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Tirar período sabático do trabalho pode trazer consequências imprevisíveis

Pessoas que tiram uma grande pausa podem voltar com surpresas para colegas e chefes

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Pilita Clark
Financial Times

O que o novo diretor financeiro do HSBC tem em comum com um dos maiores escritores policiais do mundo e um bilionário magnata da tecnologia do Vale do Silício?

A resposta não é óbvia, porque cada um é membro de um clube incomum. Todos eles tiraram licença sabática de um trabalho corporativo invejável e voltaram para se encontrar no caminho de um sucesso maior e mais ousado.

A história de Georges Elhedery é a mais surpreendente. Ele tinha quase 40 anos e era codiretor de banco de investimento no HSBC em janeiro, quando anunciou que tiraria seis meses de folga para "desenvolvimento pessoal". Foi uma decisão rara para qualquer pessoa no mundo implacável do banco de investimentos, especialmente um banqueiro sênior. E também foi raro o que aconteceu depois.

Georges Elhedery, diretor financeiro do HSBC, foi promovido ao cargo após seis meses de sabático - Tom Arnold - 7.ago.2017/Reuters

Quando Elhedery voltou, tendo aprendido um pouco de mandarim, foi promovido a diretor financeiro, medida que o tornou candidato ao cargo máximo de executivo-chefe.

Aqui estão duas lições importantes, começando com a ideia de que um ano sabático é um suicídio profissional, porque quem o tira fica visivelmente menos comprometido com sua carreira.

Elhedery mostra o contrário, o que leva a uma segunda lição: cuidado para não falar mal de um colega que aparentemente está indo para o esquecimento profissional com uma licença prolongada. Você pode encontrá-lo firmemente de volta ao escritório –e como seu chefe.

Diferentes conclusões podem ser tiradas de outros membros do sobrecarregado clube sabático. Antes de se tornar um escritor policial norueguês best-seller, Jo Nesbø estudou para ser analista financeiro e foi contratado por uma importante corretora, a DNB Markets, para construir sua divisão de opções.

Ele também tocava guitarra em uma banda à noite, e depois de um ano estava tão esgotado que disse ao chefe e à banda que precisava de seis meses de folga. "Peguei um avião para a Austrália, para ficar o mais longe possível da Noruega", escreveu ele certa vez.

No longo voo de Oslo para Sydney, Nesbø criou um enredo para um romance sobre um detetive imperfeito, mas simpático, chamado Harry Hole. Quando voltou para casa, havia quase terminado o primeiro do que se tornaria o imensamente popular thriller de Harry Hole, e estava a caminho de se tornar um fenômeno editorial de milhões de dólares.

Carolina Daffara

A história de Nesbø oferece uma lição diferente sobre licenças sabáticas: elas nem sempre produzem um trabalhador bronzeado e descansado, motivado a dedica r anos de trabalho mais leal. Às vezes elas produzem um concorrente, como Marc Benioff, cofundador da empresa de software Salesforce.

Benioff ganhava um salário multimilionário no que ele descreveu em um livro de memórias como "o melhor trabalho que eu poderia ter imaginado", na potência do software Oracle, quando mergulhou em um profundo mal-estar. Quando contou a seu chefe, Larry Ellison, cofundador da Oracle, o homem mais velho lhe disse para tirar uma licença de três meses. Benioff foi para a Índia, encontrou a orientação de um "santo dos abraços" e começou a pensar em abrir seu próprio negócio de software. Dois anos depois, ele deixou a Oracle e montou a Salesforce, provocando uma rivalidade às vezes tensa com Ellison.

O que tudo isso demonstra? Por um lado, suposições fáceis muitas vezes estão erradas na vida corporativa, assim como em grande parte da vida em geral. O desejo de descansar de anos de trabalho incansável é intenso em muitas pessoas, incluindo aquelas que não desejam parar ou relaxar.

Da mesma forma, as licenças sabáticas não garantem automaticamente lealdade à empresa. Sua popularidade vai inspirar comprometimento em muitos trabalhadores, embora a pesquisa mostre que os efeitos animadores de seis meses de folga podem desaparecer logo após o retorno ao trabalho. Mas é improvável que pessoas como Benioff e Nesbø sejam mantidas no lugar pela atração de uma longa pausa, não importa o quanto a desejem no momento.

Em última análise, porém, se você trabalha para uma empresa que oferece uma licença sabática, você é extremamente afortunado, especialmente nos Estados Unidos. Apenas 5% dos empregadores ofereceram licença sabática remunerada em 2019, de acordo com uma pesquisa da Society for Human Resource Management com seus membros nos Estados Unidos. Um pouco melhor, 11% tinham um programa sabático não remunerado.

Para a maioria das pessoas, esse tipo de licença é precioso, então agarre-a se puder, mesmo que ela não produza tudo o que você, seus colegas ou chefes esperam.

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