Descrição de chapéu Financial Times

Presidente da aérea KLM incentiva viagens de trem para reduzir emissões de carbono

Marjan Rintel diz que colaboração é necessária e transporte ferroviário não deve ser visto como concorrente

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Robert Wright Peggy Hollinger
Londres | Financial Times

A executiva-chefe da companhia aérea KLM incentivou os passageiros a usar trens em vez de aviões em algumas viagens curtas, para ajudar a reduzir as emissões de carbono, dizendo que o setor aéreo deve deixar de ver o transporte ferroviário como um concorrente.

"Se [você] tem uma boa alternativa, realmente deve usá-la", disse Marjan Rintel em entrevista ao Financial Times. "Se você está empenhado em atingir suas metas de sustentabilidade, o trem não é um concorrente. Nós precisamos trabalhar juntos."

Ela também disse que usou o trem quando viajou de Amsterdã, onde fica a sede da KLM, para a sede da controladora Air France-KLM, em Paris.

Aviões da KLM estacionados no aeroporto de Amsterdã - Piroschka van de Wouw/Reuters

Os governos nacionais da Europa têm tomado medidas para colocar as pessoas em trens de alta velocidade, em vez de voos de curta distância, para reduzir o custo do carbono dos voos.

A Air France, transportadora francesa que pertence à mesma holding que a KLM, parou de voar rotas domésticas onde existem alternativas ferroviárias ou rodoviárias que levam menos de duas horas e meia em 2020, como parte das medidas acordadas com o governo francês em troca de ajuda durante a pandemia de Covid-19.

Parlamentares franceses posteriormente aprovaram um projeto de lei formalizando a proibição de voos curtos, medida aprovada pela União Europeia na semana passada. Efetivamente, no entanto, as mudanças afetam apenas três rotas partindo de Paris, com voos de conexão, por exemplo, isentos.

Em junho, o governo holandês anunciou planos para reduzir os voos do aeroporto de Schiphol em mais de 10%, para 440 mil por ano. A mudança provavelmente causará uma redução acentuada dos voos de curta distância partindo de Schiphol e poderá frear o crescimento futuro da companhia aérea nacional, KLM.

Rintel disse que a KLM, em resposta, já reservou assentos no serviço ferroviário que liga Amsterdã a Bruxelas e Paris, e pediu à empresa "que desenvolva relacionamentos com as ferrovias holandesas para ver o que podemos fazer em curto prazo para motivar nossos clientes a irem de trem para Bruxelas ou Paris".

A KLM também está tentando facilitar a compra de passagens aéreas e de trem em uma única reserva e está em negociações com companhias ferroviárias da Holanda e da França para facilitar as transferências, disse Rintel.

Os serviços de bagagem podem ser integrados, permitindo que os clientes deixem a bagagem no aeroporto e a recolham no final de uma viagem de trem, por exemplo. "Como cliente, você sempre olha para o destino final... então devemos oferecer um produto como este", disse ela.

Rintel trabalhou durante seis anos para a Nederlandse Spoorwegen (NS), operadora ferroviária estatal da Holanda, e foi diretora-executiva do grupo por quase dois anos antes de partir para a KLM, em julho deste ano.

No entanto, ela não demonstrou interesse em se envolver diretamente na operação de serviços ferroviários e disse que a companhia aérea trabalharia com a NS e o Eurostar Group, proprietário do serviço Eurostar que cruza o Canal da Mancha e do serviço Thalys, que liga a França, Bélgica, Alemanha e Holanda.

Rintel assumiu a chefia após um período de relações tensas entre a KLM e sua controladora. Desempenhos variados entre as companhias aéreas causaram tensões quando o executivo-chefe do grupo, Ben Smith, procurou obter benefícios de uma cooperação mais estreita. As tensões culminaram na decisão do governo holandês de assumir uma participação de 14% na Air France-KLM em 2019, para proteger os interesses da KLM.

Rintel disse que a estabilidade das operações era sua prioridade depois que o caos nos aeroportos neste verão forçou as companhias aéreas a reduzir substancialmente o número de voos para lidar com os longos atrasos.

"Além disso, construir relacionamentos" com as partes interessadas, incluindo o governo holandês, era uma prioridade. "O inimigo não está no grupo. Haverá consolidação em toda a Europa. Estaremos em novos tempos excepcionais e precisamos ser fortes juntos", disse ela.

A companhia aérea ameaçou entrar com uma ação legal pelos cortes em Schiphol, mas Rintel disse que isso ainda não foi decidido. "Temos reivindicações em cima da mesa. Meu primeiro objetivo é que Schiphol forneça a capacidade de que precisamos."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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