O empresário José Seripieri Filho, fundador da Qualicorp e dono da QSaúde, foi um dos empresários presentes na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Amigo pessoal de Lula, Seripieri é dono do jatinho usado pelo petista para viajar ao Egito, para a COP27, e a Portugal em novembro.
Também estiveram presentes o presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e os dirigentes de diversas entidades empresariais, como Isaac Sidney Ferreira, da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Robson Braga, da CNI (confederação Nacional da indústria), e Clésio Andrade, da CNT (Confederação Nacional do Transporte).
Segundo a assessoria da posse, entre os convidados também estava Marília Andrade, filha de um dos fundadores da construtora Andrade Gutierrez e mãe da cineasta Petra Costa, do documentário Democracia em Vertigem.
Outra presença foi a do empresário argentino José Luís Manzano, que já atuou na política, sócio do segundo maior grupo multimídia de seu país, o Grupo América, e que negócios em setores de energia, vinho e vestuário.
Trabuco se declarou otimista quanto à nova administração na economia. "Novo governo é renovação e esperança. Este está começando hoje e vamos aguardar as primeiras medidas", afirmou Trabuco.
O representante da Febraban, por sua vez, disse que uma das prioridades da entidade é defender uma reforma tributária que torne o sistema menos dispendioso e complexo.
"Vamos continuar trabalhando para que não haja aumento do custo para o crédito", afirmou.
Ferreira afirmou que as primeiras declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), sinalizam que o novo governo vai se empenhar em promover o equilíbrio fiscal.
"Não enxergo outra direção que não seja o controle das contas públicas, e ele [Haddad] passa a mensagem de que fará controle dos gastos."
Boa parte do setor empresarial se mostrava resistente ao PT e preferia uma terceira via como alternativa ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Lula. A reaproximação do partido com os empresários foi intensificada no segundo semestre de 2022.
Ocorreram jantares com empresários que são referências e ajudaram a fortalecer a imagem de Lula no setor produtivo, como Abilio Diniz, presidente do conselho de administração da Península Participações e membro dos conselhos do Grupo Carrefour e do Carrefour Brasil.
Alguns eventos para estreitar relações com o empresariado também foram organizados pelo grupo Esfera, um think tank criado com a proposta de promover o diálogo entre empresas e governos, e que tem entre os sócios BTG, Cosan, MRV Engenharia e Hapvida.
Chegaram a participar antigos aliados do bolsonarismo, como Flavio Rocha, controlador da Riachuelo, e Eugênio Mattar, sócio-fundador da Localiza, irmão do ex-secretário de Desestatização, Salim Mattar. Presenças como essa sinalizaram que a resistência de alguns setores ao PT podia ser vencida.
Atrair nomes de peso da área empresarial para apoiar o governo também fazer parte da estratégia para fortalecer o novo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o chamado Conselhão. Lançado no primeiro governo Lula, o grupo reunia diferentes setores, como empresários e sindicalistas, para discutir e sugerir medidas para o desenvolvimento, e será reconstituído no Lula 3.
A tarefa de formatar esse novo Conselhão foi entregue ao secretário de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que durante a campanha atuou na articulação para estreitar as relações de Lula com empresários paulistas.
Como parte da proposta de Lula para a economia em seu terceiro mandato é desenvolver políticas públicas para promover a reindustrialização do Brasil, Lula tentou colocar um empresário comando o MDIC (Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). No entanto, não foi bem-sucedido.
Inicialmente, convidou Josué Gomes, que comanda o grupo têxtil Coteminas e é presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). No entanto, ele declinou, alegando que não tinha como se afastar de sua empresa no momento. Josué é filho de José Alencar, que foi vice de Lula em 2002 e faleceu em 2011.
Lula também ofereceu o posto a Pedro Wongtschowski, presidente do conselho de administração do grupo Ultra, que atua em energia e saúde. O empresário, que apoiou Simone Tebet (MDB-MS) no primeiro turno, também alegou dificuldades para se afastar dos negócios.
A pasta, então, ficou sob o comando do vice-presidente Geraldo Alckmin.
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