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Saída de 1.200 funcionários coloca Twitter de Musk em xeque

Bilionário pediu informações sobre sistemas da empresa após demissões em massa nas equipes de infraestrutura

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Ryan Mac Mike Isaac Kellen Browning
The New York Times

Elon Musk enviou uma enxurrada de e-mails aos funcionários do Twitter na manhã desta sexta-feira (18) com um apelo.

"Qualquer um que realmente programe software, por favor, apresente-se no 10º andar às 14h hoje", escreveu ele em uma mensagem de dois parágrafos, que foi vista pelo The New York Times. "Obrigado, Elon."

Cerca de 30 minutos depois, Musk enviou outro e-mail dizendo que queria aprender sobre a "pilha de tecnologia" do Twitter, termo usado para descrever o software de uma empresa e os sistemas relacionados. Então, em outro e-mail, ele pediu que algumas pessoas voassem até a sede do Twitter em San Francisco para se encontrarem pessoalmente.

Crise no Twitter se acentua após mais de 1.200 funcionários deixarem a empresa no último dia - Dado Ruvic/Reuters

O Twitter vacila na borda do precipício enquanto Musk refaz a empresa depois de comprá-la por US$ 44 bilhões no mês passado. O bilionário pressionou incansavelmente para deixar sua marca na plataforma de rede social, cortando 50% de sua força de trabalho, demitindo dissidentes, buscando novos produtos de assinatura e transmitindo uma mensagem dura de que a empresa precisa se moldar ou enfrentará a falência.

Agora a questão é se Musk, 51, foi longe demais. Na quinta (17), centenas de funcionários do Twitter renunciaram em massa depois que o CEO lhes deu um prazo para decidir se saíam ou ficavam. Tantos empregados optaram por sair que os usuários do Twitter começaram a questionar se o site sobreviveria, tuitando mensagens de despedida do serviço e transformando hashtags como #TwitterMigration e #TwitterTakeover em "trending topics".

Algumas estimativas internas mostraram que pelo menos 1.200 funcionários em tempo integral pediram demissão na quinta, segundo três pessoas próximas da empresa. O Twitter tinha 7.500 funcionários em tempo integral no final de outubro, número que caiu para cerca de 3.700 após demissões em massa no início deste mês.

É provável que o número de funcionários permaneça fluido enquanto a poeira se assenta, com muita confusão sobre quem está mantendo o registro dos trabalhadores e executando outros sistemas no local de trabalho. Alguns funcionários que pediram demissão disseram que estavam se separando da empresa desconectando-se do e-mail e saindo do sistema interno de mensagens Slack, porque os representantes de recursos humanos não estavam disponíveis.

Musk e representantes do Twitter não responderam a pedidos de comentários.

Mas o bilionário tuitou na sexta-feira o que disse que seriam mudanças na política de conteúdo do Twitter. Tuítes de ódio não serão mais promovidos por algoritmos nos feeds dos usuários, disse ele, mas não serão retirados. Ele também restabeleceu várias contas banidas anteriormente, incluindo as da comediante Kathy Griffin e do autor Jordan Peterson.

Talvez a questão mais crucial agora seja como o Twitter pode continuar funcionando após a gigantesca redução de sua força de trabalho em tão pouco tempo. Os cortes e demissões afetaram as equipes de tecnologia da empresa, disseram pessoas com conhecimento do assunto.

Uma equipe conhecida como Twitter Command Center, organização de 20 pessoas crucial para evitar interrupções e falhas de tecnologia durante eventos de alto tráfego, fez com que várias pessoas de todo o mundo se demitissem, disseram dois ex-funcionários. A equipe de "serviços centrais", que lida com a arquitetura de computação, foi reduzida de mais de cem pessoas para quatro. Outras equipes que lidam com como a mídia aparece nos tuítes ou como os perfis mostram a contagem de seguidores caíram para zero pessoas.

"Quarta-feira ofereceu uma saída limpa e 80% dos que restavam saíram", tuitou Peter Clowes, engenheiro de software sênior, na quinta-feira sobre as demissões de sua equipe. "3 de 75 engenheiros ficaram." Ele disse no Twitter que saiu na quinta.

O Twitter ainda está operando, mas pode ficar mais difícil para a empresa reparar problemas sérios quando eles surgirem, disseram ex-funcionários. Um ex-engenheiro do Twitter comparou o estado atual do serviço ao Coiote, personagem do desenho animado Perna Longa, enquanto ele corre na beira de um penhasco. Embora ainda possa estar correndo no ar por algum tempo, quando ele olha para baixo cai como uma pedra.

"Quanto maior e mais proeminente é uma plataforma, mais cuidado e alimentação são necessários para mantê-la funcionando e cumprir as expectativas dos usuários", disse Richard Forno, diretor assistente do Centro de Segurança Cibernética da Universidade de Maryland, em Baltimore. "É um grande desafio."

As reduções de funcionários coincidem com o Twitter entrando em um de seus períodos mais movimentados em termos de visitantes ao site. A Copa do Mundo, que começa no domingo, deve trazer um dilúvio de tráfego para o Twitter, que é o quarto site mais visitado do mundo, de acordo com a plataforma de inteligência digital Similarweb, que rastreia o tráfego na web. O Twitter recebe 6,9 bilhões de visitas por mês, um pouco mais do que os 6,4 bilhões do Instagram, embora muito menos do que Google, YouTube ou Facebook, de acordo com estimativas da Similarweb.

No Twitter na noite de quinta-feira, Musk expressou confiança de que o serviço funcionará bem.

"As melhores pessoas vão ficar, então não estou muito preocupado", tuitou.

A Fortune informou anteriormente que 1.000 a 1.200 funcionários do Twitter pediram demissão. The Information relatou alguns dos problemas de infraestrutura do Twitter. The Verge havia informado sobre saídas do Twitter Command Center.

Manter um site como o Twitter on-line é normalmente uma tarefa para engenheiros graduados, que devem se proteger constantemente de ataques cibernéticos e monitorar o tráfego da Web para garantir que os servidores não sejam sobrecarregados, disse Forno. Se muitos funcionários veteranos saírem, deixando o Twitter sem experiência ou equipe para monitorar ou corrigir problemas rapidamente, os problemas podem começar, disse ele.

Muitos problemas técnicos podem ser corrigidos remotamente, mas alguns podem exigir trabalhadores nos data centers do Twitter em todo o país, acrescentou Forno. Se os problemas não forem resolvidos, os usuários provavelmente não verão o site desaparecer de uma só vez, pelo menos no início. Mas as linhas do tempo podem começar a se atualizar mais lentamente, o site pode ter dificuldade para carregar e os usuários acharem o Twitter cheio de falhas.

"É como colocar um carro na estrada, pisar no acelerador e o motorista saltar para fora", disse ele. "Até onde ele irá antes de bater?".

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves.

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