Josué Gomes, da Fiesp, convoca assembleia para janeiro

Plenária foi pedida por sindicatos insatisfeitos, que chegaram a convocar encontro para o dia 21

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São Paulo

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Josué Gomes, publicou nesta quinta-feira (15) a convocação de uma assembleia geral extraordinária para o dia 16 de janeiro.

A plenária foi solicitada por um grupo de sindicatos insatisfeitos com sua gestão à frente da entidade. O primeiro pedido, feito em outubro, foi recusado por Josué. O grupo ainda fez o detalhamento de motivos pelos quais entendia ser necessária a convocação e encaminhou novo pedido.

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Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp - Governo do Estado de São Paulo - 05.mai.2022

Como a Folha antecipou, os sindicatos queriam a realização da assembleia ainda neste ano, mas pessoas próximas ao presidente da Fiesp apostavam que a convocação sairia apenas em janeiro, uma vez que a federação já iniciava a pausa de fim de ano.

No último domingo (11), o grupo de 80 sindicatos publicou um edital marcando a assembleia que pode terminar com a destituição de Josué Gomes para o dia 21 de dezembro. Eles defendem que o estatuto da Fiesp prevê a possibilidade de "autoconvocação".

Nesta quinta, representantes dos sindicatos insatisfeitos já discutiam o que fazer diante da convocação pelo presidente, mas ainda não havia uma decisão tomada.

No edital assinado por Josué, ele informa aos delegados representantes (nomes indicados pelos sindicatos filiados) que pretende tratar de duas questões na assembleia de janeiro. A primeira são os pontos apontados pelos sindicatos no pedido de plenária, e a segunda, o exercício do "direito a ampla defesa e contraditório" do presidente da entidade em relação às queixas dos filiados.

Josué Gomes listou, no edital, os 12 questionamentos enviados pelos sindicatos à presidência da Fiesp em 18 de novembro.

Manifesto pela democracia, artigo na Folha e espaço em conselhos

O detalhamento dos motivos pelos quais os sindicatos entendiam que o presidente devia convocar a assembleia permitem entender as fontes de insatisfações do grupo. Essa relação de questionamentos foi encaminhada porque Josué, no início de novembro, disse, ao recusar o pedido de plenária, que os motivos precisavam ser claros e pormenorizados.

Em um dos itens, os sindicatos insatisfeitos questionam as razões pelas quais a Fiesp publicou o manifesto pela democracia. O texto das entidades foi divulgado alguns dias antes do ato de 11 de agosto, na Faculdade de Direito da USP, e foi referendado por apenas 13,7% dos sindicatos filiados à Fiesp.

"Queira esclarecer se os sindicatos filiados foram consultados quanto ao conteúdo do texto publicado pela Fiesp e se tiveram a oportunidade de debater e deliberar sobre o tema", escrevem, e também pedem que ele diga se o texto foi discutido pela diretoria "uma vez que o tal ato indicou um claro posicionamento político da entidade e que, pelo momento, teria ganhado contorno de posicionamento político e institucional."

Em outro ponto, o grupo pede que justifique um artigo publicado na Folha em março, no qual escreveu considerar que a arbitragem comercial enfrentava grave crise de confiabilidade. Para os sindicatos, o conteúdo do texto de opinião assinado por Josué desprestigia a Câmara de Arbitragem da Fiesp.

Os sindicatos também pedem que ele faça uma relação de visitas presenciais em Brasília (DF) para discutir questões importantes para a indústria junto ao Legislativo federal e detalhe o número de entrevistas concedidas em prol da defesa do setor.

Segundo o edital publicado nesta quinta, os sindicatos também pedem que Josué Gomes explique as atividades exercidas por algumas pessoas em órgãos ligados à Fiesp, como é o caso do Sesi e Senai.

A composição dos departamentos e conselhos, apontados por aliados e opositores como uma fonte de tensão entre os sindicatos e Josué, também aparece no detalhamento do pedido. Eles pedem que o presidente da entidade justifique a participação ou ausência dos sindicatos nesses espaços.

Josué Gomes é presidente da Coteminas e assumiu a Fiesp no início de 2022 para um mandato de quatro anos, sucedendo Paulo Skaf, que ficou 17 anos no comando da entidade. O atual presidente concorreu em chapa única, apoiado pelo antecessor, que agora é visto como articulador do levante contra Josué.

Representantes de sindicatos que assinaram os pedidos de assembleia dizem, sob anonimato, que Skaf foi procurado por dirigentes depois que algumas reuniões já haviam sido realizadas. Ele teria participado de encontro com os insatisfeitos, mas não teria encabeçado o movimento.

Na quarta (14), ele esteve com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de quem é amigo, e foi convidado a assumir a pasta da Indústria (que deverá ser recriada sob a sigla MDIC, de Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). Ele pediu tempo para responder. Se assumir o ministério, é possível que a pressão sobre ele perda força, até porque teria de se afastar da presidência.

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