Descrição de chapéu Financial Times

Goldman Sachs planeja demitir quase 4.000 funcionários para reduzir custos

David Solomon, CEO do banco, busca aumentar a lucratividade em meio a ventos econômicos contrários

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Brooke Masters Stephen Morris
Nova York e Londres | Financial Times

O Goldman Sachs está se preparando para demitir até 3.900 funcionários a partir de janeiro, pois seu executivo-chefe, David Solomon, tenta aumentar a lucratividade do banco em meio aos ventos econômicos adversos.

Os planos ainda estão sendo elaborados, e é possível que a meta atual de abate de "até 8%" de sua força de trabalho global de 49 mil seja reduzida se as perspectivas de negócios melhorarem, segundo três pessoas informadas sobre as discussões.

Wall Street está enfrentando uma redução acentuada na atividade de negociações e mercados de capitais após um 2021 pujante que resultou em amplo aumento de contratações e grandes bônus. As taxas de bancos de investimento caíram 35% no acumulado do ano, de acordo com dados da Refinitiv.

Logo do Goldman Sachs; em meio a crise, banco deve demitir milhares de funcionários - Andrew Kelly/Reuters

O Goldman sofre pressão especial para melhorar as margens porque Solomon está tentando melhorar a avaliação do banco no mercado de ações, que está atrás de pares como o Morgan Stanley há anos.

O banco anunciou uma grande reforma em outubro, que incluiu a fusão do banco de investimento e da divisão comercial, bem como uma retração do banco de varejo após as críticas dos investidores sobre suas perdas e custos crescentes.

Reduzir as despesas é essencial para o banco depois que o lucro líquido caiu 44% nos primeiros nove meses do ano, deixando-o aquém de sua meta crucial de retorno de 14% sobre o patrimônio líquido tangível, uma medida de lucratividade.

As ações caíram quase 10% este ano.

As discussões sobre cortes de empregos vão muito além da demissão anual dos piores desempenhos recém-estabelecida pelo banco, que foi interrompida por dois anos durante a pandemia. Elas foram relatadas pela primeira vez pela Semafor.

O Goldman se recusou a comentar, mas Solomon deu sinais dos próximos cortes na conferência de serviços financeiros do banco na semana passada.

"Continuamos vendo ventos contrários em nossas linhas de despesas, principalmente no curto prazo", disse ele. "Colocamos em ação certos planos de mitigação de despesas, mas levará algum tempo para perceber os benefícios. Por fim, permaneceremos ágeis e dimensionaremos a empresa para refletir o conjunto de oportunidades."

Uma pessoa familiarizada com os planos disse que os cortes serão distribuídos por diversas divisões, e não concentrados em uma unidade ou país. Os gerentes estão sendo solicitados a identificar o pessoal a ser demitido antes do final do ano.

O banco esteve numa onda de contratações, com o número de funcionários saltando de 38.300 no final de 2019 para 49.100 este ano.

O machado pode cair com mais força no ramo de varejo, onde pelo menos 400 cargos podem ser eliminados.

Uma investida no banco de varejo para o mercado de massa, uma grande mudança na mais conhecida empresa de negociação e consultoria de Wall Street, foi um pilar central da estratégia de Solomon para diversificar os ganhos e tornar o Goldman menos dependente dos lucros voláteis de seu banco de investimento.

No entanto, a oposição dos investidores à dispendiosa iniciativa de varejo forçou Solomon a se desculpar e reverter o curso há dois meses, deixando em questão o futuro da divisão em longo prazo.

O esforço de diversificação de Solomon agora se concentrará na gestão de ativos e patrimônio e transações bancárias.

O Goldman também planeja cortar custos reduzindo salários. No início desta semana, o Financial Times informou que o banco se prepara para cortar o pool de bônus para seus 3.000 banqueiros de investimento em 40% ou mais, a maior queda desde a crise financeira de 2008.

Os pagamentos anuais para os cerca de 400 sócios do Goldman poderão cair ainda mais, com alguns enfrentando quedas de 50%, já que o banco prioriza aumentos para funcionários juniores que são promovidos.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves.

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