Partido Republicano nas eleições de meio de mandato provocou valorização global do dólar e tirou força dos mercados de ações, incluindo o brasileiro.

Em vez de uma onda vermelha (essa é a cor do partido que representa a direita nos EUA), o resultado apurado até esta quarta-feira (9) dava apenas ligeira vantagem republicana na Câmara e mantinha indefinido o controle do Senado.

A disputa acirrada pelo Congresso esfriou expectativas de participantes do mercado por uma condução mais conservadora na economia que, em tese, poderia limitar gastos públicos, sobretudo na área social, promovidos pelo presidente democrata Joe Biden.

Na Bolsa de Valores brasileira, o Ibovespa recuou 2,22%, aos 113.580 pontos. O tombo de quase 18% das ações do Bradesco, após um resultado trimestral que desapontou investidores, também contribuiu para o desempenho negativo do índice.

O banco sofreu a sua maior queda diária na Bolsa em mais de duas décadas e perdeu quase R$ 31 bilhões em valor de mercado nesta sessão.

No câmbio doméstico, o dólar comercial à vista fechou em alta de 0,66%, cotado a R$ 5,1840.

Placa de rua indica a Wall Street, onde fica a Bolsa de Nova York. Ao fundo, bandeiras dos Estados Unidos
Placa de rua indica a Wall Street, onde fica a Bolsa de Nova York. Ao fundo, bandeiras dos Estados Unidos - Mike Segar26.out.2020/Reuters

Nos Estados Unidos, o sentimento de aversão ao risco interrompeu uma sequência de três altas da Bolsa de Nova York e gerou maior procura por investimentos de renda fixa ligados ao Tesouro, o que consequentemente tornou o dólar mais caro no resto do mundo. O índice que compara a moeda americana a outras divisas subiu mais de 0,70%.

Parâmetro para o mercado acionário dos EUA, o indicador S&P 500 perdeu 2,08% nesta sessão. As ações da Walt Disney mergulharam 13%, o maior tombo desde setembro de 2001, devido ao balanço trimestral que desagradou investidores. Na contramão, as ações da Meta subiram 5,18% após a empresa dona do Facebook ter anunciado a demissão de mais de 11 mil trabalhadores.

Apesar dos impactos dos resultados empresariais nos mercados do Brasil e dos EUA, analistas apontaram a eleição americana como o evento com maior influência sobre os negócios nesta quarta.

"Com a apuração das eleições avançando nos EUA, o principal destaque é que não houve a esperada onda vermelha no Congresso", disse o economista Étore Sanchez, da Ativa Investimentos. "É inegável que algumas vitórias dos democratas foram relevantes."

"O mercado do Brasil operou bastante alinhado ao internacional", disse Luiz Souza, operador de renda variável da SVN Investimentos.

Também colaborou para a queda das ações a preocupação com a inflação ao consumidor americano de outubro, cujo índice será divulgado na manhã desta quinta-feira (11).

Analistas consultados pela Bloomberg indicaram que a alta dos preços acumulada em 12 meses será de 7,9%, abaixo dos 8,2% registrados no mês anterior.

É a necessidade de lidar com a maior inflação em 40 anos que vem forçando o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) a aplicar uma alta de juros histórica, principal causa para que a Bolsa americana já tenha recuado cerca de 20% neste ano.

Investidores locais também seguem acompanhando especulações sobre quem será o ministro da área econômica do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nesta terça-feira (8), a equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou que contará com os economistas Persio Arida e André Lara Resende. Financistas cobravam da nova gestão nomes técnicos e mais alinhados ao mercado.

Além de Arida e Resende, também farão parte da transição o economista Guilherme Mello, professor da Unicamp e ligado ao PT, e Nelson Barbosa, que foi ministro da Fazenda e do Planejamento no governo de Dilma Rousseff.

Com isso, há uma divisão da área entre dois economistas com histórico liberal (Arida e Resende) e dois representantes diretos do partido (Barbosa e Mello), que defendem a flexibilização do teto de gastos para atender demandas sociais.

Persio Arida chegou a ser citado entre os nomes considerados para assumir a economia. Ele é próximo de Alckmin, vice-presidente eleito e coordenador da transição.

O economista é um dos pais do Plano Real —medida que acabou com o cenário de hiperinflação nos anos 90, na transição dos governos Itamar Franco (1992-1994) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)— e declarou voto em Lula no segundo turno.

A perspectiva de inclusão do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega na transição, conforme adiantou o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), também gerou reclamações entre participantes do mercado.

Alguns disseram, porém, que a desconfiança pode ser amenizada caso o novo governo apresente um "waiver", que nesse contexto significa licença para gastar acima do teto de gastos, de R$ 170 bilhões, abaixo dos R$ 200 bilhões inicialmente estimados.

Lucro do Bradesco cai 23% no terceiro trimestre

O Bradesco teve uma queda surpreendente no lucro do terceiro trimestre. O resultado foi impactado pela rápida deterioração da carteira de crédito, que levou a instituição a aumentar as projeções de perdas esperadas com inadimplência.

O segundo maior banco privado do país divulgou nesta terça-feira (8) que seu lucro recorrente de julho a setembro somou R$ 5,22 bilhões, uma queda de 22,8% ante mesmo período de 2021.

O número veio muito abaixo da previsão de analistas consultados pela Refinitiv, que previam R$ 6,76 bilhões.

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